Vinte e dois

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⚠️: Esse capítulo contém mais de uma narração

Larissa
Tarde do dia seguinte.

Me olho no espelho arrumada. Involuntariamente coloco a mão na barriga e m lembro da época que eu fui casa. Casa de alguém. Casa da Céu.

Eu amei descobrir que era uma menina. Amei escolher o nome. Amei meu barrigão nos últimos 3 meses. Odiei as noites em claro pelos enjoos. Odiei as perguntas inconvenientes. Odiei as incertezas.

Odiei viver isso sozinha.

Eu sempre sonhei com uma família comercial de margarina. De filme de princesa da Disney. De namorar, noivar, casar e ter filhos. Eu pulei a ordem das coisas. Engravidei de um cara que eu estava apaixonada e nem namorava.

Passei meses de altos e baixos. Meus pais me ajudaram no que podiam. A maioria das pessoas dera as costas para mim. Mas não foi o fim do mundo.

— Tá pronta vida? — o João entra no quarto e me tira dos pensamentos — tá chorando? — me abraça por trás — a pontinha do nariz tá vermelha.

— Não tava chorando. Só lembrei de algumas coisas — jogo a cabeça no ombro dele.

— Pensando na Céu. Quer falar sobre? — indaga me virando, fazendo com que eu olhe nos olhos dele. Respiro fundo.

— Não, não precisa. Tá tudo bem — uma lágrima escorre e eu a limpo. Abro um sorriso — Acho que tá na hora, né? — o João concorda com a cabeça — Então vamos.

Durante o trajeto a minha mente fica acelerada. Meu coração bate forte. Obviamente o cara do meu lado percebe, e sempre que paramos em algum semáforo ele beija a minha mão ou me faz um carinho.

— Tô nervosa — digo rindo assim que o João estaciona.

— Tudo bem se ela não gostar de mim de cara. Mas eu trouxe isso aqui pra me ajudar — pega uma sacola e me mostra um pacote de tubes da fini.

— Por isso você me perguntou do doce que ela gostava. Vai encher ela de doce.

— Se puxou a mãe, ela vai me amar rapidinho. Dona formiguinha — toca na ponta do meu nariz.

Saímos do carro. Eu abro a porta, pois tenho a cópia da chave. Chamo a minha mãe que aparece rapidamente.

— Oi, mãe — sorrio.

— Oi, filha. Oi João, seja bem-vindo.

— Oi, dona Eduarda — estende a mão e eles se cumprimentam.

— A Céu tá onde? — pergunto observando os cômodos mais perto.

— Lá no fundo. Brincando com os brinquedos.

— Eu vou lá — desvio o para o meu namorado — Vida, cê espera um pouco? — concorda com a cabeça — Vou conversar com ela e aí eu te chamo.

João Gomes

Eu e minha sogra na sala. Por que eu não estou gostando disso?

— João, eu sei que a Monique te criou muito bem. Você entrou na vida da minha filha, mas agora você tá entrando na vida da minha neta. A Céu é só uma criança. Crianças se apegam as pessoas. Se você sair… ela vai sofrer. Então, pense bem se você quer entrar lá e conhece-lá — fala com um tom autoritário.

— João! — escuto a voz da Larissa me chamar e a vejo caminhando pelo corredor — vem? — segura na minha mão. Olho sério para a mãe dela e caminho para o fundo da casa.

Destino - João GomesOnde histórias criam vida. Descubra agora