Falso eu

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Proclamava-me
Bandido,
Usando grife,
Todo atrevido.

Cantava
Umas rimas banais,
Às quais,
Infelizmente,
Nunca conseguia tirar
De meus ouvidos.

Chamava
Elas por apelidos,
Pois
Não sabia seus nomes.

Dizia que
Se apaixonariam
Após sentar.

Vida de ilusão.
Todos amavam,
Mas
Eu achava uma
Gozação.

“AQUI É O BONDE DOS SEM NOÇÃO”
Gritava
Com a voz
Azucrinante
Que eles idolatravam..

Instigava
As pessoas
A me odiar.

A cada dez palavras,
Seis continham
Gíria.

“Sem neurose, tu não tá ligado”

Geralmente,
Não entendia
O que falava,
Porém
Era isso
O que elas queriam
Escutar.

Como aqui
Vim parar?

Olho meu reflexo,
E me odeio.

No fundo
Sou um pobre menino
Com uma vida
Exorbitantemente
Melancólica.

Irrito as pessoas,
Pois
Tenho medo
De que elas
Se aproximassem,
E depois me abandonem,
Como já fizeram.

Contenho
Um imenso amor
Em mim,
Contudo
Jamais poderei
Demonstrar.

Infelizmente,
Nada importa mais.

Mataram-me
Por meu falso eu.

Lamentavelmente,
Nunca conheceram
Meu verdadeiro
Eu.

Um menino...
Um inocente
Que só queria
Ser amado,
Mas
Preferiu
Ser bajulado.

CAIO R.G. DE OLIVEIRA 

O Outro lado do Pecado - OcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora