Capítulo 13

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Luana 🌜

Estava um clima muito tenso em casa, mas se eu não contasse agora, não teria coragem de contar outra hora.

Sentei na mesa pra almoçar e todo mundo começou a comer sem falar nada.

Lua: Mãe, me passa a pimenta, por favor? - Ela franziu a testa.

Manu: Desde quando você gosta de pimenta? - Estendeu o frasco.

Ignorei ela e coloquei um pouco de pimenta na minha comida, que pra acabar, ficou forte demais.

Minha boca começou arder pra caralho, então tomei um copo d'água.

Léo: Pra quê colocar se sabe que não aguenta? - Olhei feio pra ele.

Lua: Queria contar um negócio pra vocês... - Todo mundo me olhou.

Pai fez sinal com a cabeça pra eu falar.

Lua: Eu passei na federal... - Falei baixo.

Pablo: Sério? - Perguntou com a boca cheia de comida.

Lua: Sim... - Pai me olhou feio. - É em Salvador.

Veiga: Tu sabe que não vai, né? - Bebeu um pouco de refrigerante.

Manu: A gente já tinha conversado sobre isso. - Falou grossa.

Lua: Eu sei, mas...

Manu: Mas nada, Luana! - Bateu na mesa.

Lua: Eu não quero fazer faculdade numa universidade privada.

Manu: Por que não? Eu fiz, por que você não pode fazer? - Passei a mão no rosto.

Lua: Eu quero entrar na universidade por mérito próprio, não pelo o meu pai está bancando.

Veiga: Luana, vai pro seu quarto! - Falou sério e eu o ignorei.

Lua: Eu quero mostrar para as pessoas que eu mereci está lá... eu estudei! - Me levantei. - Vocês podem fazer o que quiserem, mas eu vou. - Pai se levantou.

Pablo: Tá, mas por que você não se inscreveu aqui no Rio? Tu passaria do mesmo jeito.

Veiga: Você não percebeu que isso tudo é planejado? Ela quer ir embora.

Lua: Não é isso, pai...

Veiga: Se você sair do Rio de Janeiro, pode esquecer que você tem pai. - Apontou o dedo na minha cara.

Léo: Ela já é maior de idade. - Se intrometeu.

Manu: Leonardo, fica na sua. - Fez sinal de "pare" com a mão.

Léo: Mas é a verdade, mãe. Deixa ela fazer o que acha melhor... eu sempre te apoiei, mas agora eu tenho que admitir que vocês estão errados. - Todos ficaram calados. - Luana tem o meu apoio. - Sentei na cadeira novamente e comecei a chorar.

Manu: Você sabe que não é seguro ela ficar lá sozinha.

Léo: Ela só vai no meio do ano, não é Luana? - Confirmei. - Então. Daqui pra lá a gente ver o que faz. - Saiu da cozinha.

Fui pro meu quarto chorando;

Deitei na cama e coloquei um travesseiro no rosto para abafar os meus gritos.

Me levantei quando sentir alguém pegando no meu pé; quando eu olho, era pai.

Ele sentou na cama e ficou olhando para o chão.

Veiga: Se eu pudesse voltar atrás, não faria um terço do que eu já fiz. - Deitei na cama e fiquei ouvindo, sem olhar pra ele. - Desculpa por não ser igual os pais das suas colegas do colégio... um pai presente, que não trafica, nao rouba... eu te entendo. Tudo que eu faço por você, é pelo o seu bem. Uma coisa era você está lá na Bahia com sua mãe e seus irmãos, outra coisa é está sozinha. Tô ligado que você se inscreveu lá pra sair do morro... se você não quer ficar, não vou insistir, mas saiba que o melhor lugar que um filho pode está, é ao lado dos pais. Eu vi os seus avós morrer na minha frente e eu não podia fazer nada. Quando sua mãe foi me visitar pela primeira vez no presídio, eu ouvir ela me perguntar por que eu não fiz alguma coisa, isso ficou martelando na minha cabeça por anos... e hoje, eu fiz uma promessa que nunca mais eu iria ver ela chorar por perder alguém daquela forma. Se você estiver decidida a ir, não irei mais te impedir , mas saiba que eu não vou está por perto para te proteger. - Eu fiquei ouvindo cada palavra sem o interromper.

Ele ficou uns cinco minutos sentado na cama em silêncio, talvez esperando que eu falasse alguma coisa, mas eu não falei nada, então ele saiu.

A FILHA DO CHEFE - o reencontro Onde histórias criam vida. Descubra agora