A Dor do Reino

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Depois de tanto tempo correndo atrás de incontáveis pistas, Uivo-da-Montanha finalmente encontrara algo que estava além de indícios sem conclusão ou lendas esquecidas. Agora que estava ali, de pé, diante daquele reino umbral estranho, sentia que estava prestes a descobrir algo crucial.

Lançou um olhar ansioso para os membros da sua matilha, esperando que a Theurge terminasse sua análise. Diante deles se estendia o que parecia ser uma imensa bolha opaca, escura e extremamente dura.

Depois de alguns minutos, Arthemis enfim se virou para falar:

— Não consegui descobrir quem criou e nem porque há esta espécie de película aqui. Parece ser algum tipo de barreira, mas não sei se o objetivo é proteger o que está lá dentro ou aqui fora. A única coisa que posso afirmar é uma energia maligna muito grande emanando deste lugar.

— De fato, o fedor da Wyrm nesta barreira está bem forte — Completou Ahadi. — Precisamos tomar muito cuidado, não sabemos o que vamos encontrar. Vocês já sabem o que fazer.

O Alfa metamorfoseou o corpo para a forma crinos, seguido por Arthemis e Balthazar. Uivo, no entanto, continuou na forma hominídea enquanto passava à frente do grupo.

— Antes de atravessarmos, eu gostaria de agradecer a disposição de vocês em me ajudar a descobrir minha história. Como sempre, nunca sei se voltaremos vivos das nossas missões, então gostaria que soubessem o quanto isso é importante para mim.

Sorriu, os olhos brilhando de expectativa. Uma enorme pata coberta de pelos pretos pousou em seu ombro e a voz gutural soou do lobisomem à sua frente:

Matilha.

Apesar de a forma crinos não ser capaz de proferir frases completas, a sua linguagem era perfeitamente compreensível para quem estava acostumado. Uivo estava certa de que Balthazar quis dizer que, por ser uma matilha, podiam contar uns com os outros.

Acenou em resposta e tomou sua forma de guerra, sacando os machados gêmeos.

Descobriu como atravessar? — Ahadi perguntou à Arthemis, mas Uivo-da-Montanha falou primeiro.

Não sei o porquê, mas sinto... eu preciso encostar meu machado.

Vá em frente — Após a permissão do Alfa, a Fianna fez o que sua intuição mandou.

Passou suavemente a lâmina de um deles sobre a barreira. Logo viu uma fenda se abrir no lugar do corte, como uma cortina de tecido que se rasga diante de um movimento afiado e revela o que há por trás.

Ao contrário da escuridão da película, o que se via dali era uma luz ofuscante, quase convidativa.

Sem esperar mais permissões, a mulher deu um passo à frente e atravessou.

Rapidamente seu corpo foi engolido pela claridade e desapareceu diante dos olhos da matilha, junto com a fenda que abrira.

Ahadi não demonstrava preocupação quando a passagem se fechou; calmamente, sacou a própria espada de prata e tentou fazer o mesmo, porém algo estranho aconteceu.

Ou melhor, não aconteceu.

A película continuou intacta, como se uma espada tão magnífica não passasse de um pedaço de graveto. Tentou novamente, agora com mais força... sem sucesso. Voltou-se para a Theurge.

Fechado! Por quê?

Não sei — A fêmea de pelagem branca tentava fazer cortes com as próprias garras, mas a sensação era de chocá-las contra uma esfera de vidro muito liso e resistente.

Contos de Amor e Fúria - O Conselheiro do Ancião Onde histórias criam vida. Descubra agora