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O cigarro fez Hoseok tossir; ele havia puxado da forma errada. Mas também, estava tão ensopado de sangue que nem sabia se era certo colocar um cigarro na boca, onde até mesmo seus lábios tinham sangue de outra pessoa.

Okay, aquela merda era muito nojenta.

Dessa vez, sabia que havia passado do limite, mas era vida ou morte, e ele não queria morrer. Poderia ser tudo, mas não era suicida. Então, estava parado no meio de um galpão enorme, sentado em um banco de madeira e ao redor cerca de vinte mortos, todos alfas. O machado que havia lhe ajudado a matar aquele meio mundo de gente já estava até mesmo cego, mas foi um bom companheiro. Não queria nem mesmo afirmar que estava só no meio do nada e, pior, estava ferido. Claro, um corte mínimo.

Havia sido sequestrado após alucinar por conta da abstinência de drogas que estava tentando largar. Tudo começou após simplesmente Namjoon dizer que realmente iria dar o apadrinhamento do filho para Hoseok com a influência de Jimin. Por isso decidiu tomar um rumo, mas com certeza nada saiu do jeito correto. O filho era de seu ex com seu irmão de sangue e com o seu chefe, braço direito e irmão postiço de merda. Não conseguia superar o inferno que foi Kim Taehyung em sua vida. Era claro que na verdade, Hoseok nunca iria superar, não era nem mesmo Taehyung, mas sim a sensação de entorpecimento que Taehyung o dava.

Maldito viciado.

Se Jimin o visse, lhe quebraria ao meio.

Que merda, Hoseok. Que merda.

Pegou o celular do primeiro morto e discou o número de Seokjin.

— Alô?

— Mande alguém me buscar, porra. Eu fui sequestrado.

— Puta que pariu, Hoseok. Estávamos desesperados. Namjoon estava a ponto de matar um aqui, porra.

— Fico feliz que se preocupem comigo. Mas eu preciso de um banho, mandem uma muda de roupa e... — Hoseok olhou ao redor. — O serviço de limpeza.

— Beleza. Jungkook já está rastreando a ligação. Você não está longe. Porra, Hoseok. Você deixou todo mundo atordoado. Pare de usar aquele seu maldito celular de botão, não dá para rastrear.

— Para que eu iria querer um celular de última geração sendo que aquele meu dá pra pedir um taxi tranquilamente?

— Avisa a esse filho da puta que ele tem trabalho.

Hoseok largou o celular após ouvir a voz de Namjoon. Sempre ficava ansioso sobre seus trabalhos, mas depois de um tempo quando começou a perceber que todos ao seu redor estavam caminhando para algo muito maior que apenas viver para o trabalho, ele começou a se incomodar com algo que não sabia que existia dentro de si. A solidão. Começou a se lembrar do tempo que sua mãe era viva, sentia falta da mulher e por várias noites se pegou sonhando com ela, tendo que segurar o choro por sentir falta da mulher que lhe ensinou tudo.

Sua mãe tinha o nome de nascença Hyejin, mas era conhecida como Florença. Ela tinha água nos olhos, as pessoas diziam, quando olhavam para ela diretamente, havia uma destreza que ninguém era capaz de enfrentar. Era dramática, neurótica e brava, mas era a melhor mãe do mundo para Hoseok.

— Me sinto um escravo. — Hoseok apertava o cigarro na boca olhando o celular que Seokjin havia mandado de última geração ao ser buscado no local que estava preso com todas as informações sobre a próxima cobrança. — Fui sequestrado e nem recebo folga... Só trabalho. Só trabalho. E não tem uma pessoa para fazer massagem em minha costas quando fico tenso, eu tenho que pagar... Mansão de... Ah que filha de uma puta.

Mansão de Jacob Vassiliev.

Hoseok bateu os dedos um no outro nervoso. Jacob Min foi um cliente de sua mãe. Mas o nome Min lhe remetia a algo que não recordava.

KARMA |  SopeOnde histórias criam vida. Descubra agora