capítulo 7|Lago da Lama

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   Aquele lugar fedia, o chão era coberto por vômito e atolava os atormentados até a cintura, uma espécie de escudo nos protegia da feroz tempestade de granizo e água suja

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   Aquele lugar fedia, o chão era coberto por vômito e atolava os atormentados até a cintura, uma espécie de escudo nos protegia da feroz tempestade de granizo e água suja. Satã me leva até uma pedra que fica a alguns metros do nojento fosso de dejetos. A chuva felizmente não atingia aquela parte, ele me coloca no chão.

– Aqui são condenados os gulosos, aqueles que tinham em vida o prazer de comer alegremente além dos limites
– não mentiu quando falou que era o mais nojento dos círculos
– eu nunca minto
Olho para cima, encarando seu rosto, levanto uma sobrancelha.
– Você é o pai da mentira
Ele revira os olhos
– Não sou o pai da mentira, vocês mortais me culpam pelo que fazem naturalmente, sempre tem que ter um culpado não é? Você me entende bem.
– O que quer dizer com isso?
– "não queria te trair, querida, eu juro ela me enfeitiçou" — ele diz com uma voz forçada — humanos nunca assumem a culpa, sempre a terceirizam para outras pessoas
A mais pura das verdades, sinto ser melhor me desapegar do que aprendi em terra sobre esse lugar e seu senhor, no pouco tempo que estou aqui já percebi que tudo é diferente.
Um grito agoniado faz meus ouvidos latejarem, me viro na direção do barulho e vejo um cão, gigante de três cabeças, que está devorando e pisoteando alguns espíritos.
– Ah, veja, esse é o meu cãozinho Cerberus, ele geralmente fica comigo, mas vês ou outra o trago para atormentar os pecadores
Tento me afastar com medo, mas a mão dele agarra minha cintura e Satã me empurra até o maldito cão.
– Não tenha medo, anjinho, ele é inofensivo
– ele não parece ser inofensivo!
Tento desviar de seu toque e falho miseravelmente. Ele me deixa de frente para o cachorro.
– Cerberus – o cão me olha com raiva pronto para me devorar se seu mestre ordenasse, eu seria como um pequeno palito de dente para ele, mas ele se acalma quando o dono começa a acariciá-lo. O cachorro se deita, se ignorar o fato dele ser uma besta gigantesca de três cabeças o cão realmente parece inofensivo – vem, faz carinho nele.

Me aproximo receosa tendo que obedecê-lo, estendo minha mão e deixo o cão me cheirar, fico minúscula perto dele. Cerberus abaixa a cabeça me surpreendendo e acaricio a cabeça central.
– Ele gostou de você, assim como eu
Sorrio, não pelas palavras do senhor das trevas, mas ter aquele cão tão monstruoso recebendo minhas carícias como se fosse um pequeno bichinho de estimação me deixava feliz.
– Inofensivo faz sentido agora. Ele não ira querer me matar mesmo quando você não estiver perto?
– Não, enquanto for minha protegida ninguém tentará te matar, caso se atrevam eu mesmo tirarei suas vidas

parece que as gemias demoníacas estavam certas, eu virei o brinquedinho favorito do diabo e ele acabaria com qualquer outra pessoa que queira me usar também.

Perante as trevasOnde histórias criam vida. Descubra agora