Kara enxugou o suor da testa enquanto se apoiava no carvalho, aproveitando a sombra que ele proporcionava. Talvez cuidar do jardim num dia quente de julho não fosse o melhor plano que ela já tivera, mas pelo menos era um plano. Ela olhou para o estrago que havia feito, grata pelo o jardim parecer melhor do que realmente era. Ela retiraria as folhas e os detritos e depois veria se conseguia dar partida no velho leme. Algumas corridas com o leme devem quebrar o solo e impedir o crescimento de ervas daninhas. Então, no outono, ela pode realmente fazer fileiras e plantar alguma coisa. Sua avó ficaria orgulhosa.
Sim... ela estaria. Ela encheu seus comedouros para pássaros, o comedouro para veados foi enchido com milho e o borrifador de água no jardim dos pássaros fez um negócio constante. Ela olhou para a casa, para o deck, quase esperando ver a avó sentada em um canto ao lado, com o binóculo no colo, como sempre acontecia. A cadeira estava vazia... um lembrete.
Não precisava estar vazio, no entanto. Ela poderia pegar sua xícara de café da manhã e sentar lá. Esse tinha sido o momento tranquilo de sua avó. Seu avô sabia que deveria deixá-la sozinha até que ela estivesse pronta para entrar e preparar o café da manhã.
Ela afastou seus pensamentos, não querendo afundar em depressão. Hoje não. Não quando o dia parecia longo e solitário. Foi incrível a rapidez com que ela estabeleceu uma rotina com Lena e Leo. E como ela se sentiu perdida quando essa rotina foi quebrada. Mas ela achava que passar o dia separados era bom. Ela estava ficando muito apegada a eles do jeito que estava.
Ela sorriu. Apegada? Sim... essa era uma palavra segura. Estar apegado a alguém era completamente diferente de estar atraído por essa pessoa.
"Quem você está enganando?" ela murmurou. Ela era as duas coisas e sabia disso. Seu medo era que Lena suspeitasse. Apesar de suas palavras de que não a incomodava nem um pouco o fato de Kara ser gay, ela poderia manter distância, afastar-se dela. Lena poderia decidir que os três estavam passando muito tempo juntos. Ela deve...
Não. Foi quase o oposto. Lena estava se aproximando, na verdade. Ela não conseguia se lembrar da última vez que elas não passaram o dia juntos. E jantar? Sim, compartilhar o jantar também se tornou um ritual para elas. E o abraço de despedida? Sim, isso também era um ritual.
Kara se apoiou no ancinho, pensando na noite passada. O jantar foi simples: cachorro-quente e uma lata de chili. Leo achou que era a melhor coisa de todas. A taça de vinho depois do jantar se transformou em duas enquanto conversavam. Lena mais uma vez a convidou para se juntar a eles, dizendo que adoraria seus pais. Kara quase cedeu. Não eram seus pais que ela queria conhecer... ela queria simplesmente passar um tempo com Lena e Leo. Então ela recusou, usando Esther como desculpa. Mas quando ela se preparou para sair, o abraço de Lena foi um pouco mais apertado, um pouco mais longo. Kara ainda podia sentir a respiração de Lena fazendo cócegas em sua orelha, suas palavras sussurradas ainda frescas.
"Sentiremos sua falta amanhã."
Quando elas se separaram, seus olhos se encontraram. Kara pensou por um segundo louco que Lena estava prestes a beijá-la. O momento passou e Lena apertou seu braço, dizendo que seus pais partiriam antes do meio-dia de domingo.
Domingo. Amanhã. Era a vez de ela cozinhar. Ela pensou em ligar a churrasqueira e ver se conseguia duplicar as costelas do pai. Eles teriam um dia de brincadeira no rio com o balanço de corda. E jantar no deck.
Amanhã.
Mas hoje ainda parecia interminável. E limpar o jardim no calor do dia parecia estúpido. Então, ela jogou o ancinho no chão e voltou para casa. Fred estava no chão da cozinha — na casa fresca e com ar condicionado — observando-a pela janela. Seu rabo balançou quando ela abriu a porta, mas ele não fez nenhum movimento para se levantar.
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KARLENA - Quem De Nós Duas
FanficKara e Lena, ambas marcadas por perdas significativas, buscam uma renovação em suas vidas. Após enfrentar uma tragédia devastadora, Kara decide abandonar seu antigo trabalho, adotar um filhote e refugiar-se na antiga propriedade da família, em uma p...