CAPÍTULO 14 - CALLUM

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Callum até que estava curtindo a noite. Ele não esperava se divertir nesse tipo de festa, principalmente ao ar livre. Ele estava gostando de dançar com Tracy e Shay, as duas juntas eram imbatíveis e muita carga para aguentar, mas ele não estava se importando. Suas duas amigas estavam se divertindo, e ele também — era só o que importava. Ou pelo menos era o que ele esperava que fosse.

Sua mente não saía de todas as memórias que ele relembrou recentemente. Nem dos novos acontecimentos. Ele estava feliz com tudo, mas temia que em algum momento ele poderia estragar as coisas.

— Garotas, eu vou dar uma volta — avisou Callum a elas, que parece que nem ouviram de tão focadas que estavam uma na outra.

Ao dar uma volta para se afastar do burburinho, Callum encontrou um banco de pedra com o brasão da universidade Brown, um refúgio tranquilo onde ele poderia refletir. Seus lábios agora tocavam um cigarro, e a fumaça se dispersava na noite enquanto ele absorvia cada tragada, uma tentativa de encontrar um equilíbrio entre a euforia da festa e os pensamentos que o assombravam.

A brisa fria acariciava seu rosto, e o frio que percorria seu corpo parecia ser um lembrete tangível de sua existência. Callum se permitiu apreciar a sensação, uma pausa na agitação da festa. A lua, majestosa no céu, lançava sua luz sobre ele, projetando sua sombra no chão. A dança da fumaça do cigarro em torno de seu rosto formava uma aura etérea na noite.

— Isso um dia ainda vai te matar. — Uma voz calma e doce surgiu em meio aos seus pensamentos.

Callum virou-se imediatamente, surpreendido ao perceber que a voz pertencia a Yuri. Seus longos cabelos pretos dançavam ao sabor do vento noturno, e ela exibia um pequeno sorriso, acentuando os olhos que, mesmo menores do que o habitual, tinham um brilho peculiar. O músico ficou atônito, pois nunca havia trocado uma palavra sequer com ela.

— É o objetivo — respondeu ele, sorrindo de volta e apagando o cigarro na mesma hora.

Yuri ergueu uma sobrancelha, curiosa.

— Por que está escondido aqui?

— Precisava clarear alguns pensamentos. Eu não sou muito fã de tanta gente junta assim. — Ele apontou na direção da fogueira, onde pelo menos vinte pessoas estavam reunidas, próximas demais para serem apenas amigas.

— Como você vai lidar com a fama se tem demofobia? — provocou Yuri.

— Tenho o quê? — Callum franziu a testa, provocando uma risada na garota.

— Medo de multidões, de muitas pessoas juntas.

— Eu não tenho medo. Eu só... — Ele respirou fundo antes de continuar. — Eu só não gosto. Prefiro ficar sozinho. Já escrevi músicas maravilhosas por causa disso.

— Se você diz... — Yuri sorriu de maneira enigmática.

Ela se aproximou um pouco mais, ficando ao lado de Callum no banco de pedra.

— E sobre o cigarro, você devia pensar em cuidar melhor de si mesmo. Músicos talentosos são preciosos demais para serem perdidos por hábitos autodestrutivos.

Callum a encarou por um momento, surpreso com a franqueza dela.

— Eu nunca esperava um sermão durante uma festa.

Yuri riu suavemente.

— Às vezes, as melhores conversas acontecem nos lugares mais inesperados. E quem disse que uma festa não pode ter um toque de filosofia?

— Talvez eu precise de mais dessas conversas na minha vida. — Callum sorriu. Seu pensamento foi diretamente para Luna.

Ele lembrou das conversas que teve com ela, e em como ele se sentiu bem e confortável.

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