Continuei debaixo das cobertas, estava frio e a neve batendo na vidraça da janela me deixava sonolenta. Eu não queria levantar.
Até ouvir a majestosa voz que alegrava minhas manhãs com simpatia. A voz da minha mãe.
— Garota, desça logo! Já é hora de arrumar a mesa. - Ela disse do andar debaixo. Também havia murmurado mais reclamações que não me dei o trabalho de ouvir.
Sai de debaixo das três cobertas que usei aquela noite, coloquei os pés pra fora da cama enquanto me sentava. Pude ter a visão da fotografia na mesa de canto e do frio que minhas pernas desnudas foram obrigadas a sentir.
Rumo ao banheiro pude ver que era hora de arrumar meu quarto, Camilla sempre fazia isso por mim, eu realmente fiquei mal acostumada. Escovei os dentes, o cabelo e lavei meu rosto. Respirei fundo e abri a porta do quarto, a cada degrau eu sentia como se fosse um soldado indo para a guerra.
— Oh, já era hora Louise. Achei que tinha morrido naquele quarto imundo. - Ela disse olhando pra mim, que estava no fim da escada. - Vá, vá, pegue os pratos. A vizinha vem tomar café conosco e vai trazer a filha. Se comporte e aprenda uma coisa ou duas. - Disse antes de sair para trocar de roupa em seu quarto.
— Bom dia pra você também, mãe. - Eu disse para os fantasmas da casa.
Pus a mesa adicionado dois pratos a mais, mas o lugar dela ainda estava vazio. Ninguém se sentava ali.
Nisso, minha mãe me estava de volta a cozinha e pedi permissão para me retirar e trocar de roupa. Ela não se deu o trabalho de responder.Abri o guarda-roupa com cheiro de madeira e guardado, escolhi minha saia branca e uma blusa preta de mangas comprimidas. Coloquei o terço em meu pescoço junto das sapatilhas e desci as escadas.
Sentada vendo tv, esperei que a campainha tocasse para que eu pudesse receber as convidadas. A senhora Eleanor era querida, tinha os olhos azuis e cabelo acastanhado. Era magra e alta, tinha mãos lindas. Nunca tinha visto sua filha antes, parece que mudou-se recentemente para cidade já que morava com o pai. O ex marido da senhora Eleanor faleceu 2 semanas atrás, era um professor de universidade muito renomado. Minha mãe a convidou para mostrar algum apoio.
Mamãe podia ser cruel comigo, mas amava a comunidade como ninguém.
O relógio bateu 09h30 e a campainha tocou. Me levantei, ajeitei a saia e parti em
direção a porta.— Oh, querida Louise! Bom dia, como vai? - Disse ela com um largo sorriso.
— Eu vou muito bem, e a senhora? Vamos, entre. - Eu disse enquanto retirava as sacolas que ela havia trazido de suas mãos.
Enquanto pegava as compras me deparei com uma garota vindo em direção a porta. Ela tinha os cabelos marrom claro, ondulados, era branca como a luz. Seus olhos eram o castanho mais lindo que já vi. Alta, lábios grandes, bochechas rosadas e sardas.
— Se apresente querida! Minha filha se distraiu com um pássaro agora pouco, as vezes penso que ela não é desse mundo. - Eleanor disse para minha mãe, rindo e se dirigindo ao outro cômodo, me deixando sozinha com sua filha.
— Hm, olá... prazer. - Ela disse baixo, a voz dela era tão suave que quase me senti na primavera.
— Ah, oi, muito prazer. Sou a Louise. - Disse estendendo a mão pra ela.
— Sou Amélia... hm, precisa de ajuda com as compras? Minha mãe exagera as vezes. - Ela disse sorrindo um pouco, parecia mais confortável.
— Não irei negar a ajuda - Disse dando um riso singelo. - Como ele era?
— Perdão? Ele quem? - Ela me olhou confusa deixando as compras na bancada
— O pássaro. Como ele era?
Por um momento achei que ela não tinha me escutado ou não havia entendido a pergunta, mas então me respondeu.
— Ah - Ela riu sem jeito - Você prestou atenção nisso... Bom, era um beija-flor. Um beija-flor violeta. Acho que estava perdido, Não aparecem nesta estação do ano. E também não vejo muitas flores nesse bairro - Ela sorriu como se tivesse feito uma piada.
— Violeta? Uau. Nunca vi um pássaro violeta antes.
— Tecnicamente, eles tem uma aparência mais azulada do que qualquer outra coisa. Mas alguns tem partes dos corpo destacadas em viol- Oh, perdão, eu não devia falar tanto. - Ela se demonstrou sem jeito. - Gosto de animais que voam... Só isso.
— Oh meu deus, não, não! Eu estava realmente entretida hahaha. Acho que nunca conheci ninguém que gostasse de pássaros ou soubesse diferenciar um beija-flor.
— Bom, aqui estou - Ela disse enquanto ambas riamos.
— Aqui estão vocês! Venham, a comida está na mesa. Amélia, meu bem, tire o casaco, está dentro de casa.
Seguimos Sra. Eleanor até a sala de jantar, onde mamãe já estava sentada. Sentei-me a frente de Amélia. Ela sorriu.
— Bom, deem as mãos - Mamãe disse sorrindo
Ali, começamos a rezar antes da refeição e agradecer por ela. Amélia e eu nos olhávamos e tentávamos não rir, acho que nós daríamos bem.
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Alma Faminta
ChickLitLouise nunca foi amada do jeito que uma filha deveria ser, isso fez com que, desde cedo, sua alma almejasse por migalhas de afeto. Sua irmã mais velha, Camilla, era seu porto seguro, sua fortaleza. Era quem mais amava. Até que um dia, Camilla comet...