Capítulo 13 - Hoje ela já chorou

24 6 9
                                    

Nash passou a noite com os olhos presos no balaustre do teto, uma pequena fresta na janela permitia a entrada de uma linha de luz que riscava as paredes conforme os carros dobravam a esquina. Sua mente confusa empurrava os pensamentos contra as paredes, na tentativa de encontrar uma rachadura onde houvesse uma resposta, do que aconteceu naquele banheiro. Muitas perguntas se levantam do chão como corpos se arrastando para fora de suas tumbas frias. Ela sente como se sua vida fosse tomada de si, como se sua mente a empurrasse de um penhasco sob corpos frescos, e para retomar a consciência ela precisa se arrastar sob os cadáveres e escalar as paredes lamacentas. E cada vez que ela cai, alguém morre. Alguém certamente morreu naquele banheiro, a quantidade de sangue gritava isso, mas onde estaria o corpo? Simplesmente levantou e saiu andando? Aubrey entregou para o Diretor? 

O dia amanheceu e Nash demorou para sair da cama, tomou um banho demorado, desceu as escadas lentamente como se lutasse com suas pernas que queriam voltar para cama. 

-Bom dia filha, não vai trabalhar? 

-Acabou. 

-Como assim? 

-Raven apareceu ontem e acho que matou alguém. 

-O que? - Bob perguntou confuso - mas ela não aparecia a anos, o que aconteceu? 

-Um dos homens que fui acusada de matar esta vivo. 

-O que? - Bob perguntou ainda mais assustado -Matou ele? 

-Não, acho que foi alguém da delegacia.

Bob ajeitou o corpo na cadeira e suspirou. 

-Se acha é porque não tem certeza. 

-Não vi o corpo, só o sangue. 

-Então pode ser que não esteja morto, pode estar no hospital. 

-Faz diferença pai? Vivo ou morto, foi vítima de um crime e eu vou ser culpada de novo. 

-Se fosse algo tão ruim assim, a Cowell tinha te entregado pra o Diretor ontem mesmo. 

Isso é verdade, por qual motivo Aubrey não a entregou? Estaria tentando encobrir o crime? Se é que teve um crime. 

Assim que chegou na delegacia, Nash avistou a moto da superintende estacionada próximo da porta, automaticamente sentiu sua espinha gelar, como se estivesse caminhando para o exílio. Subiu pelas escadas pois demorava mais, atravessou o corredor e entrou na sala que estava em silêncio. Cumprimentou Aubrey com um sutil aceno com a cabeça, sentou-se e suspirou. Aubrey saltou da cadeira e se aproximou lentamente. 

-Nash, podemos conversar? 

Alex levantou o rosto e cruzou olhares com a chefe que estava com uma expressão neutra. 

-Claro. 

Nash se levantou, apanhou sua bolsa, lançou nos ombros e foi surpreendida com um toque sutil no braço. 

-Deixe seus pertences - Disse Aubrey. 

Alex obedeceu, lançou a bolsa sob a cadeira, caminhou pelo corredor atrás da superintende até o elevador e esperou com os olhos presos no chão. Assim que a porta se abriu, ambas adentraram em silêncio. Aubrey precionou o botão do nono andar e Nash suspirou frustrada, sentiu que de fato seria demitida, retornaria para o hospital e todas as coisas ruins que imaginou a noite toda. Assim que a porta abriu ambas caminharam em direção a sala do diretor. De repente Aubrey virou o corpo em direção a uma porta de vidro, apanhou a fechadura, empurrou a porta e saiu para o terraço deixando Nash confusa. Alex a seguiu, saltou um degrau e caminhou por entre um jardim até a superintende que de braços cruzados observa o horizonte. 

WELCOME TO MY DARKSIDE (Mistério/Suspense/Lésbico) Onde histórias criam vida. Descubra agora