Capítulo 19

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Mercedes

Mercedes evitou qualquer entrosamento com os novos rapazes, mas não deixou de notar que talvez o cupido tenha acertado seus amigos. Lea nem tinha entrado no salão quando decidiu que iria sentar na mesma mesa que Gabriel. Lorena tinha sumido e só Deus sabia onde aquela garota estava. Pietro tomou o lugar de Lorena e conversava animado com Ameline. Até mesmo a irmã mal-humorada de Madalena parecia meio boba. Mercedes percebeu que estava sobrando na mesa e levantou.

Nem ousou subir as escadas para o outro salão. Sabia que lá não seria bem-vinda. Para alguém que nem tinha a intenção de ir ao evento, Madalena se deu muito bem.

Ela esticou a mão para uma bandeja e pegou uma taça de champanhe. Seus olhos encontraram o jardim do lado de fora do salão. O tempo estava nublado, e ameaçava chover. Merci estava decidida que iria dar uma volta antes que os pingos começassem a cair.

Outros convidados passeavam e tiravam fotos da paisagem. As flores daquele jardim mereciam uma recordação.

Enquanto outros seguiram até a fonte, Mercedes decidiu ir pelo túnel de flores lilases. Além de ser um belo caminho, o tom das flores combinava com seu vestido. No fim do túnel encontrou outro pequeno jardim. Nesse havia um balanço de ferro, uma fonte cheia de peixes dourados e um bebedouro para os passarinhos. Era um lugar realmente encantador.

Merci ajeitou seu vestido e sentou no balanço. Ficou ali por um tempo observando os peixes nadarem de um lado a outro. Sentiu-se como se estivesse em um conto de fadas.

— Você faz parte desse jardim?  — Um rapaz de pele marrom, cabelos lisos e fartos, estava parado na saída do túnel, com as mãos nos bolsos.

—  Como é? — Ela levantou e cruzou os braços. Não podia acreditar que um cara aleatório estava a paquerando bem ali.

—  Seu vestido é da mesma cor que as flores.

— Ah! — Merci balançou a cabeça em positiva. Sentiu-se um pouco egocêntrica por achar que ele estava a paquerando.

— Desculpe atrapalhar seu momento de reflexão, mas não pude deixar de notar, você realmente está parecendo com uma daquelas princesas da Disney.

(Dessa vez foi uma cantada?)

— Obrigada! — Mercedes deu um sorriso bobo, mas logo se recompôs.  Onde já se viu sorrir para alguém assim?!

— Desculpe, não me apresentei. — Ele estendeu a mão para ela.  — Eu me chamo Elijah, e você?

— Mercedes.

— Era o nome da minha bisavó.

Mercedes franziu a testa.

— Não! Quero dizer, não estou dizendo que é um nome de velho, só que não é um nome de gente nova e...

— É melhor você ficar quieto.

— Certo. — Elijah passou a mão nos cabelos negros.

— Pode me chamar de Merci, é assim que todos me chamam. — Ela sentiu pena dele. Talvez fosse tímido e não soubesse conversar direito.

Pena de um estranho. Mercedes estava começando a não se reconhecer mais.

— Merci é um apelido legal. O pessoal do meu trabalho costuma me chamar de Starboy, na verdade era Black Star, mas o pessoal do RH achou que era meio racista. — Ele riu.

— Starboy? Tá certo que sua pele lembra a do The Weeknd, mas não te achei parecido com ele.

— Ah! — Ele gargalhou. — Meu apelido não vem do cantor. Como posso explicar. Huum... Sou um rapaz das estrelas. — Elijah balançou a cabeça. — Quero dizer, eu sou astrônomo.

—  Um astrônomo por aqui? Achei que só veria empresários.

Ele mostrou o broche do pavão colorido:

— Sou só um dos acompanhantes do meu irmão. Ele que é o empresário por aqui. Se precisar de um carro para alugar em Atlas, procure por ele.

– Obrigada pela dica, mas não sou de Atlas.

– Mas mora aqui nas montanhas, certo?

— Sim, moro em Milus.

– Atlas não é tão longe.

— Certo, Elijah. – Merci fez esforço para não revirar os olhos. Sentou naquele balanço porque queria sossego e não ficar de papo furado com um estranho. – Vou voltar para o salão, está começando a chover por aqui.

— Posso acompanhá-la?

— Pode. — Como se ela tivesse escolha.

— Gosto muito de Milus. Visitava a cidade só para observar as estrelas na Colina da Luz. — Já foi lá a noite?

— Sim, é um lugar bonito. — Mercedes jamais contaria que o casarão ficava perto da Colina da Luz. Duas ruas antes para ser exata.

— O que você faz, Merci? – Elijah não tirou os olhos do broche dourado preso no peito dela.

— Tenho uma esmaltaria bem famosa em Milus.

— Sério? Isso é incrível. Quando eu era criança, não tinham tantas empresárias nesse evento como agora. Cada mulher que eu vejo aqui acho importante, é uma evolução.

—  Essa é a minha primeira vez em um evento como esse. — Mercedes jamais imaginou que seu pequeno negócio fosse chamar a atenção dos realizadores.

— A primeira de muitas, pode ter certeza. — Elijah sorriu com tanta confiança que Merci quase acreditou nele.

— Obrigada. — Os dois entraram no salão. — Minha mesa é a 14.

— A minha é a 7. — Ele apontou para cima. — Gostei da nossa conversa. Posso voltar aqui depois?

Merci deu de ombros:

— Pode. — Pelo menos ela não sobraria mais no meio dos amigos.

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