A Estrela

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Oi Leitoras e Leitores 

Escrevi essa nossa despedida com muito carinho para vocês. Dói demais me despedir dessa história, dos personagens, de vocês. Sei que teremos segunda temporada, e que eu estou muito animada para escrever e voltar a pedir "Perdoa Eu" - a lá Ramiro pra vocês, mas hoje, a Simples acaba! 

Leiam com atenção! No meio da história, está a música do capítulo. A última música que embalou Simples. 

Quero agradecer também a @matthehotcohen por fazer um Edit lindo pra Simples, está disponível no Twitter, assistam! 

O link do Edit é: 

https://x.com/matthehotcohen/status/1732445835080638934?t=BADvwU4jZQmaAHdaR5wn8g&s=09

Hoje a gente não precisa sustentar nada. Vamos dizer adeus? 

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 A serenidade amanhecia cedo ao lado daquela terra vermelha como sangue sob os raios do sol da manhã. Guardava no seu silêncio, peões que madrugavam arando a terra e se perdendo nas plantações de milho e soja que coloriam de verde vivo, hectares sem fim. Também dava bom dia ás mãezinhas que levantavam cedo para alimentar seus filhos e desejar que novamente naquele dia, seus maridos voltassem vivos para casa da lida pesada. Que suas famílias mesmo sofridas continuassem completas.

Pairava ainda sobre a cidade, a presença dominante dos La Selva, mas dessa vez vinha acompanhada de um sabor de coragem na boca daquele povo que nunca mais se calaria. Não alimentaria mais crimes e o poder invisível daquela gente que talvez nem merecesse as portas do céu.

Amanhecia também coberto de vontade de vencer, um ex peão negro ao lado de um pequetito loiro enroladinho em seu corpo como se fosse delicado demais para ser tocado, como se pudesse quebrar á qualquer momento de fragilidade, mas Ramiro sabia, que aquela delicadeza escondia o homem mais macho que ele teve oportunidade de conhecer

Ficou um instante olhando aquele rosto leve dormindo profundamente, sem culpas, com tantas certezas, e desejou que um dia pudesse ter essa leveza na consciência. Ramiro estava liberto, mas a sua consciência também vinha acompanhada da clareza dos males que havia feito por aquela gente, e em seu íntimo ele prometera a si mesmo que faria de tudo para lavar sua alma com o perdão da família que o acolheu naquele bar

Ainda desejava também, saber em como a vida de Kelvin o havia trazido até ali. Um homem tão lindo, talentoso, duma esperteza tão bonita! Seu coração apertou ao imaginar o tanto de sofrimento que o loiro teria passado e no quão foi forte para suportar tudo até ali, continuando a ser aquele anjo que iluminava tudo por onde passava. Admirava Kelvin pela bravura em que encarava a vida, o que pra ele era um grande exemplo a ser seguido de agora em diante, e mesmo sabendo que não poderia proteger Kelvin de tudo, estaria sempre ao seu lado como companheiro para enfrentar a vida

Seu coração já havia aceitado isso e desejava mais que tudo poder ser adoçado com essa palavra: companheiro. Não somente ser marido para alguém, sendo lhe imposto o fardo machista que vem acompanhado com o título, que obriga qualquer homem a prover, gerir cuidar. Não. Ele queria mais. Queria sim, dar á Kelvin das pequenas ás mais grandes provas do seu amor a ele, mas o tendo como companheiro, também aceitaria ser cuidado, amado, provido.

Deixou o corpo do seu loirinho sob os lençóis e vestiu suas roupas da noite anterior. Hoje mesmo iria atrás do seu futuro, o mais importante pelo menos, e depois faria de tudo para ter suas próprias conquistas por merecimento, não por força. Desceu as escadas, indo até a cozinha para passar um café e deu de cara com Nando, sozinho, encostado próximo a janela já fervendo água

Simples - Kelmiro/DimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora