CAPÍTULO 2 - CALLUM

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Callum aproveitou como conseguiu toda aquela noite. Não estava sendo um bom dia para ele — seu ânimo estava lá embaixo. Mas ele sabia que era uma noite importante para os meninos e ele não deixaria seu desânimo acabar com ela. Ele iria se esforçar um pouco mais — afinal, a parte mais difícil da noite ele já fez: subir no palco e tocar.

Antes de buscar as bebidas, ele precisava sentir um pouco de ar. O local estava abarrotado de calor humano, e ele se sentia sufocado, especialmente com tantas pessoas ao seu redor.

Assim que encontrou seu caminho para o lado de fora, uma brisa fria beijou sua pele, trazendo alívio. Seu corpo implorava por um cigarro. Ele sabia que o cigarro o acalmaria mais ainda e o deixaria em êxtase, conseguindo melhorar seu humor para esta noite. Então retirou do bolso da calça o maço, percebendo que só tinha um cigarro. Bem, este aqui vai ter que dar conta da noite inteira, pensou. Tateou o outro bolso da calça em busca do isqueiro, mas não o encontrava em lugar nenhum. Respirou fundo e guardou o cigarro novamente no bolso.

Ainda era possível ouvir a música do lado de fora, misturada ao burburinho das pessoas dentro. Algumas garotas do lado de fora não paravam de cochichar e lançavam olhares para ele, mas ele simplesmente não se importava, não queria saber de nenhuma delas.

Puxou o ar profundamente e começou a andar em direção ao parque que tinha ali perto. A entrada, com grades baixas e pontiagudas, revelava a placa dizendo "Prospect Terrace", dando início a incrível área verde.

Callum caminhou um pouco até chegar no banco de sempre — seu refúgio favorito naquela cidade. Ficou olhando para o horizonte iluminado pelas luzes da cidade por um tempo. A serenidade do local contrastava com a agitação que ele deixara para trás.

— Achei que te encontraria aqui — disse uma voz rouca e baixa. Callum a reconheceu imediatamente.

— Shay — respondeu sem entusiasmo. — Como sabia que eu estava aqui?

— Quando que você não está aqui? — perguntou ironicamente. — Você havia sumido, então imaginei que estaria aqui. — Sentou ao seu lado, esfregando as mãos devido ao frio.

— Desculpe, mas eu não consigo ficar lá dentro agora. — Ela pegou a mão de Callum, e ele sentiu o gelo percorrer sua espinha. Era a maneira dela de reconfortá-lo. — Obrigado.

Ela deitou a cabeça em seu ombro, e eles ficaram ali por um tempo, sem dizer uma palavra.

Callum começou a ficar inquieto.

— Ei... — Shay o olhou — você por acaso tem um isqueiro?

Shay retirou do bolso de seu casaco o objeto metálico e o entregou a Callum. Ele imediatamente colocou seu único cigarro na boca e o acendeu; ficou aliviado quando sentiu a fumaça encher seus pulmões e o cheiro mentolado passar por suas narinas, preenchendo o ar a sua volta. A ansiedade foi embora no mesmo instante.

— Você tem que aprender a melhorar sem essa droga aí. — Shay apontou com a sobrancelha.

— Como se você não usasse, coisa linda — retrucou Callum.

— Mas eu continuo afirmando que é uma droga. — Piscou o olho, conseguindo arrancar uma risada dele.

Os dois se mantiveram ali em silêncio por um bom tempo. Callum não conseguia tirar da cabeça os acontecimentos daquela noite. O desespero que ele sentiu quando viu toda aquela multidão. Por um lado era bom, mas pelo outro só despertou sua ansiedade. Lembrava daquela noite sem parar. Só percebeu que estava machucando a palma da mão com as unhas quando sentiu o calor da mão de Shay sobre a sua. Era reconfortante. Era o que ele precisava.

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