Dia frio

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  Já tem alguns dias desde o piquenique, eu tenho estado bem pensativa sobre aquela situação, não mudei meu jeito com Ambre, não vejo necessidade disso, mas ela tem estado um pouco distante, mesmo perto de mim, sua mente está longe.
  Meio que estava pensando em pedir ela em namoro no ano novo, mas não tenho tanta certeza disso agora.. por mas que eu esteja completamente apaixonada por essa mulher, pedindo ou não, eu ainda estou arrumando coragem para dizer aos meus pais sobre a minha sexualidade. Eu preciso resolver isso. Não sei dizer se eles são do tipo "conservadores", eles na minha adolescência sempre foram tranquilos comigo, só era punida se fizesse besteira. Eu sei que não deveria ter medo, não moro mais eles a anos, consigo me sustentar e estou quase me formando, mas tenho medo de que eles parem de falar comigo por eu ser quem sou... não tem como mudar como me sinto ou como eles vão se sentir.
  O natal está chegando, irei passar lá, acho que é uma ótima oportunidade para contar a eles sobre minha sexualidade, mas não quero estragar as festas com esse "drama".
  Enquanto me torturo com isso, a Ambre está dormindo calmamente do meu lado, em um sono tão profundo que a invejo, faço cafuné nela, que nem se mexe.
  Hoje faz um dia frio, talvez seja o primeiro dia de neve, queria poder levantar e por minha habilidade em fazer chocolate quente em prática, mas Ambre está abraçada em mim, de uma maneira que sinto pena de deixá-la só. 
Aos poucos ela abre seus olhos verdes e dá um sorriso encantador.

— Bom dia Lynn. — Se aproxima e me dá um beijo carinhoso.

— Bom dia meu amor.

— Hoje tá tão frio, não quero sair daqui. — Ela me abraça mais forte. Talvez hoje ela não fique tão distante.

— Que tal eu fazer um café da manhã pra ti? coloco minhas habilidades em fazer chocolate quente em dia.

— Não, significa que você teria que sair de perto de mim. Não quero.

Lhe dou um sorriso de leve, e a beijo.
— Eu prometo que volto em um minuto.

Me levanto e calço minhas pantufas de gatinhos e vou até a cozinha, não é um caminho grande já que meu apartamento é pequeno, preparo dois chocolates quentes e faço panquecas, ok, talvez eu tenha me empolgado um pouco, mas toda vez que eu tô na cozinha, me transformo em uma masterchef. Depois de uns 15min, Ambre aparece atrás de mim.

— Que um minuto demorado amor.

— Mil desculpas, eu me empolguei, quis fazer um café da manhã digno pra você!

— Não precisava, eu não estou com muita fome.

— ...Poxa, tudo bem então, pelo menos tome chocolate quente. — Entrego pra ela. Ela apenas sorri um pouco sem graça.

Há um tempo tenho percebido que a Ambre tem uma situação meio estranha com comida, nunca perguntei nada sobre, tenho medo de invadir sua zona de conforto. Resolvo mudar de assunto.

— Então, você já sabe onde vai passar o natal??

— Com a minha mãe e o Nath, provavelmente eu vou para casa de campo do meu falecido avô.  Você vai passar com os seus pais?

— Sim, vou ter que viajar pro interior, e também vou usar o natal de pretexto pra me assumir..

Ela me olha surpresa.

— Sério?? Que bom, e como você acha que eles vão reagir?

— Não sei, acho que bem, quer dizer, eu espero que bem. Tô bem nervosa, não quero ficar me escondendo ou escondendo você, oque a gente tem.

— "Oque a gente tem"? Você não acha um pouco cedo pra decidir isso?

  Ok, acho que nós vamos finalmente ter essa conversa depois de tudo aquilo do piquenique, logo de manhã, ainda eu nem toquei nas minhas panquecas. Estou com um pouco de medo. Será que a Ambre não gosta de mim? pelo menos não do jeito que eu gosto dela.

— Como assim? Eu pensava que você..

— Não, calma, eu gosto de você, tô apaixonada por você, mas é que, você é nova "nisso", acabou de se descobrir, você não está com medo? Nós voltamos a nos falar a oque? 5/4 meses? Nós mal nos conhecemos.

— Eu tô morrendo de medo de me assumir, mas eu não quero ligar pra isso, por você.

— Desculpa, acho que eu só pensei demais.

  Ficamos em silêncio, sem olhar pra cara da outra enquanto tomávamos o chocolate quente. Talvez eu tenha levado as coisas pro outro lado, já que é a minha primeira vez me envolvendo com uma garota, estou me sentindo tão mal agora.          
— Isso é por causa do piquenique?

— O que?

— Você tem estado estranha dês daquele dia Ambre.

Ela suspira.

— Sinto muito, não foi minha intenção. Eu não queria te encher com os meus problemas, então me afastei, foi inconsciente.

— Porque?

  Ela pensa e repensa sobre como ou oque ela poderia dizer, talvez eu tome um grande fora agora.

— Meu pai, vai ser solto..

  Sinto um aperto no meu coração, eu esperava tudo, menos isso. Não consigo nem imaginar como deve estar o coração da Ambre, me aproximo dela e a abraço.

— Ele não pode se aproximar da minha família, mas quando soube que ele iria sair, eu fiquei com tanto medo dele tentar fazer alguma coisa com o Nath de novo ou.. comigo. — Ela não contém a lágrimas, eu a abraço mais forte.

— Eu não consigo imaginar como você tá se sentindo agora Ambre.. ele não vai te fazer mal algum, eu vou estar aqui pra te proteger.

Tiro um sorriso bobo dela e limpo suas lágrimas.

— Eu nunca contei para ele que sou lésbica, quem contou foi a minha mãe, quando ela ainda visitava ele. Ela não me aceitou na época, meses depois, ela me disse que contou para ele, e que ele reagiu muito mal.. Você queria me conhecer mais né? Eu sou.. só uma fudida com problemas com o papai além do problema com comida.

— Não fala assim de você mesma, eu queria que você se visse da maneira que eu te vejo.

— Você me perdoa?

— Mas é claro, por favor não esconda mais essas coisas, confia em mim.

  Ela não me responde, apenas me abraça e espera as lágrimas pararem, o que demora muito, apenas fico fazendo carinho na sua cabeça, até ela se sentir melhor.
  Depois, que Ambre se acalma, ela finalmente decide comer, e aprecia minhas panquecas. Passamos o dia na cama vendo filmes natalinos que aquecem o coração.
  Me sinto mal por todo essa situação, porque sei que não posso fazer nada, queria poder guardar a Ambre em um potinho e proteger ela do mundo, pelo o que ela disse, o pai dela não aceitou muito bem quando ele soube que ela e lésbica, além da agressão que ele cometia com o Nath. Há tantas coisas na história dessa família, será que algum dia eles realmente foram felizes?
  Até cogitei em chamar ela pro natal lá em casa, será que vai dar certo?

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Dessa vez fui tão rápida que nem eu acreditei KAKAKAKAK enfim, espero que tenham gostado. Como jaja a fic acaba tava pensando em fazer outras fanfics de amor doce (além das outras fic que tenho em mente) bom sobre as de amor doce, além de fazer dos paqueras mesmo, tava pensando que poderia fazer uma da Kim, Violet ou Rosa (minhas 3 crushs supremas) o que vocês acham??

Your Lips - Amor Doce Ambre (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora