Ricky
Acho que encarei meu celular por horas até conseguir responder Olivia, no fundo, eu estava aliviado por ela não aceitar meu convite, só de pensar na ideia minhas mãos chegavam a suar de nervosismo. Arthur entrou em minha sala, sem bater na porta, é eu já sabia qual era assunto, quando vi sua carranca.
— Por que você não apareceu?
— Eu estava em um, call com aquele cliente indiano, demorou mais do pensei — Arthur negou om a cabeça.
— Você acha que sou um velho, que não sei o que acontecesse na minha empresa? — Perguntou colocando as mãos na cintura. — Eu sei que não tinha um, call ontem. — Afirmou. — Ah e da próxima vez que pensar em mentir diga a sua amiga Emma que não poste uma foto com você, ou você também acha que não sei acessar o Instagram?
Merda! Que porra de foto era essa?
Fiz uma nota mental para ver depois.
— Certo eu não tinha mesmo.
— Estou esperando, vamos me diga por que não foi?
— Eu não estava pronto para falar com Oly, não naquele momento! — Contei a verdade esfregando a mão no cabelo. — Droga! Ficamos anos sem nos falar de verdade, não é tão fácil assim!
— E quando vai ser, Ricky? Quando ela partir de novo? — Jogou em minha cara.
— Você faz essa mesma cobrança com ela? — Questionei.
— Logico que não, Olivia, nem se quer, me contou que vocês não conversavam mais, ela prefere fingir que está tudo bem do que me falar as coisas. — Outra coisa que não sabia sobre Oly.
— Então que tal cobrar um pouco dela também? — Sugerir irritado, detestava ser cobrado de uma coisa que eu já sabia que tinha que fazer. — Olha, uma amizade funciona igual a um relacionamento, uma via de mão dupla! Não sou só eu que tenho que ir!
— Igual a um relacionamento? Serio? — Questionou. — Justo você que não namora mulher nenhuma quer usar essa comparação?
— Você entendeu perfeitamente o que eu quis dizer. — Me defendi. — Olha, mandei uma mensagem para Olivia e expliquei o que aconteceu...
— Corrigindo. Você mentiu! — Arthur sempre me tratou como seu filho, repreendendo quando estava errado, me defendendo quando estava certo e me parabenizando quando eu conquistava algo.
— Certo! Eu menti para o Oly também, satisfeito? O que importa é que ficamos combinados de nos ver na inauguração, até lá, eu vou ter tomado coragem.
— Assim eu espero, caso não consiga reunir coragem, vá para casa e vire uma garrafa de absolut, talvez isso te ajude.
— Ha ha, muito engraçado você. — Revirei os olhos. Fazia tanto tempo desdo episodio da absolut, mas eu me lembrava com clareza o que aconteceu naquela noite, eu era calouro na faculdade que queria parecer descolado, então quando um veterano idiota me desafiou a virar um litro de vodca de uma só vez, achei que aquele era o momento de provar que eu... também podia ser um idiota como ele. Só lembro de acorda no hospital tomando soro na veia e com o olhar severo de Arthur sobre mim. — Na sexta, eu vou estar lá! — Afirmei. — Agora se me der licença, eu tenho um contrato para negociar com os chineses, para sua empresa. Quando decidi quer queria cursar comercio exterior, eu tinha outra visão da profissão, achei que envolvia mais viagens e menos burocracia, mas com o tempo eu aprendi a gostar do que fazia, fora, os colegas que conhecia de outros países e as mil linguás que tive que aprender.
— E bom aparecer mesmo, caso o contrário contarei a Oly que você é o socio dela, não eu como ela pensa, e aí, sim, vai te quer encara-lá de frente. — Ameaçou, saindo da minha sala. Senti meu estomago doer, mas cedo ou mais tarde Olivia ia acabar descobrindo que seu socio era eu, usando o nome de seu pai, na hora pareceu uma boa ideia, já que eu acha que se usasse meu nome, ela jamais aceitaria minha ajuda e mais uma vez de alguma forma queria ajudá-la a construir esse sonho que ele tinha desde pequena.
Ainda me lembrava da vez que estávamos brincando de restaurante em seu jardim, Olivia tinha uma cozinha rosa e branca que era seu xodó e não deixava ninguém chegar perto. Nem eu. Naquela época nem sonhava tudo o que ia acontecer na minha vida dali em diante, mas Oly já planejava seu futuro.
— Eu vou ter um restaurante! — Afirmou sorrindo e eu concordei.
— Eu vou ser seu socio!
Quem diria que depois de anos essa brincadeira boba, viraria verdade. Balancei a cabeça. Não era hora de lembrar do passado, era hora de trabalhar.
Diferente do que achei, a ligação com os chineses foi tranquila, eles me enrolaram e eu fiz o mesmo com eles. Nenhum lado sairia ganhando hoje. Quando tive uma pequena brecha olhei a tal foto da Arthur comentou. Não acreditei no que vi e nem no que li na legenda.
A foto em questão era da noite anterior, eu olhava para o relógio, enquanto segurava meu copo de cerveja, mas o que me incomodou foi a legenda que dizia: "Olhando para o nada e pensando em mim!". Ah se Emma soubesse da verdade!
Revirei os olhos, era por isso que não gostava de sair com uma garota mais de duas vezes, elas interpretavam sinais a onde nem existiam. Como Emma, naquela noite meus pensamentos estavam bem longe dali e definitivamente não tinham nada a ver com ela. Mandei uma mensagem de texto no direct, pedindo que ela apagasse o post. Eu não tinha nada com ela e nem pretendia ter, para estar no seu feed como seu namorado. No fundo, eu meio que desconfiava que aquilo não tinha saído de sua cabeça e sim de Ashley, mas era melhor cortar o mal pela raiz de uma vez.
Antes de ir para casa depois do trabalho resolvi dar uma passada na obra do Hope, faltavam poucos ajustes, mas eu gostava de estar lá e ver a evolução, fora que ficava no caminho para minha casa. Ainda me lembro de como encontrei o lugar muito sem querer. Quando Arthur me contou e mostrou as referências que Olivia queria, pensamos que teríamos que começar uma estrutura do zero, mas um dia voltando para casa eu precisei fazer um desvio por ali, foi quando vi a viela e no final dela uma enorme placa de "aluga-se" sobre um prédio que era exatamente o que Oly pediu, eu sabia que ia ser ali, algo me dizia. Na semana seguinte, eu mesmo negociei com o proprietário o aluguel, as reformas, tudo o que envolvi o lugar, quando levei Arthur para conhecer o espaço uma semana depois, foi quando disse a ele que queria ser socio de Olivia e ele me questionou:
— Você quer isso mesmo, Ricky? É um investimento alto, que talvez nem de retorno, não sabemos como Oly ira se sair. — Ele sempre fazia isso, dúvida do potencial de Olivia, mas ela sempre provável o contrário.
— Quero! Eu tenho dinheiro o suficiente para o investimento e sei que Oly dará retorno logo.
— Por que está fazendo isso?
— Porque prometi a Oly a muito tempo atrás e eu não sou ele! Eu cumpro as minhas promessas. — Ele colocou a mão em meu ombro e sorriu.
— Olivia ficara feliz em saber disso, tenho certeza.
— Sobre isso... — Comecei a falar. — Prefiro que não conte a Olivia, não ainda, vamos deixar ela pensar que é você. — Pedi.
— O que está acontecendo? Por que me pediu isso?
— Oly e eu perdemos o contato, nos trocamos mensagens ocasionais, mas não é o mesmo de antes, é por isso que tenho medo, que ela possa negar a minha ajuda.
Arthur pareceu entender meu lado naquele dia, mas desde então a sua cobrança para que eu e Olivia voltássemos a nos falar foi triplicada! Não teve um dia nesses quatro meses, desde que ela anunciou a sua volta, que ele não perguntava "Já falou com Olivia?". Eu não sei quantas vezes enquanto pensava num plano ou pegava no celular para enviar um texto, para simplesmente essa situação acabar, mas toda vez eu terminava desistindo da ideia e deixando para depois.
Até que o depois chegou e eu não tinha feito nada!
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Hope: Aberto para se apaixonar | ** DEGUSTAÇÃO **
RomanceEnrique sempre acho que o amor tornava as pessoas frascas, cegas e elevavam a loucura, ele cresceu em um lar precário de carinho e afeto, onde presenciava cenas que nenhuma criança de 7 anos deveria presenciar nessa idade. Com o tempo ele fechou par...