Luto

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Procuro-te
Sem pausas.

Brincadeira infantil,
Porém
Com razões especiais.

Pique-esconde infinito.

Procuro-te,
Mas
Já não há motivos
Para tal prática;
Todavia
Persevero,
Sonhando acordado:
Recebendo-te
Com abraço apertado.

Que final triste!

A polícia chegou.
Avisaram-me
Que não existe mais pretextos
Para a busca.
Encontraram teu corpo,
No entanto
Sem alma.

Tomei remédios
Para te esquecer.
Inútil,
Perda de tempo
Esse ato.

Não posso te retirar
De minhas memórias,
Preciso superar
A partida.

Partida
Que tu deste
No carro da vida
De encontro
Ao muro da morte.

Pequena e pura,
No entanto,
Com marcas tão funestas
Em lugares
Que eu nunca desejaria
Que tivesses sido tocada.

Disseram-me
Que morreste
Antes do ato.


Deveria sentir-me feliz por isso?

Só de te imaginar
Passando por tudo isso
Solitária e temerosa,
Faz-me querer te acompanhar
Nesse adeus.

Por que
Aconteceu isso logo contigo?

Quero matar
Aquele maldito!

Entretanto
Não posso
Me deixar levar,
Pois
Ainda tenho tua irmãzinha
Para cuidar.

Contudo,
Choro!
Pois
Sei que nunca mais verei
Aquele teu sorriso
De orelha a orelha
Quando ganhavas um sorvete!

Sinto falta até de teus berros
Quando vias uma aranha!

Por que...?!

Queria morrer
E me reencontrar contigo!

Na verdade,
Ainda quero,
Conquanto
Tua irmã me segura
Neste mundo horrível
Que é viver sem ti!

Sempre quando acordo
Vou ao teu quarto
Na esperança
De que
Tudo não se passou
De pesadelo e
Que tu ainda
Estás aqui
Segura e...
Viva!

CAIO R.G. DE OLIVEIRA

O Outro lado do Pecado - OcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora