Capítulo 10: Loja

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De manhã acordo com meu despertador tocando, desligo-o, olho para o lado e vejo Brendan dormindo de costas para mim. Ele parece tão em paz, quem imaginaria que ele estava chorando tanto ontem. O vejo virar para meu lado e percebo que acordou, dou um sorriso sem graça e ele retribui logo se espreguiçando.
- Temos que ir para a escola? - Ele pergunta sonolento.
- Eu tenho. Você tem que ir para casa. - O garoto me faz uma careta. - O que foi? Tem que pegar suas coisas. Não pode faltar tanto nas aulas como você tá faltando, vai repetir esse ano por falta.
- Você só sabe das vezes que eu não fui nesse meio tempo que nos conhecemos.
- E já são muitas. Posso ir pra sua casa com você, mas tem que me prometer mais frequência.
- Você pode me ver sempre na pista, Is, não precisa me fazer ir pra escola. - Sinto minhas bochechas queimarem e dou um leve tapa em seu braço.
- Então não vai. Fica ai e repete o último ano. Se fode. - Digo me levantando indo em direção ao meu banheiro, porém quando chego perto da porta Brendan me puxa pelo braço, me obrigando a parar.
- Se eu repetir podemos estudar juntos. - Diz e eu o olho.
- E você vai ter dezenove anos numa sala de alunos com dezessete e dezoito, rever toda matéria que já viu até aqui, sem contar que vai ter aluno te enchendo o saco por conta disso. 
- Também vão ter vários querendo ficar comigo pra irritar os pais. - Reviro os olhos. - Acho que isso é mais ciúmes mesmo. 
- Vai se foder! - Exclamo e entro no banheiro. Quando olho para trás vejo Brendan me seguindo e logo me envolvendo em um abraço.
- Eu tô brincando. Acho que só tenho olhos pra você. - Diz querendo iniciar um beijo.
- Isabela! - Ouço minha mãe chamar e instantaneamente saio do abraço indo para o quarto e fechando o banheiro.
- Oi mãe!
- Tá demorando. Você tá falando com alguém? Tô te ouvindo conversar.
- Acordei tarde, mãe! To em chamada com a Sara. Já vou desligar e desço! - Ela assente e sai do quarto fechando a porta. Volto para o banheiro aliviado.
- Sua mãe me atrapalhou a te beijar, avisa ela que não gostei.
- Eu nem escovei o dente, nojento, não ia te beijar nem se ela não tivesse aparecido. Vai, deixa eu me arrumar que eu tenho que dar um jeito de tirar você daqui.
- Pode ir pra escola que eu fico aqui até ouvir seus pais indo embora.
- Não vou te deixar sozinho, tá maluco? Vou dar meus pulo, agora anda. Deixa eu me arrumar. - Ele sai do banheiro e consigo finalmente escovar meus dentes, arrumar o cabelo e colocar uma roupa descente. Saindo Vejo Brendan mexendo em seu celular sentado na cama. - Escova o dente também. Te deixei uma escova nova na pia e vou separar uma roupa pra você. - Ele sorri assentindo e indo até o lugar que acabei de sair. Separo pra ele um moletom preto e uma calça cargo beje. Roupas que roubei do meu irmão porém não me servem ainda. Quando ele sai entrego-o as roupas e logo ele se troca.

Desço as escadas e tomo meu café da manhã normalmente com meus pais.
- Mãe, a Sara a ligou para falar que vai vir me buscar. A gente vai ter um trabalho pra apresentar então vamos treinando no carro. Não precisa me levar. Você e o pai já podem ir.
- Não vai matar aula? - Ela pergunta.
- Claro que não! O trabalho é justamente na primeira aula.
- Tudo bem, então vamos mais cedo pro serviço. - Fala se levantando da mesa. - Tchau filha, boa aula. - Ela diz beijando minha testa.
- Boa sorte filhão. - Meu pai fala e eu dou um sorriso de orelha a orelha. - Valeu paizão! - Eles saem e logo eu volto pra cima. Entro no meu quarto e vigio da janela meus pais indo pros trabalhos. 
- Deu seu jeito? - Brendan pergunta olhando sorrindo. 
- Claro né?! Vou só pedir um carro no aplicativo e a gente vai, tá?! - Falo pegando meu celular.
- Não precisa. Liguei pra minha mãe, ela ta trazendo meus materiais e pode deixar a gente na escola.
- Ah... Certo. Obrigado. - Respondo sorrindo e ele retribui.
Sua mãe chega, entramos no carro e ela nos leva para escola. Chegando no local ouço a mulher murmurar um "Otário" enquanto olha para um carro na frente. Ele deve estar errado no trânsito, parado no lugar errado, não entendo nada disso. Sei que deveria, já tenho idade para tirar carta mas não tenho vontade, nem dinheiro para um carro. Desço do veículo junto de Brendan. Entramos na escola conversando, mas logo nos separamos para Brendan ir à sua aula e vou encontrar Sara.
- Amiga! - Chamo chegando perto da garota na sala. - Beijei o Brendan. - Falo normalmente e me sento.
- O QUE?! COMO ASSIM? QUANDO? COMO?
- Foi no meu quarto, quando eu disse pra você que os pais dele se separaram, então, ele iniciou o beijo e foi só, perfeito.
- QUE BOM! FINALMENTE PERDEU ESSE MEDO. Pegou o número dele? - Pergunta animada.
- Eu não. Foi só um beijo, anda muito mais que isso. - Ela revira os olhos.
- Tem vezes, Isak, que eu tenho vontade de te bater.

Saindo da escola Brendan vem falar comigo junto de Sara.
- Oi! Vai na pista hoje? - Ele pergunta pra mim sem reparar Sara do meu lado.
- Não posso, hoje trabalho.
- Naquela loja de discos, né? - Assinto. - Vou passar lá hoje a tarde.
- Claro, pode passar!- Beleza! Tchau Isak! - Se despede saindo. - Ah! Oi Sara. Tchau Sara. - Vejo-o enquanto vai até o grupo de amigos que formou a banda.
- O garoto ta tão apaixonado que nem me reparar reparou.
- Ah, ele deve ser só distraido.
- Ah sim sim, claro que sim.
- Bom Sa, deixa eu ir pro trabalho logo, que minha chefe é legal mas não suporta atrasos. - Ela abana a mão e começo a andar em direção meu próximo destino.

Chego na loja e está tudo bem calmo, como de costume. Ela me recebe com um abraço e volta a se sentar na cadeira que estava. a
- Já comeu? - Balanço a cabeça negativamente. - Então vai lá querido. - Vou em direção a cozinha da loja e pego a marmita da minha bolsa, colocando-a para esquentar.
Após meu almoço alguns clientes vem à loja mas nenhum deles é Brendan. Minha patroa está em sua sala e unicamente eu estou na loja. Samantha, que trabalhava aqui, se atrasou tanto que acabou sendo demitida. Algumas horas se passaram e finalmente Brendan aparece.
- Oi Is! Falei que vinha! - Diz chegando.
- Oi Bran. Veio fazer o que? Qual algum disco de Guns And Roses? Também chegou novos do Kiss.
- Na verdade vim pra te ver mesmo. - Sorrio de canto. - Então, você pode me passar seu número? - Pede envergonhado e me espanto. Eu não estava esperando isso, como faço pra desviar o assunto? - Sei que tem seus motivos pra não querer pegar meu número mas... Eu preciso de você, Isak. Sabe, não sei o que rola, mas desde que fui falar com você aquela noite no balanço quero sempre te ver. E quando eu me deparei na sua casa do nada, sem ter como te chamar por que não tinha seu número me deu desespero. E agora eu to preciasando muito de você, Isak.
- Tá... - Cedo. - Posso te passar Tudo bem, eu só tava com medo de tudo isso ser real, mas acho que no final, tudo isso é real. - Ele sorri e me entrega o celular.
- Não acredito que fiz quase um pedido de casamento só pra pedir seu número. Você é muito difícil viu Isak. - Ele fala quanto escrevo.
- E ta disposto a enfrentar os desafios?
- Lógico. - Ele pega eu celular e vira as costas. - Tchau Isak! Te vejo algum dia. - Se despede saindo da loja. Não acredito que ele veio aqui só pra isso. Mas isso foi bom. Realmente estou ficando preocupado de mais com ele, é bom ter seu número.

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