Psiquiatria por (des)amor

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— Vamos ser sinceros, você está escondendo pílulas embaixo do seu colchão velho, aproveitando aquele buraco feito pelo tempo que está cheio de ácaros e dores nas costas. Não vai sair daqui tão cedo se continuar vendendo alprazolam para os seus amigos de cela. - Jumpol comentava ao detento enquanto mordia a ponta de sua caneta e rodava em sua cadeira giratória.

— Mas eu... eu não estou escondendo nada, eu estou tomando. E não está sendo o suficiente, eu preciso de mais, entende? Não está sendo o suficiente. - Repetiu com os olhos esbugalhados.

— Ah, você precisa de mais? Por que não disse logo? A minha mãe trabalhava em vendas, ela me dizia que nunca é bom deixar um cliente esperando. Os seus devem estar loucos por um pouco mais de calmante. Vamos, seja sincero comigo...

— Eu só... - O homem de olheiras fundas oscilava seu olhar entre Jumpol e o outro indivíduo que anotava constantemente coisas em uma prancheta enquanto espirrava.

— O que foi? Está se sentindo tímido com o meu funcionário? Esse é Gun Atthaphan, não se preocupe, ele é uma estante que sabe guardar segredo.

O menor lançou um olhar afiado ao psiquiatra que continuava desafiando o homem algemado.

— Não é um pedido, P'Off, estão me mandando fazer isso. Me mandando distribuir as medicações, se eu não fizer eles vão...

— Te matar, te torturar, te comer... bom. Eu recomendo que pare de cuspir suas dosagens para que seja liberado logo desse inferno, mas se quiser passar o resto da sua vida aqui como um traficante de remédio psiquiátrico... - Off deslizou com sua cadeira para trás e abriu uma grande gaveta com a chave, recolhendo três caixas de alprazolam, jogando-as sobre a mesa: - Faça um bom negócio.

O homem sorriu com os olhos vidrados:
— Obrigado, obrigado!

Off sorriu forçado e apertou o botão vermelho em sua mesa, o detento foi retirado da sala em seguida.

— O que está fazendo? - O menor questionou-o com o cenho franzido.

— Eu? Estou trabalhando, e você?

— Está dando medicações para que o seu paciente as venda? Quer que ele fique aqui para sempre? Ou saía daqui direto para uma cadeia federal?

— Ele já está em uma cadeia. - Respondeu, estirando-se sobre a banco giratória enquanto rodava a caneta entre os dedos.

— Isso é antiético, está sabotando seus próprios pacientes.

— Alguém já disse que a sua aparência não é a das melhores para um presídio masculino?

— Do que você está falando agora?

— Não seja preso, você é bonito. Está tirando a atenção dos meus detentos.

— Está flertando comigo para mudar de assunto? - Gun franziu o cenho com uma expressão de repúdio.

— Não estou flertando com você, nem mudando de assunto. Eu não fiz nada, dei uma opção para ele.

— As pessoas que estão aqui, estão aqui porque não conseguem tomar decisões racionais, Khun Adulkittiporn.

O médico suspirou e segurou na braçadeira da cadeira de Atthaphan, aproximando-se dele à uma distância perigosa.
— As pessoas que estão aqui, estão aqui porque acharam que seria melhor do que a cadeia. A maioria finge estar doente, e acabam ficando doentes.

— Você sabe que não são todas assim. - O respondeu, sustentando seu olhar sem abalar-se com a aproximação.

— Qual é a sua formação, Khun Phunsawat?

Condenados - offgunOnde histórias criam vida. Descubra agora