You brought a fire to a world so cold
We're out of time on the highway to neverOcean Drive - Duke Dumont
CECILIA
O sol nascia aparecia tímido no céu e dava início a uma bela paisagem. Sentei-me na prancha deixando os pés pendurados e admirando a cena na minha frente. Olhei para o horizonte e consegui ver a pequena onda tímida que se formava, mas que com certeza ganharia força. Me debrucei na prancha e comecei a remar em braçadas longas a fim de alcançar a onda, e quando a senti crescer me equilibrei na prancha deslizando sobre as ondas, senti meu coração bater mais forte com a adrenalina de estar sobre as ondas.
Poucas coisas me faziam sentir viva
Surfar era uma delas.
Fiquei ali por mais alguns minutos, entre pausas e braçadas, ondas e mergulhos, até sentir o sol ficando mais forte, o que significava que deveria me aprontar para o trabalho. Fui em direção a areia da praia e corri para o restaurante à beira da praia.
Peguei minha mochila e comecei a tirar o macacão de surf, ficando apenas de biquíni. Tomei uma ducha rápida nos chuveiros que ficava próximo ao restaurante para os clientes limparem seus pés para retirar a areia caso os incomodassem.
Sim, era um restaurante a beira praia
Sim, muitos clientes odiavam o contato da areia, o que tornava irônico frequentar aquele tipo de estabelecimento.
Apesar de receber uma decoração simples e moderna, o restaurante do senhor Owen era muito frequentado por pessoas de alta classe. Afinal o restaurante era o melhor das marinas de Miami.
Comecei a trabalhar com o Senhor Owen a cerca de seis meses, quando pedi transferência do meu intercâmbio em Londres. Quando saí do Brasil para meu intercâmbio mal podia imaginar que sentiria tanta falta do clima tropical do Brasil, então ficar em Londres por dois anos me fez sofrer não só pelo frio, mas pela falta de ondas boas. Trabalhei um ano em Londres como garçonete em um café, o lugar era aconchegante e fez com que meus anos lá não fossem tão ruins. Mas todos os dias sentia os meus dias vazios por não estar em cima de uma prancha. Não sou nenhuma profissional, longe disso, só sou uma amante dos oceanos mesmo. Então quando conheci a Senhora Eleanor, uma senhora falante e calorosa e ela me contou sobre o restaurante de seu sobrinho, o Senhor Owen estar precisando de garçonetes, eu não pude conter minha empolgação. Contatei a agência responsável pelo meu intercâmbio e juntei todas minhas economias e me transferi para Miami. E agora posso dizer que me sinto mais eu mesma novamente.
Finalizei minha breve ducha e voltei para o estabelecimento, indo até o vestiário dos funcionários e colocando meu uniforme de pesca, uma camiseta de manga longa preta para proteger do sol, e uma macacão branco tão manchado que já estava amarelo. O único lado que eu odiava de trabalhar com o senhor Owen era ter que pescar pela manhã junto dele. Eu adorava a companhia dele, mas odiava pescar.
— Bom dia Maria - senhor Owen adentrou o vestiário. — Pronta para mais uma pescaria? Ouvi dizer que o mar está ótimo hoje
— Senhor Owen, me chama de Cecília - disse sorrindo mais uma vez implorando para que o senhor Holandês em minha frente chamasse pelo meu segundo nome, do qual eu me sentia mais confortável. — Estou pronta - enfiei as botas brancas em meu pé e abri minha mochila novamente retirando uma banana e logo em seguida tirando a casca e comendo.
— Ótimo, pode ir levando as coisas para o barco que já estou indo
Fui até a prateleira de iscas retirando um pote e pegando os baldes que utilizamos para pesca e caminhei pelo deck até o barco. O cais estava cheio, o que significava que teríamos muitos barcos e iates no mar a fora, o que significava também que logo o restaurante estaria cheio.
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CONDUÇÃO DO OCEANO | CHARLES LECLERC
Ficção AdolescenteCecília, uma jovem brasileira apaixonada por surf, embarca em uma jornada de intercâmbio em Miami, buscando novas experiências e desafios. Sua vida pacata ganha novas cores quando ela se depara com Charles Leclerc, um renomado piloto de Fórmula 1. O...