5 - Biblioteca

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"Clik" - sinto minha cabeça ir para trás, empurrando algo, enquanto o chão abaixo de mim desaparece.

Solto um inevitável grito, sentindo o familiar frio na barriga, que é interrompido pelo baque no chão.

É oficial! parece que o universo não vai descansar até eu ter alguma costela quebrada!

Recupero o fôlego e me levanto lentamente, sentindo as costas já doloridas reclamando ainda mais agora. Ao estreitar os olhos, percebo um parapeito a minha frente, com ajuda da pouca claridade vinda do quarto, agora acima de mim.

- Anna? O que foi? - escuto a voz abafada de Ethan.

- AQUI EM BAIXO! - grito em resposta, sem me voltar para a direção da sua voz, me aproximando do parapeito.

Existe mais um nível abaixo, mas só é possível ver o vulto de alguns grandes móveis. Minha curiosidade toma conta; uma passagem e um bom mistério. Não consigo conter um leve sorriso.

Perfeito.

- Minha nossa, você não sossega, não é? - olho para cima e vejo Ethan com a cabeça no espaço quadrado pelo qual caí, analisando a situação.

Ele tenta disfarçar, mas no fundo sei que ele se sente um pouco perdido às vezes, afinal, ter que cuidar de uma criança de repente, sem nenhuma direção, não deve ter sido nada fácil. Mas eu tento colaborar.

- Se importa de trazer uma lamparina? Acho que temos mais um cômodo para limpar. - peço, colocando um tom de empolgação no final.

- Espere bem aí. - responde, saindo rapidamente do meu campo de visão.

Sempre gostei de coisas novas e desafiadoras. Acho que adrenalina seria um bom nome do meio.

Volto a analisar o local e percebo escadas, dos dois lados da suposta plataforma em que caí. Um baque no chão faz o meu corpo se encolher levemente, em reação ao susto.

- Vamos descer então. - disse Ethan, soltando um suspiro, depois de saltar e olhar rapidamente o local.

Seguimos pelo lado direito. O parapeito se converteu em um corrimão enquanto descíamos a escada suavemente espiralada, até chegar ao chão, bem mais que empoeirado. Avançamos mais adentro do cômodo e os vultos ficaram nítidos à luz amarelada da lamparina: estantes enormes, com prateleiras e mais prateleiras preenchidas com os livros mais variados. É surpreendente e estranho.

Uma biblioteca em um forte?

Pego a lamparina da mão de Ethan e me aproximo de uma estante. Passo a mão na lombada de um par de livros, tirando a poeira e abrindo caminho para letras trabalhadas em dourado. Um raio de luz tira minha atenção dos livros para o reto da sala, que agora se iluminava sozinha.

- Lâmpadas de pó de cristal. - explica Ethan, sem direcionar olhar para mim, analisando uma das várias peças pregadas ao lado das estantes.

São realmente úteis.

- Precisamos descansar agora. Amanhã, enquanto eu armo as proteções, você pode dar a atenção que quiser a este lugar.

- Sim senhor. - concordo, fazendo uma reverência exagerada.

***

Desde a manhã, enquanto Ethan se concentrava em encantar nossos últimos cristais, com o objetivo de camuflar nossos rastros, tenho me enturmado com espanadores e vassouras. Os títulos já brilham nas prateleiras e já é possível identificar os tacos de madeira do piso.

Pego dois livros, os mesmo que haviam chamado minha anteriormente, e coloco sobre uma pequena mesa de centro, que encontrei escorada entre outras estantes, junto com duas poltronas meio gastas, posicionadas agora no centro do cômodo.

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