A passos calmos, Suna desceu as escadas.
A luz que entrava pela janela anunciava o inicio da tarde, pintada de laranja e um tanto de vermelho.A mulher havia se empenhado no último mês para tentar esconder as manchas roxas de seu corpo, pois seu vestido não cobria muita pele.
Ao chegar a sala, seus olhos encontraram o rosto sério de seu pai, esperando-a em frente a porta.
— Pai?— a voz de Suna sumiu, observando as sobrancelhas unidas.
Otavio observou a filha com atenção.
Era parecida com a mãe.
Estava linda, mas se parecia com a mãe.
Era gentil, mas se parecia com a mãe.
Tudo em Suna o lembrava da mulher que desgraçou sua vida e o deixou sozinho com duas crianças.— Esse vestido?— a voz de Otávio falhou ao reconhecer o vestido de cor azul bebê de cetim.
Ele quem havia comprado.
— Tia Márcia quem me deu. Ela disse que encontrou nas coisas...— Suna tentou explicar, torcendo as pontas dos dedos, ansiosa.
— Da sua mãe. Era da sua mãe.— o homem desviou os olhos, engolindo em seco.
— Pai eu não...— a mulher tentou dizer, mas foi interrompida com um movimento.
— Esqueça. Vamos, vou falar com Mathew.— Otávio resmungou, passando a caminhar em direção a área externa da casa.
A passos lentos, o guarda costas se aproximou, cumprimentando-o com a cabeça.
— Senhor?— Mathew soou curioso.
— Você vai com ela e vai acompanhar ela.— Otávio explicou, suspirando cansado. — Você me ouviu bem? Ela tem que estar aqui as meia noite em ponto!— o mais velho soou alto, franzindo o cenho.
— Sim senhor.— o guarda costas voltou os olhos para o chão.
— Não a perca de vista Mathew ou eu mato você.— Otávio ameaçou, apontando o dedo na direção do rosto de Mathew.
— Claro, senhor.— o homem suspirou, assentindo com a cabeça.
Cansado, Otávio virou-se para a filha, ainda presa a suas costas.
Os olhos castanhos o observaram com certa angústia.
Os olhos castanhos parecidos com o da mulher que tanto amou.— Suna...— o mais velho chamou, observando-a aproximar-se um pouco mais.
— Sim pai?— a mulher perguntou, apertando os dedos na saia do vestido.
— Espero que não faça nenhuma tolice. Estamos com os olhos da mídia em nós. Não quero nada nos jornais!— Otávio explicou, desviando seus olhos da filha.
— Sim, pai.— Suna apenas assentiu, passando a caminham em direção ao carro.
— Agora vão.— o velho praguejou, antes de voltar para casa.
— Você está bem?— Mathew perguntou ao abrir a porta traseira do carro para que Suna entrasse.
A mulher ficou em silêncio após alguns minutos depois de entrar no carro.
— Estou.— Suna suspirou, após Mathew ligar o carro.
— Tem certeza?— o guarda costas voltou a falar, passando a sair da mansão.
Os olhos de Suna observaram o carro alheio em frente a casa da família Campana.
Dentro dele, reconheceu o homem que conhecerá a pouco tempo mais lhe trazia um certo conforto.— Sim.— resmungou, antes de desviar os olhos para suas mãos.
Precisava ter cuidado.
Não queria apanhar mais uma vez.
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Sol da Meia Noite
Short StoryKaya e Suna A vida de Suna vira de cabeça para baixo quando descobre que foi abandonada no altar pelo homem que lhe deu a esperança de salvar-se de seu pai. Kaya, e seus olhos astutos, decide unir o útil ao desesperado para tirar vantagem sobre o no...