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Três dias se passaram e eu continuava presa naquela cela. Ninguém me informou nada sobre o estado de saúde de Mang. Estou com o coração partido, Mang é só um cachorro, não deveria estar passando por essa situação. Já chorei tanto, pedir para ele ficar bem, porque eu sei, se algo acontecer com ele,eu vou pagar com minha vida.

Comecei a tossir de novo, isso vem acontecendo com frequência. Desde o dia que eu caí na água, não troquei de roupa, tive que dormir com a roupa molhada e sem cobertor e o frio aqui é intenso. Por isso, estou tossindo muito. Devo ter pego um resfriado.

Não faço ideia que horas são, mas deve ser de dia, dá para ver a claridade pelos buracos dessa cela. Olhei para o corredor e minha barriga roncou de fome. A última vez que comi foi ontem. Estou com sede também. É tanto sofrimento que não consigo ter esperança se vou sair daqui vivo.

Ouvir um barulho e me acomodei melhor, comecei a tossir e logo um dos soldados da Fera, apareceu. Não lembro muito bem o nome dele. Mas ele é sempre muito elegante.

— Olá? — Ele disse e eu me levantei para me aproximar dele.

— Oi, tem notícias de Mang? — Senti um arrepio percorrer meu corpo e a tosse continuou.

— Mang está bem. Não foi nada grave! — Senti um alívio ao ouvir aquelas palavras. Eu o olhei.

— Como é seu nome mesmo? — Ele me encarou.

— Chimmy,pode me chamar de Chimmy. — Ele deu um sorriso sinistro.

— Estou com fome e sede, pode fazer algo por mim! — Tossi de novo e ele pegou meu braço.

— Você está com febre! — Ele largou meu braço e tocou minha testa. — Oh céus, você precisa sair daqui.

— Isso é impossível. A fera jamais me deixaria sair daqui, depois do que aconteceu! — Tossir novamente e aquele arrepio no meu corpo voltou.

— Eu vou já! — Ele se foi e eu voltei para o meu lugar.

A tosse aumentou e eu comecei a me deitar. Desde pequeno eu sempre tive imunidade baixa, estou sempre adoecendo. E ficar nesse lugar por quase duas semanas não está ajudando muito. Fechei os olhos, sentindo dores pelo meu corpo, fraqueza e bastante calafrios. Ouvir novamente barulho e também conversas. Me virei ao ver que Koya estava abrindo a cela.

— Vem comigo! — Chimmy me ajudou a levantar.

— Para onde vocês estão me levando?

— Para um quarto!

Saímos da cela e daquele lugar, dessa vez fomos por outro caminho diferente, logo chegamos num corredor e abriram a porta de um quarto. Entramos e um outro rapaz estava lá dentro.

— Ele precisa de um banho e se alimentar. Chimmy da um jeito de conseguir comida para ele. Sem que ninguém saiba. Se Bogum sabe o que fizemos e conta para a Fera, estamos todos mortos.  — Chimmy saiu e o rapaz alto me levou para o banheiro.

— Eu sou RJ. Tome um banho, eu vou trazer algumas roupas para você!

— Obrigado! — Eu consegui dizer e ele saiu fechando a porta. Logo escutei ele falando baixinho.

— Será melhor informar a fera o que está acontecendo, eu não quero confusão para o meu lado. — Koya falou.

— Se acalma, eu vou falar com ele. Vocês são tudo um bando de frouxo.

— Eu não sou frouxo! — Koya rebateu

— Não? Eu te conheço, Koya!

Eles ficaram conversando e eu resolvi tomar banho, quando a água tocou minha pele, parecia que estava dando choque. O frio ficou mais intenso e eu acelerei o banho. Terminei e me enrolei numa toalha. Quando eu abri a porta, estava só RJ com roupas nas mãos.

Entregue a Fera Onde histórias criam vida. Descubra agora