11 - Benefícios de um bom cantil

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- Afaste-se! - irrompe a voz feminina, em pura autoridade.

Com os músculos gritando, a respiração pesada e fios soltos do cabelo grudados no rosto pelo suor, a simples tarefa de me voltar na direção da minha salvadora - se é o que realmente é - se torna revoltantemente difícil.

Com dificuldade, me esforço para me afastar da disputa de lâminas que se desenrola às minhas costas e mirar a mulher que apareceu sabe-se-lá-de-onde. O oxigênio parece resistir a entrar em meus pulmões.

Com uma investida violenta, a mulher alta, de cabelos longos e ondulados, tão escuros quanto a noite mais profunda, avança sua espada com força surpreendente sobre a do Ogro, fazendo-o cambalear bons passos para trás.

- Maldição!... Não te ensinaram que se meter nos assuntos dos outros é feio?! - vocifera, já se recuperando do golpe.

"Ah, era só o que faltava." - formo o pensamento, indignada.

- Oh, perdoe meu maus modos, senhor. É só que, eu agi por reflexo. Seu semblante remete bastante a um ogro das montanhas, desculpe meu engano. - seu tom era elegante e moderado, dando ainda mais força ao sarcasmo.

"Não é?!" - eu teria levado a mão à boca pra conter uma gargalhada se não estivesse lutando contra a dormência em meus braços e pernas, contudo, um sorriso foi impossível de segurar.

A carranca de raiva do Ogro se aprofunda ainda mais quando tais palavras alçam seus ouvidos.

Com um sussurro, virando parcialmente seu rosto em minha direção, ela acrescenta:

- Seria de grande ajuda se você se recompusesse logo. - sua voz soa séria.

Mesmo de costas para mim, com a leve inclinação de sua postura, posso ver seus dedos apertando firmemente o punho da espada à sua frente, em uma postura de defesa muito bem elaborada, com as duas mãos no cabo e a arma afiada inclinada para cima. Ethan com certeza daria os parabéns à esta postura. Mas as avaliações de postura podem esperar. Parece mais um sinal de cautela.

Apesar de sua fala confiante, ela já havia avaliado a situação, que não era a mais favorável. Confiança demais leva à arrogância, arrogância leva à erros, e erros levam à morte. É bom saber que esse não é o caso.

Com um fraco aceno de cabeça, assinto à sua afirmação e ela se volta inteiramente ao seu oponente.

Inspirando fundo, a mulher muda a postura e avança com determinação, sem dar tempo de reação ao Ogro. Ela é rápida e seus movimentos são precisamente controlados. Com os olhos esbugalhados em clara surpresa pelo ataque repentino, tudo que resta ao cara musculoso é bloquear o ataque com sua espada. Sons estridentes ecoam pela clareira.

Em uma dança perigosa, a mulher recua e ataca inúmeras vezes, sobrecarregando o oponente com uma série de golpes, que ele recebe com clara dificuldade. Porém, a força do Ogro é incontestavelmente superior. Após a série de golpes defendidos, em uma pequena reviravolta, é a vez dele avançar, com uma brutalidade avassaladora.

A princípio, pensei que esse brutamonte tinha apenas músculos no lugar do cérebro, mas seus movimentos também são surpreendentemente bem elaborados. Movimentos lapidados pela experiência. Com um avanço de sua pesada espada, ele ataca a pessoa que interferiu em seus assuntos, com ira refletida nos olhos.

Habilmente, a mulher desvia o golpe que poderia parti-la ao meio com a espada, e, se aproveitando da posição do oponente, o golpeia com o cotovelo nas costas, usando uma força incrível. Eu com certeza teria caído com esse golpe. Mas com o Ogro é totalmente diferente, resultando em apenas alguns passos cambaleantes. 

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