Prólogo

217 10 1
                                    

As flores brancas brilhavam com o amanhecer.
Pareciam recém colhidas. Frescas.

As vozes altas ecoavam pela pequena sala da casa famosa na cidade, afinal, o nome de duas famílias importantes se uniriam naquela noite.

Suna cessou de contar na décima vez que encarava o espelho, preocupada, nervosa.
Aquele casamento seria sua salvação.
Mesmo que seu marido não a amasse, faria o possível para sair da casa de seu pai o mais rápido que conseguisse.

A porta do quarto foi aberta de supetão, fazendo com que a mulher de vinte e oito anos voltasse os olhos para o homem que adentrava, furioso.

— Pai?!— a voz de Suna sumiu antes de sentir a palma da mão masculina atingir seu rosto com força, lançando-a ao chão.

— Você ao menos prestou para segurar um marido!— a voz de Otávio soou alterada, encarando a filha no chão trêmula.

— O que...— gemeu dolorida, forçando seu corpo a levantar.

— Sua irmã fugiu com seu noivo! Parabéns, Suna, foi trocada pela irmã! Tire esse inferno de vestido, estamos indo pra casa.— o homem praguejou alto, apontando para o corpo da filha.

— Pai, por favor...— a voz de Suna embargou, sentindo a garganta queimar.

— Calada! Não quero ouvir sua voz.— Otávio gritou alto, antes de dar as costas e sair do quarto.

Em minutos, Suna tomava sua bolsa em mãos,  levando-a ao ombro, antes de tomar a pequena caixa de vestidos em mãos, passando a seguir em direção a saída da casa.

No meio do caminho encontrou seu pai, discutindo irritado com um de seus homens.

Cansada e melancólica, a morena passou a percorrer o lugar com os olhos, notando a decoração de seu fracassado casamento ser desarmada lentamente por empregados.

Suspirou ao perder-se em direção a porta lateral da casa, notando a varanda.
Os olhos de Suna observaram o homem de rosto firme e cabelos particularmente crescidos.
Seu lábio inferior estava ferido e seu corpo parecia dolorido, inclinado pra trás.

Sentiu os olhos alheios sobre si, demorando tempo demais ao observa-la.
O homem vestido de preto, a observava sério, com um certo peso no olhar.

Suna sentiu ser compreensão.

Longos minutos se passaram enquanto ambos se observavam a distância, enquanto Otávio conversava com um de seus fiéis guarda costas.

— Mathew, quem é aquele homem?— voz de Suna surgiu como a um sopro, curiosa, ao notar seu próprio guarda costas.

Lentamente, o guarda costas aproximou-se de Suna, voltando os olhos para o homem que a encarava, sem se preocupar em ouvir o que a mulher a sua frente dizia.
Seus olhos voltaram-se para Suna, que permanecia a encarar o homem misterioso.

— Aquele é Kaya Campana. O filho de Daniel Campana.— o guarda costas explicou, unindo suas mãos em frente ao corpo, enquanto observava a mulher a sua frente mal piscar.

— O Campana que se jogou do andar de cima?— Suna perguntou curiosa, engolindo em seco.

Pedia a Deus que o tal homem não soubesse leitura labial, ou estaria perdida ao dizer tais palavras.

— Não se sabe se ele se jogou ou foi empurrado.— Mathew deu de ombros, notando a marca avermelhada no rosto da mulher.

— Eu nunca o vi por aqui...— a morena deu de ombros, suspirando cansada.

— Digamos que a família não gosta muito dele. É fruto do primeiro casamento do pai, que não foi muito aceito pelo avó.— o guarda costas voltou a falar.

— Aquela mulher, não é Maira Castamar?— Suna perguntou mais um vez, sem sequer desviar os olhos de Kaya.

Havia algo nele que ela sentia querer entender.
Talvez pelo fato de seus olhos dizerem aquilo que sua boca não tinha coragem.
Assim como ela.

— Sim. Ela adotou Kaya quando se casou com Daniel. Ela não pôde ter filhos, então fez dele o alvo de sua obsessão.— Mathew suspirou, voltando os olhos para seu chefe, que assentiu freneticamente na direção de Otávio,  que parecia encerrar o assunto.

— Que triste. A família Castamar é realmente um mistério.— Suna suspirou, arqueando as sobrancelhas, observando o homem distante esboçar um pequeno sorriso.

A ação fez com que a mulher sentisse o corpo congelar.
Afinal teve certeza de que Kaya havia, de alguma forma, entendido o que conversava com Mathew.

— Vamos!— Otávio soou um tanto alto, passando a caminhar para a saída da casa.

Suna forçou seus pés a se moverem, quebrando o contato visual ao homem na varanda da casa, no entanto ainda sentia o olhar alheio queimar sua pele.

Suna forçou seus pés a se moverem, quebrando o contato visual ao homem na varanda da casa, no entanto ainda sentia o olhar alheio queimar sua pele

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Sol da Meia Noite Onde histórias criam vida. Descubra agora