Estavamos no fim do inverno, Milo se viu sem condições de continuar, estava com tanta fome que sentia seu estômago o devorar de dentro para fora, ele ainda tinha alguma esperança que alguém o ajudasse no começo, mas agora, realmente teve que admitir que não faria diferença pra ninguém se ele vivesse ou morresse
Sem escolha, o garoto raposa pegou seu cobertor, o usando como um casaco para se aquecer e foi em direção a floresta, ele estava carregando apenas um cesto velho e um machado quase cego de cortar madeira
Milo subiu a colina por um bom tempo, ele não estava muito aquecido e andava tremendo, mas não era o suficiente para morrer de frio, ele tentou cavar algumas raízes, mas todas estavam secas ou mofadas.
Todos os lugares na floresta foram revistados, buracos em árvores ou até mesmo no chão, mas era muito difícil achar animais, quando sentiam qualquer vibrações, eles fugiam, por sorte quando ia voltando para casa, ele encontrou um pequeno ratinho, Milo andou sorrateiramente sobre a neve, tentando fazer o mínimo de barulho possível, ele era uma raposa das neves, seu forte deveria ser pegar presas na neve, era uma pena que essa habilidade não lhe foi ensinada
A tentativa foi ineficaz quando Milo tentou atacar sua presa, ele tropeçou em suas próprias pernas caindo sobre a neve enquanto o rato fugia para se esconder no meio da floresta. Ele não se deixaria abalar por algo assim, e continuaria tentando, até achar algo satisfatório para comer.
Vendo que procurar pela floresta não seria útil, ele escolheu sua última opção, que seria encontrar peixes, os peixes ficavam mais lentos no inverno e ficariam perto da superfície da água, só que era muito difícil tentar pegá-los, quebrar as grossas camadas de gelo exigiriam muita energia, além de que ele teria que procurar um peixe na água que estava extremamente fria, sem conseguir aumentar sua temperatura ele provavelmente morreria congelado
Mas ainda assim seria muito eficiente se ele encontrasse algo pra comer, Milo chegou ao lago e andou sobre o gelo que cobria a água, as camadas eram realmente grossas e não dava nenhum sinal de rachar ou quebrar com seu peso, ele pegou seu machado cego e usou o cabo de madeira para bater no gelo, ele tinha medo de usar a parte afiada do machado e fazer uma rachadura muito grande, assim caindo no gelo e afundando sem conseguir subir
Ele estava tão empenhado em bater no gelo que não viu o dia passar, ele conseguiu abrir um buraco aceitável, sua mão cabia dentro mas não parecia ter nenhum peixe onde ele quebrou, suas mãos já estavam tremendo, a ponta dos seus dedos estava vermelha, e ele repensava se tentaria abrir mais um buraco.
Um som foi ouvido, gritos altos vinham junto com risadas distorcidas, Milo mexeu suas orelhas naquela direção, eram outras pessoas, ele ficou receoso, o sol já estava abaixando e ele não sabia o que fazer, poderiam ser pessoas boas ou más, ele tinha muito medo, nunca teve um verdadeiro contato com pessoas.
Confuso ele ainda saiu do meio do lago onde não tinha onde se esconder e foi para a borda segurando seu machado firmemente nas mãos. Ele ficou agachado atrás de um pinheiro que estava cheio de neve escondendo sua presença
Um trio de machos apareceu no meio da floresta, eles tinham um sotaque pesado e usavam roupas pesadas de couro, também tinham algumas armas como facas e machados, Milo não deu muita importância, ele só queria que eles fossem embora para que ele pudesse voltar para casa.
Um dos homens se sentou à beira do rio, parecendo cansado, seu corpo estava um pouco sujo de sangue, eles eram homens fera, um parecia ser híbrido de lobos, o outros dois eram uma onça e uma hiena
Homem lobo estava segurando uma corda insatisfeito, a corda parecia estar arrastando algo " tsk não acredito que esse filhote de alce deu tanto trabalho, se os chifres deles não fossem caros realmente não me daria ao trabalho de pegar um"
Milo ouvindo isso se mexeu um pouco atrás da árvore, mas a neve era fofa e disfarçava o barulho, os três homens não se importavam com esse pequeno som, eles estavam resmungando alto, milo seguiu com os olhos até a ponta da corda, o alce que estava sendo arrastado era um conhecido da aldeia, ele era um dos adolescentes que sempre o perturbava, eles e seu grupo sempre vinham pisar nas suas poucas plantações, mesmo assim ele se sentiu muito mal vendo aquilo, o garoto estava todo machucado ele provavelmente apanhou muito desses bandidos, ele deveria voltar logo e avisar o líder da aldeia para que ele viesse salvar o jovem.
Pensando nisso, os homens pareciam que iriam descansar nesse local, o que tornava realmente perfeito, se ele corresse provavelmente daria tempo para vir e voltar antes do amanhecer
Quando ele se levantou para sair enquanto os homens estavam distraídos, o jovem alce abriu os olhos e ainda meio grogue ele viu aquela silhueta familiar da pequena raposa, ele pediu ajuda silenciosamente, já que nenhuma voz saiu de seus lábios
Milo não percebeu o pedido de ajuda, ele estava ocupado tentando não fazer nenhum barulho.
Vendo aquilo, o jovem alce ficou desesperado, além de uma raiva interior começou a queimar em seu coração e um pensamento cruel passou por sua mente
Usando sua voz rouca e distorcida ele usou suas últimas forças para gritar por ajuda para Milo "MILO ME AJUDE! ESSES HOMENS CRUEIS ME PEGARAM, CONTE PARA O BANDO"
Os três homens ouviram a gritaria e procuraram pelo intruso, o lobo viu milo saindo escondido do meio dos arbustos "Merda ! Eu vou pegar ele, fiquem aqui "
Milo ouvindo o barulho se assustou, e começou a tremer de medo, ele saiu correndo o máximo que podia, mas suas pernas eram ruins o que o faziam ter imensa dificuldade em correr 100 metros
Vendo isso o homem lobo não pode deixar de rir " Não me diga que esse bastardo estava gritando por socorro por um coxo"
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Neve Quente
AcakSe aquecendo dos dias frios com um pouco de amor. Conta a história de dois homens fera indesejados, procurando um objetivo para continuar vivendo, talvez algo que cure suas almas quebradas pela vida Edição de capa feita por @Ellen_Alencar