VI. O DESCONHECIDO.

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1999.

STEPHANIE.

Consigo ouvir os passos apressados de William do lado de fora do quarto, conversando com alguém.

Jasper pode nascer a qualquer momento, e ainda sim, nosso casamento está carregado de estresse.

Ele adentra no quarto, com raiva, batendo a porta.

— o que aconteceu? — me assusto, sentando na cama.

— vá passear um pouco, Stephanie. Que tal ir ver suas rosas na estufa? — sem nem ao menos me olhar, ele diz.

— com quem você estava falando? — levanto, com dificuldade, descalça mesmo, sentindo o chão frio.

— um homem que deseja comprar o castelo. Quantas vezes eu vou ter que dizer que esse maldito lugar não está a venda?! — William bate contra a parede.

— o que tem de tão interessante aqui? — pergunto, pendendo a cabeça para o lado, o observando.

— são as terras, ou sei lá, o próprio castelo. — ele gesticula. — Agora, vá dar uma volta. Quero ficar em paz.

Sem dizer mais nada, saio do quarto, ainda descalça. Meus pés estão mais inchados do que nunca, e nenhum sapato me serve mais.
William não faz questão alguma de ir até a cidade comprar nenhum, e eu também não posso ir...

Assim que desço as escadas, encontro Ema, que fechava as portas.

— Sthep, o que faz aqui? Não deveria descansar? — ela tem sido a minha melhor amiga nesse lugar insuportável. Parece que ela mora por aqui desde a época dos pais de William. Não é tão velha, apenas cresceu aqui.

— William me pediu para dar uma volta. Vou apenas para a estufa. — sorri, caminhando para a cozinha, afim de sair por lá.

É difícil andar por aí com uma barriga desse tamanho, mas meu mini companheiro parece gostar de quando estou fora do castelo, porque se mexe como nunca dentro da minha barriga.

Assim que estou do lado de fora, caminho até a estufa, onde o cheiro das rosas atingem minhas narinas.

Elas estavam belíssimas, radiantes. Era a única coisa realmente alegre nesse castelo.

O sol invade os vidros da estufa e os pássaros cantam lá fora.

Ah! A doce paz...

Me sento em um banco de mármore, ao lado das rosas, arrancando uma delas e me cortando levemente no processo. Jasper, em minha barriga, se mexe suavemente.

— oi, meu amor, está feliz? — pergunto, baixinho, sorrindo, enquanto limpo o dedo sujo de sangue, na roupa.

— ele com certeza está. — uma voz surge, da porta da estufa. Me assusto ao ver um homem alto, com um terno preto e um chapéu, que cobre uma parte de seu rosto, por sua cabeça estar baixa. Não é uma roupa muito... Comum e atual, parecem ter vindo diretamente do passado, mas estão muito bem conservadas.

— quem é você? — a minha voz sai baixa, mas sem recuo.

— eu vim comprar o castelo. — o homem levanta a cabeça, mostrando um sorriso branco e com dentes levemente afiados. — desculpe, não me apresentei. Sou o duque Alexander Eratos de...

— duque? — rio de forma abafada. — desculpe, mas não existem duques hoje em dia, senhor. — me levanto. — é um prazer conhecê-lo, mas preciso ir.

Aquele homem, extremamente bizarro me encara.

— o que te faz pensar que não sou um duque? — ele entra na minha frente, impedindo minha passagem.

De perto, sua aparência era tão branca quanto papel, e seus olhos eram estranhamente brilhantes, na cor âmbar.

— eu definitivamente nunca ouvi falar em ninguém que tenha tal título. — sorrio fraco, olhando para a parte externa da estufa, bem atrás dele.

— perdão se a assustei. — o cara diz, meticulosamente, dando um espaço para que eu passe. — venho de uma família tradicional. Isso é normal por lá. — um sorriso surge em seu rosto.

— entendi. Bom, espero que um dia você possa comprar esse castelo, porque eu mesma não tenho nenhum interesse em morar aqui. — dito isso, me preparo para passar por ele e sair da estufa.

— você conhece bem o seu marido? — ele pergunta, assim que piso fora do lugar.

— por quê? — me viro bruscamente para trás.

Alexander me encara, enquanto vejo um leve sorriso se formar em seu rosto.

— a minha pergunta foi para você. Me responda primeiro. O conhece bem?

— bom... Conheço. — minto. Sei poucas coisas sobre ele, e nosso casamento aconteceu muito rápido. Eu precisava do dinheiro para pagar o tratamento da doença do meu pai, e William apareceu como um anjo em nossas vidas.
Um verdadeiro anjo caído do céu.

— então, se conhece... — o cara olha diretamente para a minha barriga e eu sinto cada pelo do meu corpo se eriçar, me fazendo dar um passo para trás. — deve saber que isso aí que você carrega na barriga, não é algo normal. — ele sorri, e dessa vez, seus dentes estão tão afiados quanto uma faca.

Dou mais um passo para trás, tropeçando em meus próprios pés, caindo no chão, sentindo uma dor aguda na barriga.

— de que merda você está falando?! — pergunto, gritando por ajuda logo em seguida.

Em resposta, ouço, Ema gritar meu nome, vindo correndo.

Olho para o local onde o homem estava antes, mas é como se ele não existisse, porque apenas sumiu.

A dor continua, e a última coisa que me lembro é ver o desespero no olhar de Ema, enquanto corre até mim.

O CASTELO VERMELHOOnde histórias criam vida. Descubra agora