A festa

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— Não. - Eu respondi, me sentando na cadeira de rodinhas que ficava em frente a minha mesa de estudos, encarei Theodore com o semblante apreensivo. — Por que você trouxe a sua casa contigo? - O questionei, completamente confusa.

— Você é tão chata, que me deixa com rugas, ugh! - O loiro dramatizou, se livrando das mochilas, ele se aproximou de mim e pousou as mãos pálidas na cintura, me analisando milimetricamente. — Já sabe com qual roupa você vai, vovó?

— Qualquer uma, provavelmente a que estiver menos amassada. - Afirmei, como se fosse óbvio, porém, me senti uma alienígena com a careta que recebi do meu amigo. — O que foi? - Interroguei, pegando uma toalha limpa no baú que ficava ao lado do meu guarda roupa.

— Não é nada, eu só pensei que você fosse usar algo diferente. - Percebi como ele se esforçou para não me chamar de desleixada, o confrontei com os olhos, indo para o banheiro logo em seguida.

Lavei os meus cabelos, o meu corpo e me enxaguei, enrolei-me no pedaço de tecido grosso e voltei para o quarto, Theodore futricava nos meus livros e materiais de estudo sobre a mesa. Expor o meu corpo semi coberto não me deixava desconfortável, mas, mesmo assim, optei por vestir uma calcinh por baixo da toalha.

Fui até o meu armário, com o propósito de escolher o que eu usaria, já tinha algo em mente: Uma blusa de gola alta, verde musgo, jeans preto, um par de vans velhos e acessórios, provavelmente anéis e uma gargantilha de prata. Apanhei as peças e as coloquei, sem muita pressa, amarrei os cadarços dos tênis e encaixei um duo de brincos em minhas orelhas.

— Você está uma gracinha, apesar de parecer uma patricinha. - Theodore me provocou e eu não tardei em mostrar o meu dedo do meio para ele, que suspirou magoado e secou uma lágrima imaginária que escorria pelo seu rosto.

— Obrigada, najinha. — O alfinetei em contrapartida, mas diferente de mim, ele sorriu orgulhoso com o apelido e beijou o próprio ombro.

— Vem cá, deixa eu te ajudar. Trouxe algumas coisas. - Theodore mordeu o seu lábio inferior e esfregou as mãos em frente ao corpo, com a  feição de uma criança que está prestes a aprontar. Eu definitivamente não gostei nada da ideia, mas fui mesmo assim.

— Você não vai me transformar em uma boneca, não é? - Perguntei, me sentando ao seu lado quando ele começou a tirar várias nécessaires do interior das suas bolsas, eu me senti em "As branquelas", quando os agentes do FBI são transformados nas gêmeas, Tiffany e Brittany Wilson.

— Eu só vou passar corretivo, um pouco de blush e rímel, tudo bem? Pode ficar tranquila. - Ele piscou com um dos olhos cor de mel para mim e começou a hidratar a minha pele, depositando pequenas quantidades de produto em lugares específicos, espalhando tudo com pincéis e esponjas.

— Nosso grupo? - Arqueei uma sobrancelha, recebendo um tapinha no ombro como sinal de advertência, Theodore estava focado em aplicar a máscara de cílios nos meus olhos. — Eu fui efetivada? Pensei que fosse só a novata de estimação.

— Ah, mas você também é isso! - Ele brincou, gargalhando posteriormente, senti um pouco de glos molhar os meus lábios, os movimentei brevemente e pisquei algumas vezes, verificando se a tinta nos meus cílios já estava seca. — Pronto, você está linda, nós já podemos ir? Eu pego as minhas coisas quando voltarmos.

— Sim, podemos. - Me levantei da cama e fui até o espelho, analisando rapidamente a maquiagem leve que o loiro havia feito em mim, estava muito bonita, sorri para o meu reflexo e ajeitei os cabelos ainda úmidos, passei um pouco de desodorante e perfume, alcancei a minha carteira e a guardei em um dos bolsos. — Pode descer, eu vou em um minuto.

Por teus olhos, Sarah.Onde histórias criam vida. Descubra agora