V. ROSA VERMELHA.

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Castelo Vermelho, NewVille.

JASPER.

Depois de 8 anos longe de qualquer público ou holofotes, novamente, o nome da minha família está nos jornais.


Não é como se eu gostasse que soubessem da minha mera existência. Quanto menos pessoas por aqui, melhor.

Minha mãe sempre foi receptiva, amava visitas, mas eu nunca a vi sair daqui.
Até ontem, eu não fazia idéia de como era o mundo lá fora, porque faziam anos que eu não saía. Aquela maldita mulher me retirou da minha reclusão e paz...

A tempestade lá fora estava tão intensa que os vidros avermelhados da janela pareciam estar sendo chicoteados e sacudiam em resposta.

— Jasper, querido. — a voz doce e confortadora de Ema, a velha criada da família, ecoa pelo meu quarto, e eu me pergunto que horas ela entrou. — precisa se alimentar, venha.

Olho em sua direção, sorrindo.

— já vou, Ema.

A luz da vela iluminava seu rosto, já enrugado.
Desde que meus pais se foram, ela continuou aqui e cuidou de mim por todo esse tempo.
Ela vai até a cidade, compra coisas e volta.
Ela me criou e acima de tudo, compreendeu o que sou, sem me julgar.

Após ela, caminho para fora do quarto, seguindo pelas escadas longas e em espiral, até a cozinha.

Na cozinha, o ambiente estava levemente mais iluminado, com um prato com sopa e um copo com o líquido avermelhado, tão necessário para a minha existência: sangue.

Bebo de uma vez, sem pensar muito. Para que eu não sinta uma fome mortal, preciso beber pelo menos uma vez na semana, apesar de sentir um certo remorso e uma pontada de ódio.

A sopa parecia apetitosa e seria ela que retiraria o gosto metálico da minha boca.

Dou uma colherada generosa, sentindo o sabor levemente adocicado de um pedacinho de cenoura e o gosto delicioso da batata se misturando na minha língua.

Arfo, Ema é a melhor cozinheira que alguém poderia ter.

Após comer, a tempestade parecia estar mais branda.

Abro a porta pesada do hall de entrada, saindo do lado de fora, na completa escuridão.

Enxergo além dela e consigo ver perfeitamente as árvores e o pátio.

Caminho descalço pela chuva, enquanto meus pés tocam a terra molhada.

Me sinto tão... Vivo.

A parte mais difícil quando se vive em um lugar assim, tão isolado de tudo, é que não há com quem conversar, e Ema não tem muitos assuntos comigo.

Faziam anos desde que eu vi alguém que realmente parecia ser da minha idade e aquela mulher era estranhamente curiosa (e teimosa).

Uma luz de um farol aparece na trilha, me fazendo questionar o que seria.

Eu tenho certeza que ela não seria tão idiota à esse ponto...

Minha audição está aguçada, ouço vozes masculinas.

Permaneço parado no pátio, aguardando que o carro finalmente chegue.

Um carro azul, modelo novo, com nada muito especial aparece.

— ei, você! — um homem grita, e eu o encaro.

O CASTELO VERMELHOOnde histórias criam vida. Descubra agora