Anjo

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Dando graças ao tempo que estou tendo essa semana, consegui escrever mais um capítulo. Pretendo desenvolver a história em 10/13 capítulos, tentando publicar pelo menos um por semana. 

O de hoje, foi densenvolvido em cima de duas músicas (porque eu não posso ouvir uma oportunidade de sofrer que já to puxando cadeira e me sentindo corna mesmo sem ser) e recomendo novamente que a fic seja lida na companhia dessas músicas: 

Saudade Sua - Gusttavo Lima 

Ser Humano ou Anjo - Matheus e Kauan

Agradeço demais aos comentários e votos, o coração fica tão quentinho! 

Só meu muito obrigado! <3 

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 Kelvin não conseguia organizar os pensamentos em sua cabeça após aquela descarga emocional de Ramiro. Ele sabia que o peão o amava, mas sentia que era usado de lixo emocional das suas inconsciências, e talvez era mesmo.

Ele sabia que para um relacionamento dar certo, era necessário ir além de amor. Era necessário valores, atitudes e objetivos que agora ele não sabia se Ramiro tinha, e seu coração se desesperava em se agarrar numa mísera crença de mudança da parte do maior, mas sua cabeça em auto defesa já não acreditava mais e agora ela quem tomava conta do seu corpo enquanto ele corria bar á dentro, esbarrando por clientes e funcionários, não ouvindo nem Nando e nem Luana o chamando ao fundo. Subiu num raio escada á cima, trancou sua porta numa rapidez de qual desejava ser por outro motivo e se jogou na cama numa outra intensidade que deveria ter sido nessa noite. Se jogou com vontade de morrer, de não sentir, de vontade de não amar mais aquele homem, de ter ouvido os conselhos de Ademir quando o disse para não se aproximar de Ramiro, e de ódio por si mesmo em ser tão fraco e saber que mesmo decidido a desistir desse amor, bastava apenas uma migalha de carinho de Ramiro e ele voltaria correndo.

Quando ele se contentou com tão pouco? Era intenso, mas mísero. As mãos de Ramiro eram quentes, mas deixavam sua cintura em gelo quando se afastavam quando havia alguém por perto. O cheiro daquele homem embriagava seus sentidos, mas o deixava sozinho debaixo do banho frio para abafar seu tesão. A boca do peão que havia o beijado, mesmo que singelo e delicado, havia deixado um formigamento que ele sabia ser de amor correspondido, mas agora encarava como uma droga da qual não conseguia perder o vício.

Foi no meio da sua depressão que começou a ouvir o som do bar que adentrava pela porta de seu quarto e fazia um buraco no seu coração. Prestava atenção na letra e a última comporta do seu coração que suportava aquele mundaréu de água saiu enfim...

"Só que apaixonado não pensa,

Amar por dois é doença

É sofrer dobrado, desgosto ao quadrado

Não compensa[...]"

Porra, será que ele se iludiu tanto assim? Será que saber e sentir o amor do outro era só seu ego lhe pregando uma peça? Porque as atitudes de Ramiro o confundiam, ora o ardiam em paixão mas nesse momento o fazia desconfiar desse amor. Estaria ele amando sozinho? Estaria ele, dependente?

Logo ele, que sempre tinha quem queria na palma da sua mão. Ele, que dizia nunca se apaixonar por ninguém. Ele, que se inspirava na sua querida imperatriz já falecida, agora se sentia doente de amor e perdido na própria solidão.

Foi nessa solidão tocada pela música que Kelvin ouviu ao fundo sua porta sendo batida, quer dizer, quase sendo derrubada. E ele não podia esquecer sua vida naquela cama se desmanchando em depressão, havia um mundo lá embaixo que dependia dele agora. Secou seu rosto molhado com as costas das mãos como se fosse esconder seus olhos e nariz vermelhos, destrancou a porta se preparando para sair e continuar a noite até fechar o bar.

Simples - Kelmiro/DimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora