capítulo 4

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Continuei debaixo das cobertas, estava frio e a neve batendo na vidraça da janela me deixava sonolenta. Eu não queria levantar.

Até ouvir a majestosa voz que alegrava minhas manhãs com simpatia. A voz da minha mãe.

Garota, desça logo! Já é hora de arrumar a mesa. - Ela disse do andar debaixo. Também havia murmurado mais reclamações que não me dei o trabalho de ouvir.

Sai de debaixo das três cobertas que usei aquela noite, coloquei os pés pra fora da cama enquanto me sentava. Pude ter a visão da fotografia na mesa de canto e do frio que minhas pernas desnudas foram obrigadas a sentir.

Rumo ao banheiro pude ver que era hora de arrumar meu quarto, Camilla sempre fazia isso por mim, eu realmente fiquei mal acostumada. Escovei os dentes, o cabelo e lavei meu rosto. Respirei fundo e abri a porta do quarto, a cada degrau eu sentia como se fosse um soldado indo para a guerra.

Oh, já era hora Louise. Achei que tinha morrido naquele quarto imundo. - Ela disse olhando pra mim, que estava no fim da escada. - Vá, vá, pegue os pratos. A vizinha vem tomar café conosco e vai trazer a filha. Se comporte e aprenda uma coisa ou duas. - Disse antes de sair para trocar de roupa em seu quarto.

Bom dia pra você também, mãe. - Eu disse para os fantasmas da casa.

Pus a mesa adicionado dois pratos a mais, mas o lugar dela ainda estava vazio. Ninguém se sentava ali.
Nisso, minha mãe me estava de volta a cozinha e pedi permissão para me retirar e trocar de roupa. Ela não se deu o trabalho de responder.

Abri o guarda-roupa com cheiro de madeira e guardado, escolhi minha saia branca e uma blusa preta de mangas comprimidas. Coloquei o terço em meu pescoço junto das sapatilhas e desci as escadas.

Sentada vendo tv, esperei que a campainha tocasse para que eu pudesse receber as convidadas. A senhora Eleanor era querida, tinha os olhos azuis e cabelo acastanhado. Era magra e alta, tinha mãos lindas. Nunca tinha visto sua filha antes, parece que mudou-se recentemente para cidade já que morava com o pai. O ex marido da senhora Eleanor faleceu 2 semanas atrás, era um professor de universidade muito renomado. Minha mãe a convidou para mostrar algum apoio.

Mamãe podia ser cruel comigo, mas amava a comunidade como ninguém.

O relógio bateu 09h30 e a campainha tocou. Me levantei, ajeitei a saia e parti em
direção a porta.

Oh, querida Louise! Bom dia, como vai? - Disse ela com um largo sorriso.

Eu vou muito bem, e a senhora? Vamos, entre. - Eu disse enquanto retirava as sacolas que ela havia trazido de suas mãos.

Enquanto pegava as compras me deparei com uma garota vindo em direção a porta. Ela tinha os cabelos marrom claro, ondulados, era branca como a luz. Seus olhos eram o castanho mais lindo que já vi. Alta, lábios grandes, bochechas rosadas e sardas.

— Se apresente querida! Minha filha se distraiu com um pássaro agora pouco, as vezes penso que ela não é desse mundo. - Eleanor disse para minha mãe, rindo e se dirigindo ao outro cômodo, me deixando sozinha com sua filha.

Hm, olá... prazer. - Ela disse baixo, a voz dela era tão suave que quase me senti na primavera.

Ah, oi, muito prazer. Sou a Louise. - Disse estendendo a mão pra ela.

Sou Amélia... hm, precisa de ajuda com as compras? Minha mãe exagera as vezes. - Ela disse sorrindo um pouco, parecia mais confortável.

Não irei negar a ajuda - Disse dando um riso singelo. - Como ele era?

— Perdão? Ele quem? - Ela me olhou confusa deixando as compras na bancada

O pássaro. Como ele era?

Por um momento achei que ela não tinha me escutado ou não havia entendido a pergunta, mas então me respondeu.

Ah - Ela riu sem jeito - Você prestou atenção nisso... Bom, era um beija-flor. Um beija-flor violeta. Acho que estava perdido, Não aparecem nesta estação do ano. E também não vejo muitas flores nesse bairro - Ela sorriu como se tivesse feito uma piada.

Violeta? Uau. Nunca vi um pássaro violeta antes.

— Tecnicamente, eles tem uma aparência mais azulada do que qualquer outra coisa. Mas alguns tem partes dos corpo destacadas em viol- Oh, perdão, eu não devia falar tanto. - Ela se demonstrou sem jeito. - Gosto de animais que voam... Só isso.

— Oh meu deus, não, não! Eu estava realmente entretida hahaha. Acho que nunca conheci ninguém que gostasse de pássaros ou soubesse diferenciar um beija-flor.

— Bom, aqui estou - Ela disse enquanto ambas riamos.

Aqui estão vocês! Venham, a comida está na mesa. Amélia, meu bem, tire o casaco, está dentro de casa.

Seguimos Sra. Eleanor até a sala de jantar, onde mamãe já estava sentada. Sentei-me a frente de Amélia. Ela sorriu.

Bom, deem as mãos - Mamãe disse sorrindo

Ali, começamos a rezar antes da refeição e agradecer por ela. Amélia e eu nos olhávamos e tentávamos não rir, acho que nós daríamos bem.

Alma FamintaOnde histórias criam vida. Descubra agora