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Em meio a uma sala de cursinho pré-vestibular, repleta de cerca de 40 adolescentes ansiosos, destacava-se a presença de Yoongi, que já não se enquadrava mais na categoria juvenil. Embora não fosse o mais velho, sua presença ali parecia destoar, como se ele devesse ocupar outro espaço. A estranheza pairava sutilmente enquanto Yoongi, um tanto fora do contexto, se via imerso em meio aos jovens. A autocobrança era evidente, como se ele se exigisse mais do que o comum.

— Yoongi, aqui está o caderno de respostas. — Ergueu o olhar para Woosung, seu colega de turma, que tinha praticamente a mesma idade. Um alfa muito bonito, pelo qual todas as meninas suspiravam. — Você conseguiu entender alguma coisa do que foi ensinado hoje?

— Sinceramente? Não. — Yoongi se levantou, pegando o caderno. Gostava de Woosung; não fazia nem duas semanas desde que havia entrado na turma, e alguém já havia o abraçado. Ele não costumava recusar amizades, pois se sentia solitário em todos os momentos de sua vida e nunca tinha tido sequer um amigo. — E você?

— Já fiz três vestibulares, esse assunto é fácil. Você pegou na escola?

Yoongi mordeu o lábio. Não tinha frequentado a escola; estudara em casa com dezenas de professores que pediam demissão devido aos seus irmãos.

— Sim, já peguei.

— Ótimo. É fácil. Podemos marcar para estudar. Pode ser na minha casa, o que acha? — Woosung apoiou a mochila nas costas, andando ao lado de Yoongi, saindo do prédio do curso e parando no passeio.

— Sério? Seria ótimo. Como está perto, queria passar.

— Você vai conseguir. — Woosung passou a mão no topo da cabeça de Yoongi, que sentiu todo o corpo tremer; o rosto avermelhou de vergonha, e ele quis se afundar no primeiro buraco. — Até amanhã, Yoon.

— Até amanhã. — Yoongi levou o dedo indicador aos dentes com tanta vergonha que só sabia olhar para seus sapatos, agora percebendo que estavam furados.

Hoseok lhe havia dado alguns pares de sapatos, mas ele não queria usá-los. Olhando para seus próprios sapatos, lembrou-se imediatamente que estava perto. Ergueu o rosto assustado e, sem sequer saber o que fazer, notou Hoseok parado em frente a um carro, um Cadillac blindado que chamava a atenção de todos que passavam. Hoseok saiu de perto do carro e foi até Yoongi, que, se pudesse, correria dali, porque não havia como esquecer que, até poucos dias atrás, havia recebido uma proposta de sexo e negou.

— Como foi a aula, docinho? — Hoseok pegou a mochila de Yoongi e, como se estivesse limpando algo, passou a mão no topo da cabeça de Yoongi. — Vi que já fez amizade. Você é muito comunicativo, docinho.

— Woosung é uma boa pessoa. Não faça nada com ele, Senhor Jung.

— Eu? Eu não faria nada com ele. Por que eu faria? — Hoseok sorriu com certo amargor subindo pela garganta. — Você está interessado nele, docinho?

— E se eu estivesse? — Satisfeito em provocar ciúmes em Hoseok, ele havia cavado a próprio cova naquele momento.

Hoseok assobiou em alerta, deixou Yoongi entrar e entrou do outro lado.

— Não gosto muito disso. — Disse e deu sinal para Lia dirigir. — Ser amigo não é um problema, mas ele não vai te tocar, docinho.

Yoongi se virou dentro do carro, dobrando as pernas e cruzando-as uma em cima da outra para que conseguisse encarar Hoseok. O veículo era espaçoso, exalava um cheiro de novo, e o banco, totalmente de couro, emitia um aroma forte.

— Mas e se eu quiser, Senhor Jung? Ele é bonito. É um alfa. Tem a minha idade, algo que o senhor não tem e... — Se calou imediatamente ao ver a expressão de Hoseok, que era apavorante em vislumbre. — Eu não quis brincar com isso, Senhor Jung. Me perdoe. Me desculpe.

KARMA |  SopeOnde histórias criam vida. Descubra agora