Larissa
Chá das esposas - (23/07)— Filha, a mamãe vai te levar pra você conhecer as minhas amigas. Conhecer os filhos delas. Você vai se comportar, né? — ela balança a cabeça — cê vai poder brincar lá. Só não pode bagunçar e nem brigar com o coleguinha.
— E a titia Ju? — levanta uma das sobrancelhas.
— A titia Ju vai tá lá. Você gosta dela um tantão?
— Um tantão — faz bico.
— E ela te ama um tantão também. Vamos? — pego na mão dela.
Andamos até o carro do meu pai. Coloco-a na cadeirinha no banco de trás entrego um urso de pelúcia para que ela fique tranquila durante o trajeto.
Dirijo até lá um pouco apreensiva, confesso. Apesar de saber que a Marília contou para as meninas. Estaciono o carro.
Ao pararmos na porta da Marília. Falo com a Céu para ela só entre quando eu falar. Abro a porta. Coloco somente uma parte do corpo para dentro.
— Posso entrar? — indago com um sorriso no rosto.
— Entra mulher! — a Gisellen manda.
— Bora, que eu tô ansiosa — A Islany fala empolgada.
— Posso nem fazer suspense — suspiro — Vem filha!
Ela entra correndo e vai direto para o colo da Juliana. Elas se amam. Muito. Não poderia existir uma amiga melhor.
— Meu Deus, ela é linda. Ela tem quantos anos mesmo?
— Ela tem 4 anos, Bruninha.
— Cê cuida dela sozinha? — a Gisellen indaga franzindo a testa.
— Na verdade, ela mora com os meus pais.
— Ela te 4 anos… então você teve ela com o quê? Dezenove anos? — afirmo balançando a cabeça — nossa. Muito nova — a mulher do Rodrigo fala boquiaberta.
Me aproximo da minha amiga e a escuto falar que irei apresentar as outras tias para a Céu. A minha pequena me dá a mão e eu assim faço.
Ela beija todas as meninas e ainda faz carinho na barriga da Tai, que está grávida. Depois se junta as outras crianças que estão desenhando.
— Saiu um peso das minhas costas, sério — sussurro para a Marília.
— Consigo imaginar — sussurra de volta.
Pego um copo de suco e me sento junto a elas. A fofoca rola solta. Até as perguntas começarem.
— Cê divide a guarda da Céu? — a Tayane indaga mais uma vez.
— Ah… é, não — aperto os lábios — a Céu mora com meus pais, e eu sempre tô por lá.
— E o pai dela?
— O pai dela? O pai dela não existe, Nina. — solto um riso anasalado — Eu ficava com um moleque na época, era apaixonada. Eu acabei engravidando e ele deu no pé.
— Cuzão. — Giselle afirma — Ainda bem que parece que seus pais te deram apoio.
— Meu pai lidou bem. A minha mãe levou um tempo pra ficar de boas com isso — digo fazendo careta.
— E o João… como ele reagiu?
Lembro do momento que ele descobriu. De como errei na situação. Que me despertou um gatilho. Desvio o olhar para baixo e eu vejo minha mão direita repousada na minha perna, e no dedo anelar a nossa aliança, e tudo passa.
— Eu não contei logo, e quando ele soube teve uma chateação comigo. Mas a Céu nunca foi um problema, ele ficou maluco pra conhecê-la. Próximo passo é a Céu e a filhinha dele se encontrarem.
— Filha? — A mulher do Airton pergunta um pouco espantada.
— É. O João tem uma filha do coração. A coisa mais fofa também — a Tata responde.
— A Céu estuda, né? Ela tá interagindo super com os meninos. Parece ser tranquila.
— Estuda. Tem dias e dias, mas, em geral, ela é bem tranquila mesmo.
O assunto continua, até que a Marília pergunta quando será o casamento da Juliana e do Gabriel.
— O Gabriel sonha é com outra coisa — a minha melhor amiga afirma.
— Ser pai! — Lila, Bruninha e Susu respondem juntas.
— Pelo visto vocês sabem bem — a Juliana diz com os olhos arregalados.
— Quién não sabe? Habló en entrevistas.
— Verdade, né Cami? Homem bocudo. Por isso me cobram tanto um baby gol.
— Tem que aumentar a família gol, amiga. Faz logo uma priminha pra Céu — peço a ela piscando os olhos.
— Faz mais um, Lari — usa o feitiço contra a feiticeira. Faço o sinal da cruz rapidamente e ela ri.
Hoje, eu não me imagino grávida mais uma vez. Sofri muito na gravidez da minha filha. Não só emocionalmente.
O corpo muda muito. São meses difíceis. Os três primeiros meses com um enjôo que quase não passa. A barriga começa a crescer e pesar, a coluna a doer e as pernas incharem.
E o pós-parto… tudo uma confusão. Tentar adivinhar o que um neném quer quando ele chora é desesperador. Ter que ficar acordada enquanto morre de sono é difícil.
Talvez tenha sido tão ruim por não ter ninguém que me acolhesse. Meus pais acolheram a Céu. O “tá tudo bem” era para ela e não para mim.
Não quero parecer ingrata. Foi difícil com eles, sem eles acho que não aguentaria.
— Mamãe! — me tira dos pensamentos.
— Oi, meu amor — coloco ela no meu colo — que foi?
— Quero! — aponta para os doces.
— Filha, não po…
— Vou pegar pra ela — a Lila levanta. Pega dois docinhos e entrega — pode comer. Mas, o — faz sinal de silêncio e a minha pequena concorda com a cabeça.
— Como fala? — indago.
— Bigado, titia — a mulher ao meu lado abre um sorriso ao ouvi.
A Céu come o brigadeiro como se fosse a coisa mais gostosa do mundo, e eu não discordo. É, talvez o João esteja certo, formiguinha igual à mãe.
— Dona formiguinha, quer mais alguma coisa? — ela puxa meu braço — quer eu vá lá? Licença.
Ela me leva para mesa onde as outras crianças estão pintando. Me pede para desenhar com ela.
— Oi, titia Lari.
— Oi Guto! Cadê meu abraço? — ele me abraça e o Totoi me abraça também. A minha pequena tenta tirar os dois de perto — eles são amigos da mamãe também. Vocês três podem me abraçar! Abraço coletivo?
Ela me abraça e os meninos abraçam junto. E as outras crianças vêm também. Resumindo um grande sanduíche, e eu sou o pão que ficou embaixo. A minha sorte é que deitei nas almofadas que colocaram para as crianças sentarem.
— Amo vocês, sabia? — digo rindo quando eles saem de cima de mim.
A vida é boa.
Não foi o fim do mundo ter uma filha cedo.
Eu amo como tudo está mudando por aqui.—————————————————————————
Oi gente, tudo bem?
Veio aí as Flaesposas conhecendo a Céu. Deve ter saído um peso e tanto dos ombros da Larissa.
Tudo da mudando pra Larissa, e pra melhor.
Enfrentando traumas, e vivendo o que tem que viver com a pequena.Por hoje é isso. Até o próximo capítulo, beijos! 💋
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Destino - João Gomes
Hayran KurguDestino é o substantivo masculino que indica um fim ou resultado de uma determinada ação. Em muitos casos descreve um evento que está predestinado, uma sucessão de acontecimentos inevitáveis. Quando o Destino traça, não tem como fugir. O empurrão do...