Capítulo 53

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"Gosto quando você faz hambúrgueres", disse Leo enquanto se sentava em uma cadeira, observando-a colocar os hambúrgueres na grelha.

"Eu acho que sim. Você sempre pede que eu faça eles." Kara olhou para ele. "Você está animado para amanhã?"

Seus olhos brilharam. "Sim! Nunca estive em um acampamento antes. Aaron diz que eles vão muito."

"Devíamos ter praticado", disse ela. "Mas você vai se divertir."

"Você já esteve em alguma reserva antes?"

"Sim. Costumávamos ir quando as folhas mudavam. Fazíamos uma caminhada. Era divertido."

"Sim... vamos fazer caminhadas também."

"Então, quantos vão?"

"Seis de nós, meninos, depois o pai de Aaron e o pai de Joey."

"Bom. Você vai se divertir muito."

Seu rosto jovem ficou sério. "Você e mamãe ficarão bem sem mim? Especialmente mamãe. Ela não está acostumada a ficar sozinha à noite."

Kara escondeu o sorriso. "Você sabe o que? Talvez eu devesse convidá-la para ficar comigo amanhã à noite. Ela e Simba."

Ele assentiu. "Sim. Essa é uma boa ideia. Você acha que ela vai aceitar?"

"Não sei. Vamos perguntar a ela."

"Perguntar-me o quê?" Lena disse enquanto trazia o prato com mais ingredientes para colocar nos hambúrgueres.

Leo olhou para Kara e ela acenou para ele.

"Estávamos pensando... já que vou embora amanhã à noite, talvez você devesse passar a noite aqui com Kara. Você e Simba."

Lena ergueu uma sobrancelha e depois se virou para Kara, com um sorriso nos lábios. "É isso que você estava pensando?"

"Sim. Leo estava preocupado com você estando lá sozinha." Ela não conseguia mais esconder o sorriso. "Sabe, tenho muito espaço aqui. Acho que aguentaria você por uma noite."

Lena riu. "Bem, então acho que vou planejar uma festa do pijama amanhã." Ela beliscou a bochecha de Leo. "Não quero que você se preocupe comigo enquanto estiver fora."

Kara bagunçou seu cabelo afetuosamente. "Eu tenho uma coisa para você. Volto logo."

Ela entrou e desceu o corredor até o quarto de Alex. Ela parou apenas um segundo antes de abrir a porta. Ela esteve lá duas vezes. Uma vez, para pegar um calção de banho para Leo, quando eles fugiram para ir ao rio. Então, novamente, quando eles foram pescar, ela pegou a vara e o molinete que deu a Eddy no Natal. Ela foi até o armário e o abriu. No fundo, contra a parede, estavam os dois bastões de caminhada que ela dera aos meninos há vários anos. Ela pegou o maior dos dois – era de Luke – e envolveu o topo do eixo com os dedos, segurando-o com força por um momento. Era de um dos muitos zimbros da propriedade. Ela cortou, lixou bem, depois pintou e envernizou. Uma tira de couro estava enrolada em um buraco na parte superior e ela havia gravado um L no cabo. L para Luke.

Ela segurou-o perto do peito por um momento, lembrando-se do rosto sorridente de Luke quando ela o deu a ele... lembrando-se das vezes em que ele o usou quando eles subiram a trilha no Mule até Antler Peak.

Ela respirou fundo, esfregando o dedo na alça por um segundo. Agora... L era para Leo. Luke não se importaria que ela estivesse dando seu bastão e sabia que Leo iria adorar.

Ela o segurou atrás de si quando voltou para o convés. Lena estava sentada na cadeira que normalmente usava, segurando uma taça de vinho. Leo estava esperando, olhando para ela com expectativa. Ela sorriu para ele e tirou o bastão de caminhada das costas.

"Eu quero que você fique com isso", disse ela. "Você pode precisar disso amanhã."

Como esperado, seus olhos se encheram de admiração ao pegá-lo. Ele viu o L e olhou para cima e encontrou os olhos dela. Ela assentiu.

"Sim, era de Luke. Fiz isso para ele há alguns anos. Eu quero que você fique com isso."

"Uau," ele sussurrou enquanto suas mãos sentiam a madeira lisa. Então ele olhou para cima. "Tem certeza?"

"Tenho certeza."

Ele a abraçou com força e ela teve que conter as lágrimas. "Obrigado, Kara."

"De nada."

Ela foi até a grelha, virando os hambúrgueres, mesmo que eles pudessem ter durado mais um minuto. Qualquer coisa para manter suas emoções sob controle. Então ela sentiu Lena ao seu lado. Ela se inclinou mais perto, até que seus ombros se tocassem. Lena parecia saber que precisava desse contato e se pressionou contra ela.

"Posso experimentar?"

Lena foi quem respondeu. "Claro querida."

Leo e os cachorros saltaram para fora do deck e ele seguiu pela trilha em direção ao jardim. Kara se viu envolvida em um abraço apertado assim que ele se foi.

"Eu te amo", Lena sussurrou em seu ouvido. "Você é a pessoa mais doce que já conheci."

Kara agarrou-se a ela, enterrando o rosto no pescoço de Lena. Ela não chorava há muito tempo, as lágrimas surgiram sorrateiramente sobre ela agora. Lena esfregou suas costas suavemente, deixando-a chorar.

Ela finalmente respirou fundo. "Desculpe."

Lena se afastou um pouco, enxugando suavemente as lágrimas do rosto. "Leo sabe o quanto você amava seus sobrinhos. Para você dar isso a ele... bem, ele sabe o que isso significa."

Ela assentiu. "Obrigada. Eu precisava de um abraço."

"Eu sei." Lena deu um passo para longe dela. "Então... uma festa do pijama amanhã à noite, hein?"

Kara sorriu, afastando a tristeza. "Sim. Que tal isso? Não foi gentil da parte de Leo sugerir isso?"

"Sim, foi." Ela mexeu as sobrancelhas. "Eu mesmo ia sugerir."

Kara manteve os olhos fixos. "Então teremos o dia inteiro?"

"E a noite. E a maior parte do domingo", disse Lena. "Como devemos gastar esse tempo?"

Kara encolheu os ombros. "Você quer sair? Talvez ir até o centro e... jantar?

"Como um encontro?"

"Sim... como um encontro."

Lena olhou para ela. "Acho que gostaria disso." Então ela baixou a voz. "Embora se acabarmos em um restaurante mexicano, nunca devemos contar a Leo."

* * *

"Foi gentil da parte de Kara me dar isso, não foi?"

Lena sorriu quando a bengala ficou presa entre suas pernas enquanto ele terminava sua tigela de sorvete.

"Sim, foi."

Ele olhou para ela. "Ela estava triste?"

"O que você quer dizer com isso?"

"Eu vi vocês se abraçando", disse ele. "Ela estava chorando?"

Lena engoliu o pânico que sentiu. Então ele as viu se abraçando, hein? Mas aos seus olhos, não era algo fora do comum. Ele já as tinha visto se abraçarem antes. Aparentemente, ele sentiu que Kara precisava de conforto. Ela assentiu.

"Sim, ela estava chorando. Mas ela não ficou triste por ter te dado a bengala, querido. Ela estava apenas se lembrando do sobrinho, só isso."

"Isso sempre a fará chorar?"

"Eu não sei."

Ele ficou quieto por um momento, depois olhou para ela. "Quando me lembro do papai, não choro mais."

Ela caminhou para a parte de trás da cadeira dele e colocou as mãos em seus ombros. "Acho que talvez ela estivesse chorando por sua causa", disse ela gentilmente.

"Por que?"

"Porque ela te ama. Este foi um presente que ela fez para ele... e agora ela estava dando para você... porque ela ama você, como ela o amava." Quando ele olhou para ela, ele tinha lágrimas nos olhos. Ela se abaixou e beijou sua bochecha. "E não há problema em chorar, querido."

KARLENA - Quem De Nós DuasOnde histórias criam vida. Descubra agora