Capítulo 1

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Instagram: @by.stercouple

Emanuelle 💗

📍Salvador, segunda-feira, 08:20.

Dezoito anos depois...

Eu nunca irei esquecer do terror que foi a minha festa de aniversário.

Por mais que eu tente não me culpar, é inevitável.

Fiquei sem chão quando soube que tinha perdido meus pais, foi a pior dor que eu já sentir em toda a minha vida.

Como se não fosse o suficiente, tive que lidar com a ausência do Veiga por dezoito anos.

Não foi fácil criar três crianças sozinhas, em outro estado, sem nenhuma rede de apoio.

Quando soube que o Veiga estava preso, fiquei mais aliviada, antes preso do que morto.

Aquela invasão não foi coincidência, tinha um x9 alí no morro, e adivinha? Um vapor do Veiga.

Óbvio que os fardados não iam perder a oportunidade de pegar os dois chefes das maiores favelas do Rio de Janeiro.

Na primeira vez que eu fui visitar o Veiga na prisão, eu só sabia chorar.

Não tinha ideia do que fazer, tinha perdido o rumo.

Ele mandou eu vir morar em Salvador, ficar longe do Rio até que ele conseguisse sair de lá.

Se alguém tentasse algo conta mim, ele não teria como me proteger, então, o mais longe do morro eu ficasse, melhor seria.

O Veiga mesmo preso, sempre teve contato com os nossos filhos, menos com a Lua.

Depois que ela competiu onze anos, ela não queria mais visitá-lo.

O Léo voltou a morar no Rio quando completou 18 anos, o Pablo está doido pra morar lá desde pirralho, mas estamos esperando o Veiga ser solto.

Daqui a uma semana ele estará livre, eu nunca vi uma semana demorar tanto pra passar, sério.

Ah, eu terminei os estudos e fiz faculdade de medicina, em homenagem a minha mãe.

Na real, eu nunca soube o que queria fazer da vida, mas depois que comecei a cursar medicina, eu sentir que eu estava no lugar certo.

Mãe sempre sentiu prazer em salvar vidas e é esse legado que eu quero levar comigo pra onde for, ajudar o máximo de pessoas possível.

Lua: Se a senhora quiser ir, vai sozinha, eu não vou. - Se jogou no sofá.

Manu: O plano sempre foi voltar pro Rio quando o seu pai fosse solto. - Ela revirou os olhos.

Ph: Mãe, não se preocupa, vai na frente, quando pai sair, a gente vai. - Sentou do lado de Lua.

Lua: Fale por você. - Colocou a almofada na cara.

Manu: Tu não vai querer ir? - Cruzei os braços.

Ph: Queria, mas não vou deixar essa mala sem alça sozinha. - Bateu na perna dela. - Confia em mim, qualquer coisa eu arrasto ela pelo os cabelos. - Piscou pra mim e eu revirei os olhos.

A FILHA DO CHEFE - o reencontro Onde histórias criam vida. Descubra agora