Capítulo Extra: 2 - Parte 2

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Ao desparecer no corredor que levava ao quarto de Rhaenyra, Alicent apressou os passos para chegar em seu quarto sem ser vista, ou pelo menos, sem ser vista pela maioria das pessoas. Ela conseguiu chegar ao local e dispensou os guardas que ficavam em sua porta. Apesar de relutantes, os homens precisaram seguir o comando da rainha.

Ela segurou o vestido firme em suas mãos novamente e o estendeu na frente de seu corpo, mirando de longe o espelho que ficava ao fundo do comodo. Ela sentiu o perfume que exalava do tecido e em sua cabeça passava milhares de pensamentos. Alicent desejava não apenas o vestido, mas desejava ser a princesa Rhaenyra.

Não pela linhagem de sangue, montaria de dragão ou por ser o deleite do reino, mas para conseguir finalmente ter os olhos de Baelon voltados para ela. Apesar de ter começado apenas como um amor bobo entre amigos de infância que se perdurou até a adolescência, Alicent desenvolveu uma obsessão profunda pelo príncipe.

Não apenas o homem perfeito ou o amor ideal, mas o príncipe também simbolizava o controle de Alicent sobre a própria vida. Casar com o homem que amava poderia indicar várias regalias que Otto Hightower iria adorar, é claro, mas também significava que a vida que ela teria escolhido.

Seus milhares de pensamentos foram interrompidos quando alguém bateu na porta. A jovem rainha jogou o vestido sobre a cama e virou-se em direção à entrada, ordenando que a pessoa entrasse.

Uma jovem serva passou pela porta e abaixou a cabeça ao falar diretamente com a rainha.

— O rei deseja a sua presença nos aposentos reais, minha rainha.

A rainha fez um gesto com a cabeça e passou pela serva sem responder em palavras. Ela se dirigiu aos aposentos reais, apesar de está simplesmente sem a menor vontade de estar na presença do legítimo marido.

Ao passar pela porta, Viserys indicou com a mão para Alicent se deitar ao seu lado da cama. O rei estava com um sorriso. A rainha Alicent já sabia o que passava na cabeça do rei, por isso, ela permaneceu em pé na porta e não obedeceu ao comando silencioso do marido.

— Se você não se importar, meu rei, eu gostaria de retornar aos meus aposentos.

Viserys permaneceu em silêncio por alguns segundos a encarando antes de perguntar.

— Algum motivo específico para tal desejo?

— Eu não me sinto bem. Me sinto um pouco enjoada.

— Você acha que um bebê pode está vindo a caminho? — Ele fez uma pequena pausa — Não deseja garantir que um bebê venha o mais rápido possível?

Alicent estava se sentindo até um pouco enjoada, em nenhum momento ela desejava se deitar com ele, jamais era aquilo que ela queria.

— Gostaria realmente de retornar ao meu quarto.

— Por acaso você está fugindo de mim e das suas obrigações? — A voz do rei estava um pouco alterada.

— Eu só gostaria de voltar ao meu quarto, por favor.

Viserys parecia irritado, sentou-se na cama e virou o rosto para o outro lado. Ele fez um gesto com a mão indicando que ela poderia sair, mas Alicent sabia que ele estava estressado.

A jovem Hightower não se sentia muito bem, ela voltou ao quarto e sentou-se na cama por alguns momentos encarando o espelho. Durante um surto de sentimentos, ela pegou um pequeno frasco que estava jogado na mesa perto da janela e escondeu dentro do seu vestido, em seguida ela segurou sua jarra de vinho juntamente com dois copos e saiu em passos apressados do seu quarto.

***

O príncipe Baelon estava em seu quarto lendo algumas escrituras enquanto permanecia deitado em sua cama. Ele ouviu algumas batidas na porta e pediu para que a pessoa ali entrasse. Para a surpresa do jovem, a Rainha Alicent adentrou.

— Minha rainha, posso ajudar você em alguma coisa?

— Sim... Eu preciso de um amigo Baelon, por favor.

— O que foi houve Alicent, algo aconteceu?

Ele se levantou e caminhou até ela. Alicent levantou ambas as mãos que estavam segurando uma jarra de vinho e dois copos dando a entender que gostaria de beber com ele. Baelon tinha uma profunda empatia por Alicent, eles tinham sido bons amigos e realmente muito próximos por toda sua infância e adolescência, mas ele sabia que permitir que ela ficasse ali era um grande erro.

— Eu sinto muito, mas não podemos fazer isso. Não é correto você está aqui no meu quarto depois da hora da coruja. 

— Por favor, Baelon... Eu não tenho mais nenhum amigo.

O príncipe suspirou profundo, e assentiu com a cabeça. Ele iria tomar apenas duas taças com Alicent, e depois a conduziria ao quarto dela. Era um plano ideal e não iria machucar ninguém.

A rainha ficou muito feliz quando o jovem Targaryen aceitou beber com ela, seu sorriso era largo e logo ela se sentou na mesa que ficava próxima da cama dele, e começou a servir algumas taças de vinhos para os dois.

Os assuntos não fluíam tão bem quanto Alicent esperava, Baelon parecia constantemente desconfortável com a situação. Ela então olhou por cima do ombro do príncipe e viu um arco que ela não havia visto antes e viu aquilo como a oportunidade perfeita para uma nova conversa.

— Aquele é o seu arco novo? — Ela indagou servindo mais uma taça para ele — Eu não havia visto antes.

— Sim, eu pedi para que escupissem a cabeça de um falcão branco na extremidade.

— A símbolo da Casa Arryn?

— Um jeito de materializar minha mãe perto de mim.

Um silêncio se instaurou por alguns segundos até algo estalar na cabeça de Alicent.

— Você se importa de buscá-lo para que eu veja mais detalhadamente? Eu realmente achei muito bonito.

O príncipe assentiu com a cabeça e se levantou para buscar o arco que se encontrava atrás dele. Quando ele virou-se de costas, foi o momento perfeito para Alicent derramar na taça dele um líquido presente em um pequeno frasco que estava escondido em seu vestido.

Quando Baelon se virou de volta, ela simplesmente fingiu que ainda estava prestando atenção no arco. O príncipe entregou para ela e ela analisou por apenas alguns segundos antes de devolver para as mãos dele.

— Bem... Eu sei que você está desconfortável com a situação, eu prometo que tomaremos apenas mais duas taças e eu irei embora. Tudo bem?

Ao ouvir aquilo, o herdeiro do trono virou o copo em sua boca e logo se serviu de mais uma taça. Apenas alguns segundos a voz de Alicent começou a parecer distante, ele começou a vê-la como uma névoa, sua visão estava ficando embaçada e foi quando ele quase caiu da cadeira, mas conseguiu se segurar.

— Desculp... Alicent... Eu não me sinto bem...

— Eu posso ajudá-lo a deitar na cama, se apoie em mim.

Alicent se levantou rapidamente da cadeira e serviu como apoio para o príncipe, o ajudando a andar poucos passos até chegar a sua cama. Ele despencou, deitando de barriga para cima, parecia totalmente confuso.

— Por favor, Alicent... Saia do meu quarto, eu não me encontro bem...

A rainha passou a mão suavemente sobre o rosto de Baelon depois dele dizer isso, ela aproximou o seu rosto do dele, ficou tão próxima que ela podia sentir a sua respiração. Quando os lábios dela estavam próximas o suficiente dos deles, o príncipe virou o rosto para o outro lado e a afastou com o braço.

— Alicent, saia agora... por favor...

A jovem respirou fundo e em passos largos deixou o quarto do príncipe. Seu coração estava acelerado o suficiente para a sua mente borbulhar enquanto se dirigia ao seu quarto. Ao passar pela porta, ela se sentou na cama e respirou fundo.

Ela sabia o que havia planejado, mas a sua coragem naquele momento estava quase esgotada. Então, ao olhar para frente e ver o vestido que Rhaenyra anterior tinha lhe entregado, a jovem encarou aquilo como um sinal, e decidiu continuar o que já havia começado.

Targaryen - The Winds Have ChangedOnde histórias criam vida. Descubra agora