Capítulo 8: Quarto

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Chegando na frente da minha casa olho para ele. 
- Quer entrar? - O garoto sorri.
- Se você tá chamando eu não vou recusar. - Dou uma leve risada.
- Vem. Sorte que meus pais sempre vão ao culto de manhã. - Digo abrindo a porta e entrando. Brendan me segue e caminha junto comigo até meu quarto. - Pode ficar a vontade. - Falo e ele começa a andar pelo espaço.
- Você toca ukulele? - Pergunta pegando o objeto que estava pendurado na parede.
- As vezes, sou horrível em tocar. - Ele me olha de canto com um sorriso de lado. Fico pensando por alguns segundos até me tocar. - EM TOCAR UKULELE! SOU HORRÍVEL EM TOCAR O INSTRUMENTO! Não que eu seja bom em tocar.... NÃO QUE EU TOQUE. É QUE... Ai Deus. - Ele ri. Pelo menos meu constrangimento serviu pra eu ouvir a oitava maravilha do mundo.
- Tudo bem. - Fala em meio de risos. - Ele tem nome?
- É... Não.
- COMO NÃO? Você tem um pai terrível, ukulele, terrível. - Diz fazendo carinho no instrumento.
- Ah, vai falar que tudo seu tem nome?
- Claro! Minha guitarra chama Gerard, meu baixo chama Billie Joe, meu skate antigo chamava Vic, e o novo... - Do nada ele para.
- Viu, o novo não tem nome! Não pode me julgar tanto. 
- Claro que tem! Mas você vai me achar um maluco se eu falar. 
- Cara, já te acho maluco por colocar nome em objeto, mais que isso não vai.
- Eu ganhei ele no dia que você me disse seu nome, o nome dele é Issy, por causa de Isak... - Disse tímido. Ele é tão lindo com vergonha. Não consigo evitar de sorrir.
- Que fofo! Ai meu Deus eu amei! - Ele sorri com seu rosto meio vermelho e coloca meu ukulele em posição para tocar.
- Tem que dar um nome pra ele agora. - Penso um pouco.
- Breny. - Respondo e ele fica mais vermelho.
- Certo. - Diz passando os dedos pelas cordas e colocando de volta no lugar.
Me sento na cadeira e ele em minha cama.
- O que costuma fazer? - Pergunta.
- Em casa normalmente eu faço trabalho, como, tomo banho e durmo.
- Não tem um passa tempo? Um robby?
- Ah... Sim, mas ele é em outro lugar.
- O que faz?
- Atuo. - Ele sorri.
- Pode atuar pra mim? - Dou risada. 
- Atuar o que? Nem tenho roteiro.
- Faz uma cena do seu musical favorito então. Só quero te ver atuar. - Balanço a cabeça negativamente.
- Não... Se quiser tenho vídeo de uma peça que fiz. - Ele sorri maior e mais animado.
- Mostra! - Pego meu celular, me levanto e sento ao seu lado com o vídeo pronto. O vejo assistir na maior concentração. Acho fofo, um quase estranho se interessa mais nos meus interesses do que meu ex. O vídeo acaba e ele me encara boquiaberto. - Você atua muito bem! - Dou um sorriso.
- Obrigado, mas não é pra tanto.
- Como não?! Cara você gritando com o outro personagem, eu senti daqui. Quando tiver apresentação me fala que eu vou ser o primeiro a ver! - Concordo tímido. - Me mostra mais. - Pego outro vídeo e assim passamos boas horas vendo.

Quando chegamos eram umas oito e meia, agora já bate dez horas e o celular dele toca.
- Oi mãe! Não, tudo bem, não me atrapalhou. VOLTAR?! Não vão almoçar aí? Ah sim, tudo bem, no almoço posso ir. - Ele desliga. - Bom, minha mãe vai voltar mais cedo então tenho que ir. Gostei de te ver atuando. - Ele sorri.
- Beleza, eu te levo até a porta. - Descemos as escadas e me despeço, vejo-o sair correndo e dou uma leve risada e volto ao meu quarto.
Por que será que pela primeira vez e muito tempo senti conforto nessa casa? Tenho medo do que esse sentimento pode trazer, não quero me apaixonar de novo, não quero viver tudo aquilo de novo. Tenho medo de ser rejeitado novamente apenas pelo meu gênero, medo de me declarar e entregar por quem não merece. Talvez Brendan só seja legal agora que está me conhecendo, talvez nunca tenha passado pela cabeça dele se envolver. 
Mas está tudo bem eu continuar falando com ele as vezes, afinal, não é paixão se eu não sigo ele nas redes sociais ou tenho o contato, então tudo bem! Até porque, é o que Sara falou, como posso confiar em um cara que eu mal conheço ou falo. Eu até posso sentir verdade nele, mas até aí, sentia verdade também no meu ex.

O Garoto do SkateOnde histórias criam vida. Descubra agora