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— Não vai embora?

A luz da conveniência se apagou tão rapidamente que passou despercebida, como um lugar com a fiação tão antiga quanto o proprietário, onde nada funcionava corretamente. Mesmo com câmeras em preto e branco, era um local propício para um crime, assim como para qualquer situação anterior. Nem mesmo os homens recolhendo os cacos de vidro no chão, sem dirigir olhares às pessoas no balcão, seriam capturados por aquela câmera que o dono acreditava funcionar.

Pobre Yoongi, jurava a si mesmo que aquela câmera poderia ser útil para sua defesa. No entanto, para quem ele estava mentindo além de si mesmo? Sabia muito bem que, não importa a resolução da câmera, ela não o protegeria.

Mesmo incomodado com a presença de Hoseok à sua frente, por um breve momento, a ideia de não ser defendido se dissipou, assim como o caminho que ele, como um Min, acreditava ser constante, como o destino, e seu destino marcado pelos karmas de seus antepassados.

Yoongi sentiu um incômodo que persistiu durante toda aquela noite de trabalho, uma pergunta que se formou enquanto Hoseok estava lá, parado, sem fazer nada.

— Por que você colocou um alvo nas minhas costas e, em seguida, disse que iria me proteger, vingar o mundo por mim? — disse, com uma coragem que não sabia de onde tirou, mas que surgiu ao perceber que Hoseok não o machucaria.

E a ideia foi que Hoseok não o machucaria, como o primeiro passo de uma ação que ainda não tinha um fim, mas que teria consequências futuras.

— Não sei. — Hoseok deu de ombros, observando seus homens instalando o novo vidro na loja. — Apenas deduzi que seria um bom começo para cobrar seu querido pai.

— Eu poderia ter morrido.

— Você pode morrer a qualquer momento por situações que não foram causadas por mim, mas nenhuma situação causada por mim em algum momento te machucaria.

— Não respondeu minha pergunta mais cedo. — Yoongi se apoiou no balcão, olhando para o perfil de Hoseok, que estava rígido; percebeu que a mandíbula definida parecia sempre estar travada.

— E precisava? Eu só vou quando você for, e eu vou ficar te vigiando.

— Entendi. Posso te fazer algumas perguntas? — Yoongi apertou as mãos uma na outra, ainda apoiadas no balcão.

— Docinho, você tem direito a tudo comigo.

O som da respiração descompassada de Yoongi foi engraçado para Hoseok, principalmente quando ele enfiou o rosto entre os braços e ficou ali por alguns segundos. Aquele momento, novamente a nuca dele ficou à mostra.

Hoseok se aproximou um pouco, pensou em tocar, pensou em passar o nariz, como também pensou até mesmo lamber, mas não fez nada, só notou novamente que a nuca de Yoongi era atraente. Quando ele ergueu o rosto, que estava corado, com vergonha, também notou mais uma vez que Yoongi era mais atraente ainda. Só que não entendia o que estava acontecendo, não entendia se era só loucura de sua cabeça e que a atração sumiria depois de um tempo.

Mas se fosse uma paixão? Se estivesse se apaixonado primeiramente pela aparência, depois pelo feromônio e então tivesse achado a personalidade interessante.

Sempre foi muito adepto a ômegas medrosos. Taehyung foi um, logo no começo, descobrindo mundo e saindo do berço de ouro.  

Yoongi poderia deixá-lo quando tivesse coragem de viver. Poderia sim. Largaria da mesma forma que Taehyung fez.

— Você ia fazer as perguntas. — Hoseok falou, sério.

— Desculpe, eu me perdi. — Yoongi também estava encarando, pensando em várias coisas e uma delas era como Hoseok seria um alfa incrível se tivesse os dois pés na sanidade.

KARMA |  SopeOnde histórias criam vida. Descubra agora