Capitulo 2

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I just can't take my eyes of you
Tell me anything you wanna do
I just can't take my eyes of you
Nothing I can do about it

EYES OF YOU - PRETTYMUCH

CECILIA

Como toda manhã me aprontei para minha corrida matinal até a praia. A brisa salgada acariciava meu rosto enquanto eu caminhava pela praia aproveitando aquelas poucas horas onde tinha a praia só para mim. Quando cheguei na praia aquela manhã para meu surfe matinal, notei que havia alguém na água naquele ponto onde eu costumava ficar. O que era novo pois geralmente eu era a única na praia às cinco da manhã. Curiosa me sentei na areia e observei a figura no horizonte que tentava pegar ondas mas falhava incessantemente.

Uma

Duas

Três

Sete vezes

A figura subia na prancha e era derrubado pelas ondas. Uma risada escapou dos meus lábios ao ver a determinação para subir na prancha novamente a cada queda. O mar parecia mais agitado que o normal e fez com que eu observava mais atentamente a figura no horizonte brigar com as ondas. E sempre que era derrubado voltava para superfície rapidamente, até que uma onda mais forte o derrubou novamente e ele desapareceu sob as águas...

Permaneci observando por alguns segundos na esperança de ver o corpo voltando à superfície, mas nada. Fiquei de pé e apertei os olhos para tentar ver mais a fundo.

Nada.

Ninguém.

Observei a prancha boiar na superfície. Senti minhas mãos suarem e meu coração acelerou.

Droga, o que aconteceu?

Sem pensar muito larguei minha bolsa e minha prancha e corri para o mar, nadei em braçadas largas até a prancha procurando em volta o corpo de minutos atrás. A corda que o prenderia havia se rompido. O mar ficava cada vez mais agitada, mergulhei com as mãos para frente para sentir caso tocasse em algo. Mergulhei mais algumas vezes e logo senti algo atingir minha cintura, fui à superfície novamente para pegar fôlego e comecei a puxar o corpo que agora passava sobre minhas pernas.

Naquele momento não soube onde consegui reunir forças, mas dei tudo de mim para segurar o corpo do homem que estava desacordada. Segurei o corpo dele com força e tentei nadar para fora d'água enquanto tentava puxar seu corpo para superfície. Meu esforço era em vão. Respirei fundo e tentei não entrar em pânico, as ondas nos atingiam e nos arrastavam cada vez mais profundo. Comecei a cronometrar na cabeça o tempo que o rapaz estava em baixo d'água e que em poucos minutos eu poderia estar segurando apenas um cadáver. Olhei para o lado e vi sua prancha voltando para perto, a agarrei com força e me apoiei, subindo em cima dela, mas sem soltar os braços do homem. Me apoiei na prancha e comecei a puxar o homem para cima com toda minha força, deixei seu corpo cair sobre a prancha e pulei para o mar novamente.

Quando finalmente olhei para o rapaz desacordado sobre a prancha o pânico começou a tomar conta de mim.

Charles Leclerc estava desacordado sobre a prancha.

Tentei controlar meu pânico enquanto prendia a corda da prancha sobre meu pé e nadava segurando a mesma para que não virasse. Sentia meu peito pegar fogo e meu corpo ser tomado por dor. Remar contra a maré era algo doloroso e difícil.

Aumentei o ritmo das braçadas e fui chegando até onde meu pé tocava o chão, comecei a caminhar sobre a água puxando a prancha enquanto recuperava o fôlego. Sentia como se meu peito fosse explodir.

CONDUÇÃO DO OCEANO | CHARLES LECLERCOnde histórias criam vida. Descubra agora