Tic. Tic. O relógio estava claramente quebrado, mas a quietude reinante fazia com que o defeito passasse despercebido. O som, irritante à primeira vista, tornava-se quase reconfortante em meio ao silêncio. Entretanto, após longos períodos de alerta constante, até mesmo um relógio quebrado transformava-se em um lembrete insistente na mente. Hoseok encontrava-se ansioso. Com os braços apoiados nos joelhos, ele fixava o olhar no vazio. Suas pernas balançavam, uma ansiedade contida que resultava de anos tentando domar a explosão de euforia que o envolvia quando encontrava algo de interesse. Contê-lo era mais desafiador do que qualquer um poderia imaginar, assemelhando-se a segurar um tigre selvagem faminto por uma coleira, pronto para ser solto e agarrar sua presa.
A última vez que sentira tal ansiedade foi quando conheceu Kim Taehyung.
— Hoseok... — Taehyung se agachou, hesitante em perturbar o momento. A assembleia geral finalmente encerrou, mas enquanto todos se levantavam, Hoseok permanecia ali, imóvel, fixando o vazio. — A reunião já terminou. Quer que eu chame Jungkook para discutir mais sobre o seu caso? — Silêncio. Nenhuma resposta. — Hoseok, por favor, me responda. Olhe para mim.
— Por que eu deveria olhar? — Hoseok virou a cabeça lentamente, a respiração acelerada. — Serei sempre um traidor. Por que eu deveria olhar para você?
A forma como Hoseok proferiu aquelas palavras surpreendeu Taehyung. Mesmo após tanto tempo, o peso daquela acusação ainda o atormentava.
As ações e reações de Hoseok eram resultantes de sua amargura, alimentada pelo fato de continuar sendo apenas um cão. Se alguém tivesse estendido a mão, se não tivessem introduzido a droga em sua vida, se o tivessem deixado ser livre, talvez pudesse ser um cão de caça menos problemático.
— Por que o ômega é seu? Em que você está envolvido, Hoseok?
— Não importa, contanto que o dinheiro retorne às mãos do seu marido.
A culpa corroía todos ao redor de Hoseok. Taehyung sentou-se em seus tornozelos, observando-o afastar-se. Embora ninguém pudesse vê-lo daquela maneira, era a consequência do que ele havia feito. Havia alguns anos, ser agiota era muito mais fácil para Namjoon, e Taehyung conhecia essa história. Poderia começar desde o início, com um tom de solidão, quando Namjoon procurava um lugar para chamar de seu. Todos ali tinham uma história sombria, exceto Taehyung, que havia crescido em berço de ouro e se apaixonado por alguém menos afortunado. Tornaram-se uma família, envolvendo-se em empréstimos, cobranças, assassinatos e diversões, todos sob a liderança de Namjoon, um homem que sabia como transformar tudo o que tocava em ouro. Contudo, um barco carregado de ouro eventualmente começa a afundar.
O primeiro a naufragar foi o cão de caça.
— Levante, Tae. — Jimin passou os dedos pelos cabelos de Taehyung, desfazendo os nós. — Hoseok age da maneira que escolhe.
— É culpa minha ele ter ficado assim. Eu o abandonei, deixei que usassem ele. É culpa minha.
— Dizer que ele "ficou assim" é minimizar o que ele é, meu amor. — Jimin ajudou Taehyung a se levantar, acariciando seu rosto quando ficaram próximos. — É melhor ele assim do que consumindo drogas. Colocá-lo como padrinho do bebê foi uma escolha acertada. Nunca o vi tão feliz.
— Por que ele escolheu o caso mais difícil da assembleia?
— Tae... — Jimin segurou o rosto dele com firmeza, tentando desviar o assunto. — Estou com vontade de comer algo doce, e meus pés doem.
— Ah. A assembleia demorou. Por que não me avisou? Acho que deveríamos subir para casa.
— Sim, sinto falta do Namjoon. — Jimin sorriu, caminhando devagar. — Ele ainda está irritado comigo?
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KARMA | Sope
FanficJung Hoseok era um viciado a beira da loucura que só sabia fazer uma única coisa na vida, cobrar dividas por meio da morte, sem vontade alguma de ser uma via caridosa, ele nunca se importou em passar por cima de quem quer que fosse para ter o dinhei...