Um Beijo

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— Puta.que.pariu! - Theodore grita apavorado, com os as mãos agarradas na barra de proteção que sustentam os nossos corpos colados no assento do carrinho da montanha russa.

Eu mantenho os olhos fechados e os meus lábios pressionados em uma linha fina, os nós dos meus dedos estão brancos e doloridos por conta da força que eu estou depositando na haste na minha frente.

Os gritos apavorados ao meu redor me deixam tonta, assim como os loopings que o brinquedo faz no ar. Aaron está ao meu lado esquerdo, com uma das mãos pousadas na minha coxa, tentando me tranquilizar, obviamente, em vão. Meu estômago balança e eu não soube distinguir se foi por conta da ressaca anterior ou pelas acrobacias que fazemos no ar.

— Abra os olhos, Sarah! Coloque os braços para cima! - Theodore sugere, em meio a risadas altas, misturadas com exclamações e xingamentos, o loiro ergue as mãos e as balança no momento em que ficamos de cabeça para baixo, não consigo conter um grito agudo que percorre a minha garganta e escapa por entre os meus lábios.

— Eu deveria ter fugido, odeio vocês dois! - Exclamo em plenos pulmões, me encolhendo contra o assento nada confortável. Meu coração se acelera quando os dedos longos de Aaron se entrelaçam aos meus, o toque frio acalma o meu âmago, mesmo que o frio na minha barriga não tenha cessado.

Não afastei o toque alheio, muito pelo contrário, apertei minha palma contra a dele, prendi a respiração quando os vagões do brinquedo desceram em alta velocidade pela última volta antes de pararem com um baque, que balançou nossos corpos, senti meus lábios formigarem, assim como as minhas pernas.

— Isso foi incrível! O que acha de irmos outra vez? - Theodore esbravejou, projetando o corpo esguio para fora do brinquedo assim que as barras de proteção se soltaram de nós, arregalei os meus olhos e o segui no mesmo instante, eu não iria naquela coisa novamente nem se me pagassem com a moeda mais cara existente.

— Você nunca assistiu premonição? - Cruzei os braços na altura do peito e neguei com a cabeça, sentindo a adrenalina se esvair do meu corpo, Aaron desceu do carrinho em seguida, ajeitando os cabelos desarrumados por conta do vento que se chocava contra nós no brinquedo.

Dylan, Liam e Ravenna se aproximaram de nós três, a garota comia morangos cobertos por chocolate em um palito, ela estava com o rosto contorcido de desgosto, assim como Liam, a confusão atravessou as minhas feições quando os dois tiraram notas de dinheiro dos bolsos e entregaram para Dylan, que comemorou com um sorriso largo, acompanhado de uma dancinha.

— Eu falei para não duvidarem da ruivinha, ela é durona. - Senti os dígitos dele afagarem os meus fios, eu os observei sem entender o que estava acontecendo, ele se prontificou em explicar antes dos outros. — Eles apostaram que você ia vomitar no Aaron na primeira volta e eu apostei que você sairia intacta.

Entre abri os lábios, incrédula, minhas bochechas vermelhas de raiva, não contive um suspiro magoado e arranquei duas das quatro notas que ele contava entre os dedos carregados de anéis. Ele tentou os recuperar, mas eu o fuzilei com os olhos antes mesmo que conseguisse tocar nas cédulas de papel.

— Me agradeça por deixar você ficar com metade, e vocês dois - Apontei para a dupla que me fitava atentamente, Liam estava apenas aborrecido por ter perdido, já Ravenna, lembrava um cão com raivoso, espumando pelos cantos da boca. — Quando forem me subestimar, ao menos apostem um valor digno, eu valho bem mais que quarenta pratas.

— Em minha defesa, foram eles quem começaram com isso, eu só quis participar. - Liam se defendeu, abraçando Theodore pelas costas, que ria baixinho da nossa pequena discussão. — Aaron também não é nenhum santo, ele sabia que estávamos apostando.

Por teus olhos, Sarah.Onde histórias criam vida. Descubra agora