II. O CASTELO.

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HELENA.

Aonde eu vou arrumar uma matéria boa o suficiente para aquela nojenta?
Se ela gostava da minha matéria antes, por que não gosta agora, se meu assunto sempre foi falar de famosos e suas vidas falsas?

Enquanto caminho em direção ao meu carro, uma mulher, que vendia bolinhos me para, oferecendo um.

Compro dois, comendo um deles e guardando o outro.

Olhando para a minha bolsa, afim de guardar o bolinho sem amassar, esbarro em uma bicicleta, deixando-a cair. E lá se foi o meu bolinho junto.

Praguejo mentalmente, enquanto levanto a bicicleta caída.

— ei, você! — um homem grita. — está tentando roubar a minha bicicleta?! — ele berra, chamando atenção de quem passava

— claro que não! Eu só esbarrei nela. — digo, me afastando da bicicleta.

— escute aqui, senhora... — ele começa, vindo até mim, com ar ameaçador, mas eu o interrompo.

— escute aqui você! Você acha que eu quero essa bicicleta de merda? — berrei. — pois enfie essa bicicleta no meio do seu rabo! — gritei ainda mais alto, saindo dali, sem me importar com a direção e com a mão tremendo.

Eu estava com raiva, muita raiva. Logo hoje, quando nada deveria dar errado, tudo deu.

Maldita hora em que eu fui vir para esta cidade e aceitei esse maldito emprego!

Só paro de caminhar quando chego em uma praça, com um chafariz no centro.

Olho para os lados.

Nunca estive por aqui, e acho que seria melhor não ter estado mesmo.

Haviam algumas pessoas fumando ao lado do chafariz, e tudo ali parecia extremamente sujo.

Olho para o caminho de onde vim, dando meia volta para ir por lá de novo.

Espera...

Isso sim pode ser uma boa matéria!
Eu posso falar sobre... O quão abandonado está esse lugar.

Ali havia uma espécie de vila, fechada apenas com um portão de madeira, que estava aberto.

Uma mulher sai de lá, junto com seu filho.

Talvez essa seja minha chance.

— moça... — me aproximo dela, que se assusta. — não se assuste! Eu sou Helena Rocco, do jornal Ville. Eu posso entrevistar a senhora?

A mulher estreita os olhos.

— pode. — ela responde, depois de um tempo

Pego meu celular, pondo no gravador.

— qual o nome da senhora? — pergunto, e ela demora novamente para responder.

— Anna.

— e a senhora mora aqui há muito tempo?

O CASTELO VERMELHOOnde histórias criam vida. Descubra agora