A grande verdade é que ninguém está isento de crescer, pode ser difícil aceitar, mas é isso. Todos nós iremos crescer e virar adultos, com Miguel não tinha como ser diferente.
Existe aquele ditado que "se boa criança é, bom adulto será"
Não é atoa q...
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------------------------------ Maio | 2024 21 anos atrás.
Eu nunca fui uma criança que ficava triste, eu não sentia que tinha motivos para isso, eu tinha pais incríveis que me amavam mesmo que trabalhassem muito, uma avó amorosa que fazia diversas comidinhas gostosas, como bolos, tortas e o meu favorito, arroz, feijão, bife e batata frita. Tinha um tio divertido e brincalhão que sempre me fazia rir.
Mas ainda assim, eu me lembro das vezes que fiquei triste.
A primeira foi quando minha mãe foi viajar para a Copa do Mundo de 2022 e eu fiquei me questionando se ela voltaria, eu tive medo dela não voltar. Mas ela voltou.
A segunda vez foi quando eu vi todos os jogadores da seleção chorando pela televisão, homens quais eu me apeguei e comecei a considerar meus tios.
A terceira foi quando eu achei que o meu pai, que na época ainda era o tio richarlison para mim, não iria passar o Natal comigo e ele me acordou no meio da noite.
E, quando eu descobri que nós iríamos embora de Madrid. Foi confuso, eu era apenas uma criança e sabia que a minha vontade talvez não fosse ser valida diante as vontades dos adultos. Eu tive a chance de ficar, minha avó me disse que eu poderia ficar.
Mas eu não queria ficar longe dos meus pais.
Eu era irmão mais velho, eu não queria ficar longe do meu irmão.
Mas meus sentimentos eram confusos, eu nem sabia ao certo quais eram os meus sentimentos. Eu só lembro de ficar triste, triste por motivos infantis como, as pessoas não gostarem de mim na casa nova, eu não conseguir fazer amigos e, deixar a Laura.
—Fala comigo, mimi. – Laura pede puxando a minha camiseta do homem aranha enquanto estávamos sentados em duplas.
Encarei a menina ao meu lado e ela sorriu. Os dentes tortinhos e os olhos azuis vibrantes. O cabelo dela sempre grudava na testa dela quando ela ficava suada.
—Vou pedir pra mamãe colocar dois cupcakes. Um pra mim e um pra você. – ela me diz tentando me animar, solto um sorriso um pouco mais sincero e ela sorri largo. — Você sabe que pode me contar qualquer coisa né?
Solto um longo suspiro.
—É que.. – levo se mãos ao rosto sentindo meus olhos encherem d'água. — Só um minuto..
—Tudo bem, mimi. – ela alisa minhas costas de uma forma que me acalma e então eu a encaro.
—Meus pais querem ir embora. – digo.
Laura não disse nada e então o sinal tocou, pude ver os pais aparecendo na porta para buscar seus filhos e logo a minha apareceu, Ramon estava grudado ao corpo dela de uma forma que ela parecia estar grávida novamente, o pano azul escuro cobria o bebê.
