HELENA.
Como sempre, parece que a cidade inteira resolveu sair no mesmo horário que eu, porque o trânsito não podia estar pior.
Com o pneu do meu carro furado, recorri ao bom e velho táxi, o que deu no mesmo, porque se eu tivesse ido a pé, já estaria no centro comercial entregando currículos.
Tenho que passar no jornal até às 11 horas, para pegar minhas coisas. Parece que tenho direito a algum dinheiro, e espero mesmo que isso me ajude...
— você é a moça do jornal Ville? — o taxista me pergunta, me olhando pelo retrovisor.
— era. — sorrio fraco, o olhando por ali.
— eu li sua matéria. Leio todas as elas. — ele ri.
Ah, a matéria... Suspiro ao lembrar do que eu fiz apenas para manter o meu emprego, e veja só... Fui demitida.
— fico feliz. — sorri novamente.
O homem não diz mais nada, mas aquilo me faz lembrar do quão desprezível a minha vida aqui se tornou.
Passei metade da manhã entregando currículos e quando finalmente cheguei no jornal, fui recebida da forma mais arrogante por Kiara e sua nova colunista. Recebi o tal dinheiro e a primeira coisa que pensei foi em guardar para emergências, e assim fiz.
Minha primeira refeição do dia foi às 16h, quando finalmente parei para comer e desisti de procurar emprego. Todos disseram "retornamos para você em breve" ou "se precisarmos, vamos te ligar".
Respiro com toda a força restante nos meus pulmões, sentindo uma leve ardência junto com uma onda de ódio.
Enquanto como, meu celular vibra. É uma ligação da irmã...
— Helena! — Amber diz, animada, assim que atendo.
— oi, Amber! — forço a voz para que pareça tão animada quanto a dela.
— como vão as coisas? Novidades? — ah, claro... Tem sim...
— tudo na mais perfeita ordem, e por aí? Como está a mamãe?
— ela está bem, e com muita saudades. — ouço a voz de Amber ficar levemente triste, mas logo volta ao normal. — tenho algumas novidades.
— sério? Me conte. — me ajeito na cadeira da cafeteria em que estou, talvez eu finalmente tenha uma notícia boa.
— eu finalmente comprei um carro! — não escondo o som de exclamação que sai da minha boca. Estou tão feliz por ela, porque Amber sempre foi viciada em carros e todo tipo de automóvel.
— sério? Estou tão feliz por você, maninha. — sorrio, meu coração se enche de alegria por ela.
— eu só... — Amber raspa a garganta. — preciso de ajuda para pagar o restante das parcelas.
Fico uns segundos sem saber o que responder, e durante o meu silêncio, ela continua:
— já que você mora aí e sei que pode me ajudar, eu queria muito que você fizesse isso por mim, por favor.
— Amber, no momento eu estou em uma situação... — faço uma pausa, procurando palavras. — Complicada. — completo.
— o que houve? — ela parece se espantar, mas não quero contar para que ela que fui demitida.
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O CASTELO VERMELHO
VampiroO que pode acontecer quando duas pessoas tão distintas e de mundos tão diferentes se cruzam? Além da rivalidade, um amor pode surgir? Quando Helena, uma repórter desesperada por uma matéria vai atrás do magnífico Castelo Vermelho, um homem nada gen...