3. A revelação

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POV CARLISLE

Eu coloquei um short e entrei na cozinha, pronto para iniciar meu plano. A primeira coisa que vi foi à meia luz que começava a se instalar pelas frestas da nossa cozinha. Esme estava chorando, calmamente enquanto esquentava nosso sangue. Encostei na bancada da cozinha esperei ela me olhar.

-    Quer me contar?

-    Não tem o que falar...

-    Você está chorando, Esme. Algo deve ter para falar... está com medo? Desconfortável?

-    Sim, Carlisle... tudo isso! – Ela acusou irritada.

-    Não vai ser fácil, mas vamos nos achar... - Coloquei a mão carinhosamente na cintura dela. – Confie em mim.

-    Eu estou tomando morfina. Para a dor de cabeça. – Ela confessou. – Sei que...

-    Morfina? – Fiquei chocado. – Onde você...

-    Eu tenho o número do seu registro. – Confessou. – Morfina resolve a dor, e junto com ela várias outras coisas. Não era meu plano, mas... ajuda. Deus, falando em voz alta parece mais absurdo do fazer... Eu sei que morfina não é indicado para isto, mas eu estava tão irritada com tudo...

Eu poderia ter acusado muitas coisas ali, poderíamos começar uma discussão, mas o que isso resolveria? Sim, ela estava usando meu registro sem eu saber, usando algo que a viciava, e resolvido o problema da pior forma possível. Tudo isso era verdade. Porém, o que adiantaria brigar? Estávamos ali para nos achar, e não nos perder mais. Eu estava com um gosto amargo na boca, mas o engoli naquele momento - não era hora nem lugar para aquele sabor.

-  Obrigado por me contar. - Falei com o tom de voz baixo, o mais controlado possível. - Onde está a morfina?

- Podemos não falar sobre isso agora?

- Esme. - Eu falei um pouco mais sério agora. - Há quanto tempo você está usando a morfina?

- 7 desses 8 meses...

Eu engoli seco, quase soltando um palavrão. Fechei o punho, para direcionar a raiva para algum local.

- Onde está?

- Minha necessarie. - Ela falou, baixo.

- Eu vou pegar, está bem?

- Uhum.

Ela se concentrou em esquentar o sangue que havíamos levado, focando nas panelas, com uma certa facilidade.

- Talvez seja melhor eu desfazer nossas malas também. - Decidi.

- Não. Eu faço isso. - Esme sorriu, um meio sorriso.

- Você está fazendo a janta, eu posso....

- Eu faço. - Insistiu.

Algo na minha mente me deu um alerta.

-Talvez seja mais fácil eu pegar a morfina, Esme. - Falei com a voz calma. - Talvez seja melhor você não ter mais acesso à ela.

O tom de confusão no olhar dela não conseguia decidir, se eu não confiava nela, ou se eu estava de fato cuidando dela. Era um pouco dos dois, eu admiti para mim mesmo, e eu sabia bem, morfina viciava, e rápido. Aquilo ia ficar feio, muito depressa - e eu tinha que estar preparado.

- Tudo bem. - Ela concordou.

Eu levei a mão até o fogão, e desliguei o fogo. Talvez fosse melhor, não causar uma indigestão. Encarar os problemas enquanto eles se colocavam.

Ajudei Esme a se virar para mim, e emoldurei o rosto dela com minhas mãos.

- Como eu não percebi?

- Não é culpa sua. - Ela negou.

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