III. INDESEJÁVEL VISITA.

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— Parabéns, Helena! Como conseguiu isso tudo? — Kiara pergunta para a mulher, que sorri de forma fraca.

Ela havia pesquisado na biblioteca da cidade o restante sobre o castelo, e amargamente, inventou algumas coisas, como por exemplo, o porquê da morte dos antigos moradores.

Ela havia dito que houve um assassinato, e que o responsável havia fugido, deixando para trás apenas o filho do casal, distorcendo toda a história real.

— eu fui até lá. Entrevistei o homem que mora no lugar.

— que homem? — a feição de Kiara muda ao perguntar.

— o filho do casal.

— oh, sim. É, já ouvi falar algo sobre ele... — a velha dá de ombros.

— então... Meu emprego está garantido?

— claro, meu bem. O que seria de nós sem você, não é mesmo? — a voz evidentemente sarcástica da mulher causava enjôos em Helena.

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Mais tarde, após o trabalho, mesmo com a temperatura da cidade extremamente baixa, Helena decidiu que sairia para comemorar.

Ela não precisaria procurar outro emprego e nem correr o risco de perder sua casa.

Finalmente... Tudo certo.

Ao chegar em casa, pronta para ir se trocar e cair na festa, a primeira coisa que ela faz é colocar ração no porte de Stuart, agora vazio.
"Não posso me esquecer de pagar o aluguel amanhã mesmo, porque o Sr. Lucca não aceita atrasos." — pensou assim que viu o pequeno aviso de pagamento colado em uma das paredes, anotado por ela mesma, em um post-it amarelo.

— Stuart, meu fofinho? Está por aqui? — ela chama, retirando seu salto alto e seu cachecol.

Com o barulho da ração, Stuart sempre aparecia, mas daquela vez, não houve nem sinal.

Helena caminhou pela casa, procurando-o, mas não encontrou.

Quando finalmente, abriu a porta do quarto para procurá-lo, seu coração disparou.

— olá, Helena. — o homem daquele dia estava ali. Bem ali.

— como você entrou aqui, seu maníaco?! — ela deu um passo para trás.

Stuart estava deitado nos braços dele, confortavelmente dormindo.

— me dê meu gato, agora! — ela agarrou o bicho das mãos dele, abraçando o animal, que se assustou com o rápido movimento.

— é uma bela casa. — o homem põe as mãos nos bolsos.

— eu vou chamar a polícia! — ela pega seu celular em mãos, mas ele a interrompe.

— quando você invadiu minha residência do nada, eu não chamei. Então, você não vai chamar.

Helena engole seco, sentindo todo o seu corpo gelado.

— o que quer? — perguntou, num fio de voz

— você criou uma matéria sobre a minha família, sobre o meu lar. Mentiu onde lhe coube, distorceu as minhas falas... Achou mesmo que eu não viria até você? — ele dá um passo para frente, Helena dá um para trás

— escuta, você não me disse muito... O que esperava que eu fizesse?

— que não fizesse a matéria. — apesar de estar com o rosto sem expressões nenhuma, o homem não poderia estar mais ameaçador.

— primeiramente... Como foi que você me achou, sua coisa? Você não é desse mundo, e eu tenho certeza! — Helena encosta na penteadeira, levando uma das mãos para trás lentamente.

O cara não a responde, apenas respira fundo, deixando o ar sair pesadamente pelo seu nariz.

Stuart, que observava toda a cena, pula do colo de Helena, voltando para o cara.

— você adivinhou. — ele diz, pegando novamente o gato no colo. — sou algo que você não compreende, e que também, não precisará compreender.

— tá, e o que quer que eu faça? — a mulher finalmente alcança a tesoura que estava ali, ainda com a mão para trás.

— você? Nada. — ele sorri. — mas também...  Eu te garanto, não importa onde vá, não importa como tente. Você não dormirá em paz, porque eu vou te vigiar todos os dias, e durante o seu sono, eu vou aparecer. — ao dizer essas palavras, o cara, em questão de segundos, põe o gato na cama, sumindo.

Helena, sem saber o que fazer, liga imediatamente para a polícia.

O CASTELO VERMELHOOnde histórias criam vida. Descubra agora