2° Capítulo

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A passos calmos, Suna desceu as escadas.
A luz que entrava pela janela anunciava o inicio da tarde, pintada de laranja e um tanto de vermelho.

A mulher havia se empenhado no último mês para tentar esconder as manchas roxas de seu corpo, pois seu vestido não cobria muita pele.

Ao chegar a sala, seus olhos encontraram o rosto sério de seu pai, esperando-a em frente a porta.

— Pai?— a voz de Suna sumiu, observando as sobrancelhas unidas.

Otavio observou a filha com atenção.
Era parecida com a mãe.
Estava linda, mas se parecia com a mãe.
Era gentil, mas se parecia com a mãe.
Tudo em Suna o lembrava da mulher que desgraçou sua vida e o deixou sozinho com duas crianças.

— Esse vestido?— a voz de Otávio falhou ao reconhecer o vestido de cor azul bebê de cetim.

Ele quem havia comprado.

— Tia Márcia quem me deu. Ela disse que encontrou nas coisas...— Suna tentou explicar, torcendo as pontas dos dedos, ansiosa.

— Da sua mãe. Era da sua mãe.— o homem desviou os olhos, engolindo em seco.

— Pai eu não...— a mulher tentou dizer, mas foi interrompida com um movimento.

— Esqueça. Vamos, vou falar com Mathew.— Otávio resmungou, passando a caminhar em direção a área externa da casa.

A passos lentos, o guarda costas se aproximou, cumprimentando-o com a cabeça.

— Senhor?— Mathew soou curioso.

— Você vai com ela e vai acompanhar ela.— Otávio explicou, suspirando cansado. — Você me ouviu bem? Ela tem que estar aqui as meia noite em ponto!— o mais velho soou alto, franzindo o cenho.

— Sim senhor.— o guarda costas voltou os olhos para o chão.

— Não a perca de vista Mathew ou eu mato você.— Otávio ameaçou, apontando o dedo na direção do rosto de Mathew.

— Claro, senhor.— o homem suspirou, assentindo com a cabeça.

Cansado, Otávio virou-se para a filha, ainda presa a suas costas.
Os olhos castanhos o observaram com certa angústia.
Os olhos castanhos parecidos com o da mulher que tanto amou.

— Suna...— o mais velho chamou, observando-a aproximar-se um pouco mais.

— Sim pai?— a mulher perguntou, apertando os dedos na saia do vestido.

— Espero que não faça nenhuma tolice. Estamos com os olhos da mídia em nós. Não quero nada nos jornais!— Otávio explicou, desviando seus olhos da filha.

— Sim, pai.— Suna apenas assentiu, passando a caminham em direção ao carro.

— Agora vão.— o velho praguejou, antes de voltar para casa.

— Você está bem?— Mathew perguntou ao abrir a porta traseira do carro para que Suna entrasse.

A mulher ficou em silêncio após alguns minutos depois de entrar no carro.

— Estou.— Suna suspirou, após Mathew ligar o carro.

— Tem certeza?— o guarda costas voltou a falar, passando a sair da mansão.

Os olhos de Suna observaram o carro alheio em frente a casa da família Campana.
Dentro dele, reconheceu o homem que conhecerá a pouco tempo mais lhe trazia um certo conforto.

— Sim.— resmungou, antes de desviar os olhos para suas mãos.

Precisava ter cuidado.
Não queria apanhar mais uma vez.

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