Treze

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Larissa
Flamengo x Botafogo no Maracanã - (08/05)

Dia de camarote com as Flaesposas. Que também engloba as Flanamoradas, ou seja, estou no grupo também.

Entro no camarote vendo a Tayane, a Tainá e a Marília conversando. Mas antes de caminhar até lá, pego um biscoito globo. Não deu tempo de tomar café da manhã, jogo às 11h e eu acordei 9h.

— Oi garotas! Dia de clássico, hein?!

— Oi La! — me abraça — Amiga, desculpa não ter te respondido. Lembrei agora da mensagem, estava numa correria. Se arrumar e arrumar duas crianças não é fácil — nós duas nos aproximamos muito desde a viagem.

— Tudo bem, Ma. Eu imagino o mini caos.

— Mini? Tá sendo boazinha — solta uma risada.

— Oi Tainá, tudo bem? Trouxe as crianças?

— Tudo. Trouxe só a Helena, Matteo ficou com a avó. Ela veio passar uns dias no Rio e ele não quis desgrudar.

— E você Tay, como você está? Daqui a pouco a barriguinha vai começar a aparecer.

A Thay e o Rodrigo estão esperando mais bebê. Ela ainda não anunciou, pois está nas primeiras semanas de gestação, mas contou para as pessoas que convive no dia a dia.

— Verdade. Tô sentindo aquele sono e enjoo, mas estou bem — passa a mão na barriga.

— Até as 12 semanas é um enjoo e um sono.

— Falando em semanas — solta uma risada — quem sabe falar assim geralmente é mãe.

— Na gravidez do Ben eu não enjoei. Queria que fosse assim de novo, mas cada gravidez é diferente.

— Verdade, a da Lena e do Matteo foram completamente diferentes. Principalmente esse começo.

— Gente, é melhor irmos para os lugares. Daqui a pouco começa o jogo.

— As mães chamem os seus filhos — digo em tom divertido. Porém, meu coração dói, queria estar chamando também.

Guto, Totoi, Bernardo e Helena. Todos vem correndo. Escuto a Marília reclamar com os meninos. Quando o Totoi e a Helena me veem, abraçam as minhas pernas.

— Oi, meus amores, vocês estão bem? — os dois balançam a cabeça em confirmação — estavam com saudade da tia?

— Sim! — a Helena diz.

Dou um jeito de me abaixar para falar com eles.

— Titia Lari, eu... saudade desse tamanho — abre os braços.

— Eu também. Cadê meu abraço? — ele me abraça e a Helena abraça junto — abraço coletivo — eles me soltam e volto a ficar em pé — vamos pra lá que o jogo vai começar.

Antônio sai correndo, já a Helena me dá a mão e caminha comigo até os acentos. Se senta no meu colo. O Guto fala comigo e me beija no rosto.

— Oi titia — o Benício diz.

— Oi lindo! Veio assistir o papai? — balança a cabeça tímido.

O Antônio fica em pé na minha frente, ao meu lado a Tay com o Benício no colo, do lado dela a Marília, e depois o Augusto.

— A La tem uma aura boa. As crianças amam ela, energia materna — A Tata fala e eu solto uma risada.

— Aura boa ou só biscoito globo? Acho que é a segunda opção, olha como eles tão — 3 me pedindo biscoito e a Helena sentada no meu colo — pode? — as mães confirmam com a cabeça. Abro o pacote e entrego um biscoito para cada.

O jogo começa. Apesar de ser clássico, não consigo prestar muita atenção em campo. Minha mente vagueia. Observo as crianças, cantando a plenos pulmões e gritando mengo.

A Helena desce para ficar pulando. Me levanto para ver uma jogada perigosa e o Bê me pede colo. O pego e fico em pé cantando as músicas com ele por um bom tempo.

Lembro especificamente de duas vezes que vim para esse estádio. Eu, meus pais e a pequena. Só não era aqui no camarote. Era no povão, no meio da arquibancada.

O primeiro tempo acaba. Entro no banheiro. Respiro fundo. Não posso esconder para sempre. Mas quais serão as consequências? Serei muito julgada? Entenderão meu lado?

Meus pensamentos são interrompidos quando uma moça entra no banheiro. Saio dali. Bebo um copo d'água e volto para o meu assento.

— Tá tudo bem?

— Hurum, tá sim, Ma.

— Certeza? Tá calada, no seu canto. Se precisar de algo, qualquer coisa mesmo, pode contar comigo — me olha nos olhos. Parece que lá, no fundo, ela sabe de algo.

— Eu... — hesito — eu sei. Obrigada — sorrio cordialmente.

O segundo tempo mal começa e o Flamengo leva um gol. Controlo minha língua para não soltar palavrões na frente dos mais novos. Como de praxe, a torcida começa a cantar o hino após gol do adversário. Canto junto.

O tempo passa, e o time mal consegue jogar. Juiz apita. 1x0 para eles. Perder clássico é horrível. Ganhar dos outros 3 nanicos do estado tem que ser obrigação.

— Um dia a tia Lari vai levar todo mundo para tomar sorvete, tá bom? Combinado? — falo com eles já dentro do camarote.

— Sim! — gritam juntos.

— Então fechou — me levanto — Mais tarde tem festa. Pior que depois desse jogo, fica até um pouco chato.

— É, mas a festa tá programada tem dias. Meu look já está separado.

— A fashionista do grupo. Às vezes eu queria acompanhar moda igual a Ma. Como vocês já devem imaginar, eu não vou à festa. Vir pra cá já me cansou — boceja.

— Descansa e dorme, porque daqui a pouco cê não vai mais.

— Mulher, nem me fale. Depois do sétimo mês da gravidez do Beni, eu não dormi mais.

— Vão ficar mais um pouco? Eu já estou indo para a porta do vestiário.

Elas respondem que sim. Desço. Adentro o vestiário. Falam com o João que eu estou esperando, e ele vem até a mim.

Até esqueço da raiva. Cara de poucos amigos, mas sorri de canto quando para na minha frente. Me dá um selinho. Se despede do grupo e seguimos para o estacionamento.

— Vida, eu estava pensando... — hesita prestando atenção no trânsito — podíamos fazer um almoço para nossas famílias se conhecerem.

— Ah— mordo o lábio um pouco apreensiva — pode ser. Um churrasco talvez.

— Ainda. Eu fico n-nervoso só de pensar, sabe? Mas é melhor conhecer logo.

Conhecer minha família. Ele não vai. Pelo menos não por completo. Nem estou a falar de parente.

A hora certa chegará. Ainda não é essa.


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Oi gente, tudo bem?

Esse jogo foi no Mané Garrincha, mas para encaixar, coloquei como se tivesse sido no Maracanã. Poder modificar os acontecimentos é uma coisa que eu gosto.

Daqui uns dois capítulos o nome dessa fic vai fazer ainda mais sentido.

Por hoje é isso, até o próximo capítulo. Beijos! 💋

Destino - João GomesOnde histórias criam vida. Descubra agora