Tipo ideal

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O arrependimento por ter me envolvido na briga com Madison me aflige a cada corredor por onde passo dentro do colégio, os sussurros indiscretos deixam-me vermelha, todos tiram as suas próprias conclusões sobre o que aconteceu, a motivação é óbvia e eu escuto o nome dele inúmeras vezes até chegar ao meu armário. A sua jaqueta parece pesar uma tonelada sobre os meus ombros agora.

Descarto os materiais que não irei mais utilizar nas aulas de hoje, literatura e biologia. Me esforço para  ignorar os olhares que queimam na minha pele, espero profundamente que algum outro aluno se enfie em problemas logo para que eu seja esquecida.

Observo o meu reflexo no espelho dentro do armário, estou uma bagunça, meus cabelos encontram-se presos em um rabo de cavalo alto e mal feito, deixando assim, a minha pele branca demais exposta, sinto falta do sol. Jeans preto, camiseta branca de numeração infantil e mangas curtas, estou escondida pelo amontoado escuro de couro que me cobre até o meio das coxas, o cheiro de Aaron exala do tecido.

Me lambuzo de hidratante labial sabor morango e vou para o refeitório, estar com cabelo preso me incomoda assim que adentro o espaço abarrotado de pessoas, solto-os e me escondo por trás da cortina vermelha que ondula pelos meus ombros até à cintura, me sinto mais confiante e caminho até o caixa, não estou com fome, apenas um iogurte é o suficiente. Pago pela minha aquisição e deslizo até as portas do fundo, me sentindo uma delinquente.

Os pingos finos me amedrontam assim que piso no pátio movimentado e caminho até o ginásio, atravesso a quadra vazia e finalmente estou no gramado, a porta atrás de mim faz um estrondo alto demais assim que a fecho, dou uma corridinha para me afastar do lugar e os vejo conversando, Theodore se vira em busca da fonte de som e sorri assim que descobre a causadora, me aproximo deles e jogo a mochila nos primeiros degraus.

— Ruivinha. - Aaron é o primeiro a me puxar pela cintura e beijar o canto dos meus lábios, estou vermelha como um tomate e reviro os olhos. Me afasto dele com um sorriso tímido nos lábios e Theodore me empurra com os quadris antes de me abraçar.

— Sá, estávamos falando de você agora mesmo! O que vai fazer hoje a noite? - O loiro pergunta animado e eu automaticamente estou na defensiva. Ele percebe e bufa. — Você me envelhece, garota. - Theo revira os olhos, mas não parece menos animado. — Nós vamos para à casa do Aaron hoje.

— Você pode dormir lá com a gente, se quiser. Não vamos beber muito. - Não acredito nas palavras de Dylan e todos começam a rir. — Vai, Sá...É sexta feira, temos que aproveitar.

— Podemos fazer outra coisa se você quiser. - Aaron sugere, entrelaçando nossos dedos, estou corada novamente, Theodore se enfia entre nós e rodeia os nossos ombros com os braços finos. — Como uma coisinha tão pequena como você pode ser tão irritante, Theo? - Aaron questiona-o e o loiro mostra língua, o que me faz rir.

— Todos na sua casa hoje, sem exceção, senhorita Sarah. - Eu resmungo e ele me encara, desafiador. —Você pode ir com a sua banheira velha ou, eu mesmo posso ir até à casa do delegado Miller e pedir permissão. - Ele sugere e eu resmungo, arrancando uma risada alheia. — Ótimo, foi o que eu pensei.

— Eu te busco, fique pronta às oito, tudo bem? - Aaron se inclina para trás e me fita através do garoto sentado entre nós. — É mais seguro, caso você decida beber. - Nego imediatamente com a cabeça, os olhos arregalados, tenho a impressão de que posso sentir a mesma dor e enjoo que senti há dias atrás, quando acordei de ressaca após a festa.

Por teus olhos, Sarah.Onde histórias criam vida. Descubra agora