Capítulo 49

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Lena não conseguia explicar suas lágrimas... nem para si mesma. Ela também não conseguiu detê-las enquanto continuavam a cair. Seu coração parecia estar sendo espremido para fora do peito, e ela envolveu os braços com força, balançando-se na cama, tentando manter suas emoções sob controle.

Oh meu Deus.

"Ah...Kara."

Ela enxugou os olhos. Foi... foi demais. Bom demais. Incrível demais. Ela sentiu como se alguém a tivesse conectado a uma tomada elétrica e a deixado lá. Como ela poderia ter tido seu primeiro orgasmo devastador? O que isso dizia sobre o casamento dela? Sobre Danny?

Ela virou o rosto no travesseiro e chorou. Foi isso? Ela estava se sentindo culpada? Foi muito cedo? Não. Não, não foi isso. A culpa que ela sentia era porquê... porque Kara a levou a alturas que ela nunca imaginou. E ela fez isso com a boca.

Ela rolou de costas e forçou os olhos a abrirem. Kara fez amor com ela. Kara. Uma mulher. A certa altura, quando a boca de Kara a tocou pela primeira vez, Lena pensou que ia desmaiar. Kara fez amor com ela com a boca.

"Oh... Deus... e foi tão incrível." Tanto que ela pensou que poderia morrer de prazer naquele momento. Quando seu orgasmo atingiu, foi tão intenso, tão poderoso, que ela sentiu como se seu corpo estivesse sendo dilacerado pela explosão.

A explosão ocorreu bem... em forma de lágrimas.

O que Kara deve pensar? Ela se sentou e esfregou o rosto. Ah, ela sabia o que Kara estava pensando. Ela se levantou rapidamente. Ela precisava encontrá-la, para explicar o que tinha acontecido.

"Deus... eu nunca choro," ela murmurou enquanto abria as gavetas, parando quando encontrou uma camisa.

Ela saiu para a cozinha e viu Kara pela janela, sentada na varanda, com os cachorros ao seu lado. Ela olhou para ela por um momento, sentindo-se tomada pela emoção ao vê-la.

Como vou explicar isso?

Ela finalmente abriu a porta. Kara não se virou, mas Lena sabia que ela tinha ouvido, pois houve uma leve inclinação de sua cabeça. Lena caminhou atrás dela, passando os braços em volta do pescoço.

"Desculpe. O motivo pelo qual você acha que chorei não é o motivo. Foi... foi demais. Eu não estava esperando por isso. Eu não esperava que fosse assim. Foi diferente. Foi uma boa diferença." Ela sorriu. "Foi uma grande diferença. E... e fiquei impressionada com isso. E... e eu não conseguia parar." Ela se abaixou, com a boca no ouvido de Kara. "Volte para a cama. Ainda não terminamos." Kara se virou e Lena viu marcas de lágrimas em seu rosto. "Oh, querida... não. Eu sinto muito." Seus olhos se encontraram e Lena se aproximou, beijando-a suavemente. "Foi tão... tão íntimo. Eu adorei", ela sussurrou. "Agora volte para a cama."

* * *

Lena ainda estava em seu peito e Kara olhou para baixo, os batimentos cardíacos quase a sufocando. Ela estremeceu ligeiramente quando os dedos de Lena saíram dela. Lena levantou a cabeça e seus olhos se encontraram.

"Então... você..."

Kara sorriu. "O que? Esse grito não me delatou?"

Lena aninhou-se ao lado dela. "Isso foi incrível. Estar dentro de você daquele jeito... sentir como você estava molhada." Ela moveu a cabeça, beijando seus lábios. "Você é tão macia. Sua pele..."

Kara passou os dedos pela bochecha de Lena. "Você está bem? Com... conosco? Com tudo?"

"Estou bem. Neste momento, estou bem. Honestamente, não tenho certeza se ainda estou registrando que somos... que somos amantes. Quando eu ver o Leo... hoje à noite, quando eu estiver sozinha... não sei. Neste momento, parece quase como se estivéssemos num sonho." Ela sorriu. "Um sonho muito, muito bom."

"Se for demais, Lena... se você precisar que paremos, podemos tentar. Podemos-"

"Nós podemos o quê? Podemos ignorar essa atração entre nós? Podemos fingir que não fizemos amor uma com a outra? Adoro estar com você, Kara, assim. O que fizemos hoje, não quero desfazer." Ela se sentou e se apoiou no cotovelo, a mão roçando levemente a barriga de Kara. "Eu quero ser honesta, no entanto." Ela olhou para cima e encontrou seus olhos. "Não sei o que posso lhe dar. Não sei até onde posso levar isso. Posso acordar amanhã e dizer 'o que diabos você estava pensando?' ou... ou posso ser dominada pela culpa e chorar no meu cereal." A mão de Lena foi até seu seio. "Eu não quero machucar você, Kara. Acima de tudo, não quero machucar você."

Kara sabia que havia uma boa chance de ela estar com o coração partido. Mas, como Lena havia dito, eles poderiam ignorar isso? A atração entre elas vinha crescendo há meses. Mas falar sobre isso agora, depois de terem feito amor, não era o momento. Ela não queria que nada tirasse o que ela estava sentindo. E esse era um contentamento silencioso que ela não sentia há tanto tempo que mal o reconhecia.

Então ela pegou a mão de Lena – os dedos que estavam dentro dela momentos atrás – e levou-a à boca, beijando-a suavemente antes de entrelaçar os dedos.

"Acho que deveríamos levar você de volta. O ônibus escolar estará chegando em breve."

"Que horas são?"

Kara olhou além de Lena para o relógio na mesa de cabeceira. "Quase três."

Lena suspirou. "Sim. Eu devo ir." Ela se inclinou e beijou Kara. "Você perguntou se eu estava bem. E você?"

"Estou com medo", ela respondeu honestamente.

Lena assentiu. "Eu também." Ela se sentou e segurou a bochecha de Kara. "Foi um lindo dia, Kara. Obrigada por isso."

KARLENA - Quem De Nós DuasOnde histórias criam vida. Descubra agora