IV. SEM DORMIR.

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HELENA.

Já fazem algumas horas desde o ocorrido.

A polícia veio até a minha casa, mas disseram que não podem fazer nada e recomendaram que eu passe a noite fora, e que eles mandariam algum policial disponível para fazer uma vigília por aqui.

Tranquei toda a casa, e ainda sim, me sinto vigiada.

Sei que me garanti no emprego, mas a que custo?

Me deito, cobrindo meu corpo com os edredons pesados, mas fofinhos.

Stuart se deita ao meu lado, ronronando.

Fecho meus olhos, tentando dormir.

Sei que está tudo trancado e que eu não deveria me importar, principalmente porque há um policial lá fora, mas...

Respiro fundo, preciso me acalmar.

O sono me arrasta, e eu finalmente durmo.

Um barulho de porta batendo me acorda, me fazendo sentar imediatamente na cama.

Não há nada além do quarto escuro e a porta nem se quer está aberta.

Aquela coisa me lançou alguma maldição?!

Eu só estava sonhando.

Novamente, fecho meus olhos para dormir. Quando o sono está prestes a me levar, um cachorro da vizinhança começa a uivar de forma alta e sem parar. Em conjunto à ele, Stuart parece inquieto.

Que merda aconteceu?

___________🏰___________

Amanheceu, e eu simplesmente não dormi.

Meus olhos estão pesados e meu corpo parece não me obedecer quando eu tento levantar.

Preciso trabalhar, mas estou igual uma zumbi.

Hoje tenho uma entrevista com uma cantora da moda antiga, que está passando pelo pós fama, e não faço idéia de como vou conseguir chegar lá assim.

Talvez eu possa tentar dormir só uns 5 minutos, quem sabe...

Deito minha cabeça no travesseiro, que parece tão leve e fofinho...

O sono me leva, e para provar que aquele cara estava errado, eu durmo.

Quando acordo, sentindo o ar da vitória, pego meu celular. Sei que não estou atrasada, porque se eu dormi só por 1 hora, ainda tenho tempo...

Meu coração acelera e minha respiração falha quando percebo que dormi por 6 horas seguidas.

Me levanto, pegando a primeira peça que vejo no armário, saindo correndo de casa, enquanto tento ligar para a minha chefe.

Assim que chego no jornal, para a minha surpresa, a mulher que eu iria entrevistar estava lá, conversando com Kiara

— senhora Weller, eu... — começo, mas ela levanta o dedo indicador.
— Helena, nem diga nada. Vá para a minha sala, assine o papel na mesa e vá embora daqui.

Não, não é possível!

— então você vai me demitir, sua velha safada?! — grito, nervosa. — depois de 4 anos trabalhando aqui e me matando?

Ambas me olham, mas o olhar de ódio vem da minha chefe, mirando em mim. O arrependimento vem na hora, junto com a vergonha.

— Helena, eu não vou pedir de novo, eu vou chamar o segurança. — ela ordena, e eu percebo que todos estão me olhando.

Não, não é possível! Aquele maldito vai me pagar!

...

Em alta velocidade, dirigi até aquela porcaria de castelo, passando pela trilha com carro e tudo, e por sorte, ele não atolou.

Assim que chego na porta, bato com força, berrando para que ele abra, praguejando até a oitava geração de sua família.

Quando a porta é finalmente aberta, tudo que tenho vontade é voar em seu pescoço.

— retire essa maldição! — peço, furiosa. — por culpa sua, eu perdi o meu emprego. Era a única coisa que me sustentava. — bato em seu peito, mas parece não surtir efeito. Era como bater em pedra.

— eu não te lancei maldição nenhuma. A sua mente acreditou que sim, mas tudo que eu fiz foi te dizer meras palavras. — ele cruza os braços, e meu ódio aumenta. Como ele pode estar tão calmo?!

— então eu perdi tudo em vão?! — a vontade avassaladora de chorar me atinge. Não, não!

O maldito me olha de cima, enquanto eu choro sem parar.
Meu coração está tão acelerado que parece que vai sair pela boca.

— algo mais? — ouço sua voz mais alta, me questionando.

Não o respondo, apenas me viro, olhando para o meu carro, agora no pátio.

Arfo pesadamente, massageando as temporas.

Um som oco se faz, e vejo a porta agora fechada atrás de mim.

Torço mentalmente para que meu carro não atole ali (e também para que aquele castelo pegue fogo).
Entro e dou partida.

Bom, o carro não atolou, mas como consequência, o pneu furou, e agora é mais um gasto que eu vou ter que arcar.

Já em casa, do lado de fora, uma fina chuva começou a cair.
Fechei as janelas, vendo que o policial de antes não estava mais lá fora. Já era de se esperar.

Procuro por Stuart, que dormia no sofá, encolhido.

Não o acordo, apenas passo direto e vou tomar banho.

Entro debaixo da água quente, suspirando assim que ela cai sobre o meu corpo.
Eu perdi tudo...

Soluço, começando a chorar.
Tudo por causa de uma maldita entrevista!

Eu preciso arrumar outro emprego, não vou conseguir me sustentar aqui sozinha.

__________🏰__________

Após o meu banho, vou para a cozinha, onde começo a preparar algo para comer.
A chuva ainda caía lá fora, e pelo visto, vai demorar para passar...

Pego meu celular, discando o número da minha mãe.
Ela estava mais do que certa... Eu não consigo me virar aqui. Eu realmente achei que poderia, mas não consigo.

Antes que a ligação completasse, desligo.
Não vou dar esse desgosto à ela.

O CASTELO VERMELHOOnde histórias criam vida. Descubra agora