I. UM COMEÇO.

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23 ANOS DEPOIS...

As ruas de NewVille não poderiam estar mais frias. O inverno havia chegado, e trago o forte frio.

Apesar do dia ainda não ter clareado, Helena se movimentava fervorosamente pela casa. Aquele dia seria o mais importante de sua vida. Ela seria promovida!

Sua chefe havia pedido para que ela chegasse mais cedo, porque ela ganharia uma promoção.

Enquanto caminha pela sala, após a quinta volta em círculos, ela decide tentar se acalmar.

Ao caminhar até a cozinha, procurando por alguma caixa de chá em pó, Helena esbarra na geladeira, deixando cair uma foto de família, que estava ali, grudada com um ímã.

Ela agarra imediatamente a foto, segurando-a com as duas mãos, acariciando o retrato, onde estavam sua irmã, sua mãe, seu pai e ela. Todos reunidos em um dos aniversários dela.

Apesar de sentir falta da sua família, ela geralmente os visitava apenas no fim do ano, quando finalmente tinha tempo livre do trabalho.

Por trabalhar em uma das maiores empresas de jornal da cidade, tudo que ela fazia era ir embusca de matérias novas todos os dias, torcendo para que seja boa o suficiente para a sua tão "maravilhosa" chefe.

A hora passa, e finalmente, assim que o dia clareia, Helena começa a se arrumar para sair.

Ela põe seu enorme sobretudo azul escuro, de tecido aveludado, passando a mão para remover qualquer pelinho de Stuart, seu gato, que tanto insistia em ficar em cima das suas roupas.

Após isso, ela completa, retirando a touca que havia posto nos cabelos, deixando os fios escuros e ondulados caírem sobre os ombros cobertos pelo sobretudo.

— hoje nada pode me parar! — convicta, ela sorri.

Ao passar por Stuart, que preguiçosamente estava deitado em sua caminha, ela acaricia seu pelo brilhante e escuro, dando um sorriso.

— a mamãe volta em breve, me deseje sorte.

Um ronronar surge como resposta, fazendo Helena pegar suas chaves e sair de casa, antes que se atrasasse.

Enquanto observava a vida do lado de fora de seu carro, Helena não pôde deixar de sorrir de novo.
Tudo parecia tão... Belo.
Nem mesmo o trânsito rotineiro a deixou irritada, tudo estava perfeito.

Ao chegar na empresa, o dia por lá também já havia começado.
Ela passa por seus colegas de trabalho, dando bom dia para todos, indo direto para a sala de Kiara, para receber então sua tão sonhada e merecida promoção.

— finalmente, depois de tanto tempo... — pensou, batendo na porta com três suaves batidinhas.

— entre. — a mulher diz, com voz amarga.

— bom dia, senhora Weller! — Helena diz, com seu sorriso mais largo.

— ah, Helena, que bom que chegou. — a mulher força um sorriso. — sente-se. Está animada para a sua promoção?

— estou sim, não poderia estar mais! — a garota se senta na enorme cadeira branca, que distoava com o restante da sala, toda em tons de azul.

— pois bem, Helena. Com tudo o que você tem feito, com as matérias que você tem trago para nós... Eu vou te promover... — ela faz uma pausa dramática, pegando um papel em sua mesa. — você virará cliente. — Kiara sorri de forma diabólica.

— desculpa...? O que?! — Helena se levanta, incrédula.

— sim, você está demitida. — Kiara une as mãos em cima da mesa, mostrando suas enormes unhas azuladas. — sabe quando foi a última vez que você trouxe uma matéria realmente interessante?

— não... — Helena controla a voz, sentindo como se o chão se abrisse abaixo de si.

— pois bem, nem eu. — ela dá de ombros, passando a mão nos cabelos esbranquiçados e curtos.

— escuta, senhora Weller, eu posso trazer alguma matéria hoje ainda! Eu... Posso... — Helena desaba, chorando. Depois de tantos anos se dedicando à tudo aquilo, agora ela seria demitida assim?

— Eu gostava do seu trabalho, tenho que admitir, mas de um tempo pra cá, tudo se tornou rotineiro. Sempre algo sobre famosos? Eu quero algo mais, alguma história que prenda as pessoas.

— eu posso achar uma matéria assim, por favor, só me dê uma chance. — ela implora, unindo as mãos, vendo a velha enrugar a testa.

— você tem dois dias, — Kiara aponta para ela — mas se não me trouxer a melhor matéria da sua vida, esqueça que trabalhou aqui e não precisa voltar. — a velha pega de volta o papel que havia posto na mesa. — agora, se retire daqui.

Helena agradece, suspirando e saindo da sala.
Do lado de fora, todos a olham. Ela se retira dali, abaixando a cabeça.

O CASTELO VERMELHOOnde histórias criam vida. Descubra agora