Começo

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desde já peço perdão por todo e qualquer erro ortográfico encontrado ao decorrer dos capítulos, desejo a todos que me deram uma chance, uma ótima leitura, obrigada pela confiança!

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Não imaginei que o casamento da minha mãe com o seu novo namorado fosse chegar tão longe, até acordar com o lindo convite enfeitado com renda e fitas de cetim ao lado da minha cama. Marie e James iriam se casar e eu iria morar com o meu pai.

A ideia só se tornou real quando me deparei com a densa e úmida camada de nuvens ao redor do avião, a chuva anunciava a minha chegada à Duluth e eu já podia sentir a cor se esvaindo da minha pele.

Respiro fundo ao descer do avião e avisto Thomas, meu pai, esperando por mim no portão de desembarque principal do aeroporto. O canto dos lábios finos curvados para cima, eu posso ver esperança em seus olhos azuis, como os meus, esperança de recuperar o tempo perdido com a sua única filha.

Me sinto deprimida instantaneamente, talvez por culpa do clima nada acolhedor da cidade, tenho que obrigar meus pés a continuarem o caminho até ele. Noto alguns fios brancos em meio ao seu topete bem penteado, isso torna o meu quase sorriso genuíno.

— Garota, quanto tempo! - A voz grave e calorosa atinge meus ouvidos, seguida por braços longos ao redor do meu corpo, a sensação não poderia ser mais desconhecida, preciso processar a situação por alguns segundos antes de abraçá-lo também.

— Pai. - Foi oque me limitei a dizer, de repente a minha língua havia se perdido na boca. — Desde quando eu tinha sete anos, eu acho.

— Você cresceu alguns centímetros, Sarah, não seja ranzinza. - Seu peito vibra contra a minha bochecha e o som da sua risada ecoa pelo aeroporto pouco movimentado.

Ele pega minha mochila, a mala e o restante da bagagem de mão que trouxera comigo, levando-as. Não protesto, não adiantaria, meu pai sempre foi muito prestativo, quando presente. Andamos em silêncio até o estacionamento, o resquício de sol que ilumina o céu através das nuvens escuras some, juntamente com o meu bom humor assim que avisto a viatura em meio aos carros e motocicletas. Thomas é policial, o delegado de Duluth.

Pingos finos começam a gotejar sobre as nossas cabeças, encaro o céu nublado e franzo as sobrancelhas, levando aquilo como uma provocação direta do universo. Coloco o capuz do moletom bege em minha cabeça, amassando os fios ruivos, agora próximos demais dos meus olhos. Thomas, guardou minhas coisas no porta malas e entrou no veículo antigo, fico parada por alguns segundos, encarando a lataria branca, com listras vermelhas e azuis antes de adentra-lo.

Ajeito o meu corpo contra o banco de couro falso, afivelo o cinto e ligo o rádio, as notícias são tão tediosas que desisto da ideia tão rápido quanto a tive. Meu pai começa a dirigir pelas ruas molhadas de Duluth, pouco a pouco, adentrando o centro da cidade tranquila, a chuva engrossa conforme o carro ganha velocidade. Me afundo em pensamentos, observando as gotas deslizando pelo vidro.

— Você mudou o seu cabelo, ficou bonito. - O sotaque pesado chama a minha atenção, eu nem me lembrava disso. Thomas tem descendência alemã.

— Sim, não corto já tem algum tempo. - Deslizo os meus dedos pelos fios bagunçados, colocando algumas mechas mais longas para trás das orelhas. — Já você, continua o mesmo, só ficou mais velho. - Rio baixo, escorando a lateral da minha cabeça na janela do carro patrulha.

— Sinto em lhe informar, mas o mesmo destino aguarda você, ainda mais sendo tão rabugenta. Tenho certeza que aos trinta vai estar com a cabeça branca. - Ele me provoca, rindo nasalmente quando me vê revirar os olhos e sorrir.

Por teus olhos, Sarah.Onde histórias criam vida. Descubra agora